Crítica | A Pequena Sereia (The Little Mermaid) [2018]

Nota
2

“Certa vez, há muito tempo, no profundo mar azul,
havia um reino, um rei, uma rainha e seis irmãs,
as princesas do mar.”

Você já parou pra pensar como a história da Pequena Sereia poderia ter sido se não tivesse se popularizado pelas mãos da Disney? E se no 15º aniversário da pequena sereia ela conhecesse um príncipe, que quase morreu, que foi salvo por ela, que devido a uma confusão fez o príncipe se apaixonar por uma estranha qualquer? Se ela apelasse para um mago, trocar a alma dela pela capacidade de ter pernas, uma troca que só seria desfeita quando a sereia encontrasse seu grande amor? E se essa história fosse real? Essa é a história que a velha avó veio contar a suas netas, a história da jovem Elle, que acreditava na magia e vivia com seu tio, Cam Harrison.

Elle acreditava ser uma sereia e vivia assolada por um problema pulmonar, Cam é um jornalista investigativo e uma nova história cai em seu colo, o que fez ele e Elle irem ao Mississipi, um lugar onde se espalhava a fama do Dr Locke, o dono de um circo que vende um elixir milagroso: o Elixir Milagroso das Sereias do Doutor Locke. Cabe a Cam descobrir se esse elixir realmente funciona, ao mesmo tempo que esse parece ser uma chance para curar a sua sobrinha, mas as vidas deles saem dos trilhos no momento que eles conhecem Elizabeth, uma deslumbrante mulher cheia de mistérios, que encanta Elle instantaneamente e que faz um sentimento único despertar no peito de Cam, uma sereia de verdade, que possui algum segredo perturbador que a persegue, a mulher que percebe que Elle é muito mais do que uma garota comum e que o encontro das duas estava predestinado a acontecer, colocando em risco as vidas da sereia, da garota e do jornalista.

A forma como Blake Harris resolve contar a clássica história de Hans Christian Andersen é estranhamente singular, ao mesmo tempo que sofre de fortes influencias da Disney, o longa tenta se tornar independente, mas a questão é que essa independência parece não se tornar tão gratificante no roteiro quanto deveria ser. O roteirista e diretor do longa constrói uma trama que bebe muito da premissa da Disney, transformando Vanessa numa mera mortal que fisgou o príncipe da pequena sereia, ao mesmo tempo que faz da clássica Úrsula um homem, um amago que parece estranhamente baseado em Dr Facilier e que, por incrível que pareça, não se encaixa em nada com a premissa do roteiro, faltando justificativas para Elizabeth encontrar Locke no fundo do mar. A presença da Cartomante e do Homem-Besta é essencial para o funcionamento do roteiro mas, assim como a como a doença inconveniente de Elle, eles não se encaixam na trama, parecendo mais rebarbas enchendo a trama do que realmente características que a enriquecem.

Toda a lenda do Coração de Sereia fica extremamente flutuante no filme, sendo jogado de um lado a outro mas sem explicar o que realmente isso significa ou por que essa característica torna Elle tão especial. As atuações são outra fraqueza do longa, temos personagens bem construídos aparecendo por toda a trama, com muitas motivações validas que não são explicadas e sendo vividos por atores que parecem não acreditar no que estão representando, parecem apáticos ao fato de estarem encenando um conto tão popular e sendo excessivamente apressado em construir um romance tão forçado entre Cam e a sereia. As soluções que o roteirista lança se tornam tão convenientes que não se encaixam confortavelmente no longa, os poderes de Locke são desproporcionais, sendo ele fraco o suficiente em vários momentos do filme, para ajudar o roteiro a andar, e logo depois mostrando força que faz o roteiro assumir tons épicos.

Loreto Peralta, que deveria guiar a trama, é quem mais tira ela dos trilhos, com a pior atuação do longa, a jovem Elle parece desnecessária em certos momentos, deixando claro que certas alterações no roteiro seriam suficientes para tornar a produção mais redondinha, mais romântica e menos entediante, Elle é uma peça central para o desenrolar da história, mas não deveria ser. Os efeitos do longa são outro desastre, que é melhor não comentar. Mas se deve dar os parabéns a William MoseleyPoppy Drayton, que mesmo não dando um espetáculo de atuação, conseguem trazer ao longa cenas que fazem o longa ser suportável, mas que poderia ter sido bem melhor. Quem mais decepciona, infelizmente, é Shirley MacLaine, com o pior papel da trama que com certeza deve estar na lista dos piores papeis da sua carreira.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *