Crítica | A Princesa e o Robô

Nota
3.5

“Nos confins do universo, foram descobertas recentemente misteriosas estrelas pulsantes,
batizadas pelos astrônomos de ‘Pulsar’, elas não brilham como outras estrelas,
elas pulsam como um grande coração de luz, batendo sem parar.”

Em algum lugar desconhecido do universo, uma pequena estrela Pulsar, em forma de coração, acaba soltando um feixe de sua luz em um planeta chamado Cenourando, onde ele acaba atingindo um pequeno coelho robô do exército do planeta, que passa a ter sentimentos. Algum tempo depois, na Terra, um objeto do céu cai no Bairro do Limoeiro, onde a turminha, formada por MônicaCebolinhaCascãoMagali, acabam encontrando uma pequena caixa de presentes com o tal robô dentro, que eles batizam de Robôzinho, e que lhes conta que, após ser atingido pelo raio, acabou se apaixonando pela Princesa Mimi, a filha do Rei de Cenourando, o que motiva a turminha a ajudar o jovem robozinho a poder viver seu grande amor.

Baseado numa ideia de Mauricio de SousaReinaldo Waisman, foi lançado em 16 de janeiro de 1984 o longa infantil que mistura aventura e space opera, sendo vagamente inspirado em Star Wars, de George Lucas. O longa é a segunda produção em longa-metragem da Turma da Mônica, tendo sido criado após o sucesso de bilheteria do longa anterior, As Aventuras da Turma da Mônica, que foi formatado como se fossem quatro episódios de uma série animada. Sendo uma sequencia indireta de O Império Empacota, uma das histórias de As Aventuras da Turma da Mônica, o longa traz de volta os pequenos coelhos robôs militares e o grande vilão, Lorde Coelhão, para um romance muito mais doce e completamente original, não tendo nem mesmo uma edição de quadrinhos em que se basear.

A trama gira em torno na busca de Robôzinho por conseguir a mão da Princesa Mimi em casamento, o que o faz precisar vencer uma grande disputa contra Lorde Coelhão e outro pretendentes sob o nome de Coelho Negro, mas o vilão espacial não seria capaz de permitir que o herdeiro direto do Rei de Cenourando não possa ser ele, instigando o Rei a criar um desafio para o Coelho Negro: conseguir ter um coração em três dias. A busca pelo coração de Robôzinho é o que o faz precisar da ajuda da turminha, que rapidamente inicia uma enorme viajem pelo espaço, enfrentando as diversas dificuldades criadas pelo Lorde Coelhão, para possibilitar um casamento entre ele e a coelhinha Mimi.

Apesar de ser uma animação bastante datada, ela claramente pode ser considerada como um marco histórico e cultural para uma geração, trazendo aquela pegada tranquila de antigamente que tanto nos divertia em nossa infância, apesar de ter um roteiro que pareça ter sido forçosamente esticado para render seus 90 minutos. É curioso como, no primeiro longa totalmente animado de Maurício de Sousa, o autor resolveu deixar sua turminha carro-chefe em segundo plano e nos presentear com um elenco quase que completamente original, e acertou em cheio nas suas escolhas. O roteiro de  Itsuo Nakashima e José Márcio Nicolosi é preciso, construindo uma trama envolvente que  equilibra aventura e comédia de uma forma agradável, brincando até de forma crítica com a forma como se cria um duelo antiquado para decidir quem irá se casar com a princesinha, algo que fica ainda mais fluente com a trilha sonora cativante (quase que completamente instrumental mas que ainda consegue grudar em nossas cabeças).

A Princesa e o Robô pode não ser um dos melhores filmes da ‘franquia’ Turma da Mônica, mas nos envolve com seus altos e baixos de uma forma tocante, nos deixando tristes com o dilema de Robôzinho. O longa é a maior prova da consciência de Mauricio em sua obra, visto que o autor foi capaz de enxergar que, mesmo estando no auge de sua fama, não era necessário criar um filme completamente focado na Turma da Mônica para chamar atenção, que a simples presença de seus personagens é suficiente para chamar o público e simples escolha de deixa-los em segundo plano é suficiente para abrir espaço para uma história muito mais épica do que podíamos imaginar.

“Diz a lenda que às vezes um raio de luz desgarrado de uma distante estrela Pulsar pode atingir alguém, e esse alguém nunca mais será o mesmo.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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