Crítica | A Múmia (The Mummy) [1999]

Nota
4

“Se a vítima do Hom Dai algum dia ressuscitar, trará consigo as dez pragas do Egito.”

No Egito, em 1290 AC, o sumo sacerdote Imhotep acaba se envolvendo com Anck-su-Namun, a amante do Faraó Seti I. Buscando viver seu amor, o sacerdote assassina o monarca e, enquanto foge dos guardas de Seti, vê sua amada se suicidar. Imhotep leva o cadáver de sua amada a Hamunaptra, a Cidade dos Mortos, para realizar uma cerimônia de ressurreição, sendo atrapalhado pelos guardas de Seti, que o condenam à agonia imortal da maldição Hom Dai, onde ele é enterrado vivo com escaravelhos comedores de carne, o que faz com que toda a humanidade possa estar condenada caso ele acabe sendo ressuscitado no futuro. Em 1920, a cidade de Hamunaptra é encontrada, sendo protegida pelos Medjai, uma tribo de guerreiros encarregados de impedir a ressureição de Imhotep, numa expedição que acaba apenas com Rick O’Connell como sobrevivente, o mesmo Rick que, alguns anos mais tarde, é convocado por Evelyn Carnahan, uma inteligente egiptóloga, e Jonathan Carnahan, o irmão interesseiro da moça, para levar a mulher até a tal cidade, em busca de encontrar os diversos tesouros arqueológicos que possam estar ali escondidos.

Escrito e dirigido por Stephen Sommers, e baseado no roteiro escrito em 1932 por John L. Balderston (que por sua vez foi baseado nos escritos de de Nina Wilcox Putnam e Richard Schayer), A Múmia é o segundo remake do filme clássico da Universal Studios que gira em volta da ressureição de um poderoso sumo sacerdote egípcio. Seguindo os passos do original, temos toda a motivação do monstro baseada na busca pela sua amada, que está reencarnada na cientista que o despertou acidentalmente, levantando uma intensa questão moral sobre o quão longe é aceitável ir por uma descoberta cientifica e até onde é necessário acreditar nas crenças antigas, brincando com a possibilidade do despertar de um mal antigo capaz de tudo para recuperar sua amada, sendo o portador das novas pragas do Egito. Alternando entre o horror e a aventura, o longa é a segunda tentativa da Universal de refazer seu longa clássico, que originalmente deveria ter sido feito por Clive Barker (famoso por ser o criador das franquias Hellraiser e Candyman), se desenrolar dentro de um museu de arte contemporânea, e ser focado em um grupo cultista que habitava o museu tentando reanimar múmias.

Protagonizado por Brendan Fraser (Rick), Rachel Weisz (Evelyn) e John Hannah (Jonathan), o longa começa praticamente como uma aventura pela história, nos levando às entranhas do Egito enquanto dois grupos de arqueólogos disputam uma corrida intelectual, tentando chegar primeiro à cidade lendária dos mortos, ou fazer o máximo de descobertas primeiro. Mas tudo se transforma quando Arnold Vosloo faz sua primeira aparição, interpretando a tenebrosa múmia de Imhotep, tão bem feita digitalmente que nos assusta desde sua ressureição, passando por uma bem bolada transformação gradativa e exibindo seus poderes de uma forma apoteótica, deixando claro o quanto a sucessão de eventos que o homem viveu foi capaz de transforma-lo num mal tão gigantesco. Fica clara na mitologia do longa o quanto os condenados à maldição Hom Dai recebem uma obscuridade absoluta, algo que é potencializado pelos poderes que Imhotep já possuía antes de ser morto, se tornando um vilão praticamente imbatível, o que eleva o nível do longa a um patamar quase estratosférico.

Na busca por conseguir uma versão da Múmia que fosse incomparável a qualquer outra feita anteriormente, Sommers investiu pesado em efeitos especiais, feitos pela Industrial Light & Magic, iniciando os estudos dos efeitos três meses antes das filmagens, usando captura de movimento para criar sua (excepcionalmente bem feita) Múmia, e contratando uma equipe de fotografia especialmente para analisar Arnold Vosloo, para que o antagonista computadorizado pudesse replicar fielmente a forma como o ator se movia e o longa, consequentemente, pudesse ter uma transição macia das cenas de computação gráfica para as cenas com o ator, que começou a surgir combinando as próteses de maquiagem com as peças digitais no rosto, um efeito tão bem trabalhado que garantiu uma indicação ao Bafta de Melhores Efeitos Visuais, o mesmo primor que pode ser encontrado na trilha sonora composta e conduzida por Jerry Goldsmith, com orquestrações fornecidas por Alexander Courage, que deu à produção uma indicação ao Oscar de Melhor Som.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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