Crítica | A Morte do Demônio: A Ascensão (Evil Dead Rise)

Nota
4

“Eu só conseguia pensar no quanto eu queria abrir todos vocês, e subir por dentro de seus corpos para continuarmos sendo uma familia feliz.”

Após uma longa viagem, Beth resolve visitar sua irmã mais velha, Ellie, que se separou recentemente e luta para criar seus três filhos, DannyBridget Kassie, em um pequeno apartamento de Los Angeles que está prestes a ser demolido. Mas o clima de reencontro muda quando, após um terremoto, Danny encontra um buraco no estacionamento do prédio que o leva até um cofre onde está guardado o Naturom Demonto, um livro profano descoberto por um padre em 1923 e que o colocou dentro de um pesadelo demôniaco, acaba o abrindo e colocando para tocar as gravações deixadas pelo Padre, que gravou sua leitura do livro e inicia um tenebroso ritual de invocação de um demônio devorador de almas. Vindo diretamente de sua prisão nas entranhas do prédio, o demônio acaba possuindo o corpo de Ellie e inicia uma verdadeira ‘noite alucinante’ de medo, determinação e terror.

Dez anos se passaram desde o lançamento do primeiro remake da franquia Evil Dead, e se o maior erro de Fede Álvarez foi se apoiar demais no clássico de Sam Raimi a ponto de não criar uma identidade própria, o filme lançado pela Warner em 2023, e dirigido por Lee Cronin, acerta em cheio ao conseguir criar uma identidade completamente sua para o longa e desenvolver sua própria mitologia, mas esquece que estamos tratando de um Evil Dead e não de um terror solto, deixando a trama muito independente a ponto de chocar e ignorar várias premissas presentes nos filmes anteriores. O livro de Cronin pode lembrar o Necrominicon, mas fica claro em vários momentos que é um livro completamente diferente, apesar de deixar uma brecha para ser reconhecido como um dos livros irmãos idealizados por Raimi e tirados dos roteiros finais de seus filmes.

Lily Sullivan nos apresenta uma Beth em processo de reinvenção, ela acaba de descobrir que está grávida e decide se juntar à irmã para enxergar o que é ser mãe, se sentindo responsavel por não estar disponivel para apoiar Ellie em seu momento mais dificil. Beth passa por uma rápida transformação após a possessão da sua irmã, tomando completamente o leme do roteiro e se tornando uma heroina essencial para proteger os sobrinhos dos ataques da mãe demoniaca. Já Alyssa Sutherland pode não ser tão expansiva no primeiro ato do longa, Ellie é uma mãe cheia de problemas, e dá pra enxergar o quanto sua luz é sugada pelo turbilhão de desafios que a circunda, algo que só contribui para sua transformação pós possessão, oscilando entre uma mãe sádicamente assustadora e uma mulher desacreditada desejando não machucar seus filhos. Morgan Davies (Danny), Gabrielle Echols (Bridget) e Nell Fisher (Kassie) são os elementos chave para transformar completamente o longa, inovando ao não poupar as crianças da carnificina e dar um destaque tão latente aos personagens que nos coloca torcendo para que os filhos consigam sobreviver aos ataques da mãe.

Apostando em um horror mais extremo, A Morte do Demônio: A Ascensão opta pelo uso de reviravoltas chocantes para se consagrar como um dos melhores filmes de terror de 2023, mas infelizmente não é um filme funcione bem dentro da franquia que se propõe a fazer parte. O longa é controverso, assim como os outros filmes de Evil Dead, mas é incomparavel ao carinho que existe nos fãs da franquia, que vão ao cinema esperando uma conexão clara com os outros quatro filmes e vão ter dificuldade em encontrar. Considerando de forma isolada, o filme é interessante, sangrento e obscuro, como todo bom filme de terror deve ser, e ainda consegue seguir um enredo criativo, com uma cenografia precisa e um elenco polido, sua trilha nos captura no decorrer dos eventos e todo o trabalho grafico eleva o nivel de uma forma inesperada, não há como negar que as pequenas referências à franquia e a participação de Bruce Campbell pode dar uma aquecida no coração dos mais atenciosos, mas sabemos que para conter referencias o filme nem precisa ser parte da franquia (como vimos em Multiverso da Loucura e O Segredo da Cabana).

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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