Crítica | Acompanhante Perfeita (Companion)

Nota
4

Essa não é aquela história de amor convencional.Iris, a, até então, namorada de Josh, vai passar um final de semana numa casa de campo luxuosa e tranquila com KatEliPatrick, os amigos do namorado, entretanto, logo no prólogo do filme, temos uma cena narrata pela moça anunciando uma tragédia. Somos guiados pela perspectiva de Iris, que deixa claro que sua vida só teve dois grandes momentos de felicidade: o dia que conheceu Josh e o dia que o matou. Uma mistura de thriller, terror e umas boas pitadas de comédia.

Logo de inicio conhecemos a rotina de um casal perfeito, mesmo que o decorrer do filme vá nos revelando que ela não é tão perfeita assim, onde Iris quer o tempo todo agradar Josh, fazer com que ele seja feliz, levando a produção por uma montagem bastante sugestiva, nos dando dicas de que há algo errado com a Iris, até que a grande virada da trama revela que ela é uma robô acompanhante, uma reviravolta desencadeada por uma situação trágica.

O interessante é que, diferente de M3gan, sua similar de outro universo, mesmo ambas tendo o seu carisma próprio, o filme nos faz ser empático e nos posiciona a torcer pela máquina e detestar todos os humanos do filme, com vários plots e cenas sobre a natureza masculina, relacionamentos e jogos mentais dos personagens. Muito conhecido por seu papel em The Boys, Jack Quaid faz de Josh um personagem similar às suas outras obras, com um começo inocente e que vai desviando moralmente em paralelo com a exposição de suas mascaras sociais, já a Iris de Sophie Tatcher traz a estetica coquette para a moda atual, mantendo a essência com uma pegada mais atual, com ar doce e inocente, mas ainda assim consegue expressar o vazio completo de uma máquina quando precisa, assim como o de uma mulher bastante decidida nos momentos de ápice da trama. A forma como Tatcher realmente consegue imprimir todas essas nuances em sua personagem encanta o expectador.

Megan Suri, que vive Kat, imprime a impressão perfeita daquela americana que desperta nossa antipatia a primeira vista: uma patricinha, com comportamento suspeito e invasivo, e que logo vai revelando suas verdadeiras intenções. Já Lukas Gage, interprete de Patrick, entrega um coadjuvante tanto cômico como assustador, uma construção que lembra muito uma mistura de seus personagens de The White Lotus Sorria 2Harvey Guillén completa o grupo como Eli, o terceiro amigo de Josh e namorado de Patrick, formando com este último um casal gay que serve como alivio cômico e ainda serve um romance cativante.

A fotografia constrói momentos quentes na paixão dos casais, ao mesmo tempo que esfria nas reflexões de Iris, em seus momentos sozinha e até no pós-sexo do casal, inclusive transformando esse último momento em algo bastante constrangedor. A produção de Zach Cregger (que escreveu e dirigiu Noites Brutais) entrega sangue e violência suficientes para potencializar o trabalho do diretor Drew Hancock, que tem um historico de misturar terror e comédia de uma forma competente. O filme agrada a audiência de um modo geral, por mais que entregue seu final logo no começo, trabalhando em fazer com que todo o corpo seja interessante e prenda a audiência à pergunta ‘Como chegaremos ali?’, levando o público a esperar semelhanças com M3gan, Garota Infernal ou Não Se Preocupe, Querida. O longa pode não ser uma narrativa complexa, mas cumpre bem o seu papel como filme. Acompanhante perfeita entretém, traz surpresas a todo momento e nos prende ao filme, nos faz refletir sobre os relacionamentos atuais ao mesmo tempo que nos diverte com o tema, na medida certa.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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