Nota
Mostrando mais uma vez sua habilidade inerente para criar filmes extremamente dinâmicos, e capazes de tirar o fôlego do expectador a cada nova cena de ação, Matthew Vaughn aumenta seu repertório deslumbrante levando aos cinemas seu novo longa ambientado em um universo de espionagem: Argylle: O Superespião. Oferecendo uma montanha-russa de emoções, combinando sequências de ação eletrizantes com um enredo intrigante e personagens carismáticos do jeitinho que os fãs do diretor de Kingsman: Serviço Secreto gostam.
A trama de Argylle mergulha no universo complexo da espionagem, trazendo à tona uma narrativa envolvente que mistura ficção e realidade de maneira intrincada. Bryce Dallas Howard (Jurassic World: Reino Ameaçado) interpreta Elly Conway, uma escritora de renome mundial cujos livros sobre o superespião Argylle, interpretado por Henry Cavill (O Homem de Aço), ganharam fama e reconhecimento mundial. No entanto, a linha entre ficção e realidade começa a se dissolver quando Elly se vê no centro de um conflito entre agentes secretos reais, colocando sua própria vida em perigo. Essa premissa intrigante cria uma atmosfera de suspense e ação, onde Elly se torna uma peça crucial em um cenário que parece ter sido escrito por ela. Com a ajuda de um agente dissidente e nada convencional interpretado por Sam Rockwell (Três Anúncios Para Um Crime), ela embarca em uma perigosa jornada para desvendar segredos sombrios e expor uma conspiração global.
Uma das principais forças de Argylle reside na visão única de Vaughn do gênero de espionagem. Ao invés de seguir o caminho tradicional, o diretor procura infundir o filme com seu estilo visual distinto e energia pulsante que o diferencia de outras obras do gênero. Suas cenas de ação, que não procuram ser forçadamente realistas, acabam por abraçar o caricato de forma excepcional. A cinematografia vibrante e os efeitos visuais impressionantes complementam perfeitamente a ação frenética, criando uma experiência cinematográfica imersiva e emocionante. Deve-se dizer, porém, que quem procurar o brutalismo e explosões de sangue presentes em filmes anteriores do diretor pode se decepcionar já que, ao contrário de seus predecessores, o longa é muito mais “limpo” nesse sentido. Argylle continua sendo mais uma joia da violência artística de Matthew Vaughn, porém tem seu estilo gráfico próprio que o diferencia dos demais.
Além disso, o elenco estelar eleva ainda mais o filme. Com estrelas como Henry Cavill, Bryce Dallas Howard, Sam Rockwell e Dua Lipa no elenco, cada ator traz sua própria presença magnética para o filme, dando vida a personagens complexos e multifacetados. Henry Cavill demonstra um interesse em renovar sua imagem, abraçando a personalidade do agente secreto título e entregando uma boa performance apesar de seu visual e cabelos questionáveis. A estrela do filme é Bryce Dallas Howard, entregando uma personagem com tantas camadas que a cada nova situação faz o espectador se admirar mais com sua capacidade de atuação. A química entre o elenco é palpável, adicionando uma camada extra de profundidade e autenticidade às interações entre os personagens.
No entanto, o longa não é apenas estilo sobre substância. Por baixo de sua superfície brilhante, o filme apresenta uma narrativa cativante, porém em algum momento acaba se perdendo em si mesmo diante de tantas situações e reviravoltas que fazem parecer que, em sua empolgação de contar uma boa história, o roteirista Jason Fuchs despejou tudo o que tinha de uma vez, chegando ao ponto do público perguntar: ainda não acabou? Não que tudo tenha sido ruim e sim que tão bos ideias poderiam ser aproveitadas em uma possível continuação, dividindo a história do agente da mesma forma que nos livros em que foi inspirado.
Em última análise, Argylle é um triunfo tanto para Matthew Vaughn quanto para o gênero de espionagem como um todo. Com sua ação empolgante, elenco talentoso e enredo envolvente, o filme é uma verdadeira montanha-russa de emoções que certamente deixará os espectadores ansiosos por mais. Para os fãs do gênero e além, Argylle é uma experiência cinematográfica imperdível e que vale a pena ser vista nos cinemas.
Victor Freitas
Pernambucano, jogador de RPG, pesquisador nas áreas de gênero, diversidade e bioética, comentarista no X, fã incontestável de Junji Ito e Naoki Urasawa. Ah, também sou advogado e me arrisco como crítico nas horas vagas.