Crítica | Back to Black

Nota
1.5

Desde sua revelação, muitos já sabiam que ela seria uma grande promessa da música, e em 2008, após ganhar alguns grammys, todos os olhos estavam voltados para ela. Amy Winehouse (Marisa Abela) foi uma grande cantora de Jazz, R&B e Soul, que teve uma criação simples em Camden Town, em Londres, até chegar à fama e a todo o sucesso na música. A princípio, a música era mais pelo prazer de escrever canções do que entrar realmente para o mundo da música, o que fez com que houvessem muitos embates com seu produtor, Nick Shymansky (Sam Buchanan), e seu pai, Mitch Winehouse (Eddie Marsan), mesmo após o sucesso que seu primeiro álbum, “Frank”, fez. Mas o que a fez continuar em projetos subsequentes foi a sua primeira inspiração, sua avó Cynthia Winehouse (Lesley Manville), que inspirou toda sua estética, incluindo o seu icônico cabelo “beehive”, e a sua maior paixão, Blake Fielder-Civil (Jack O’Connell), que inspirou o seu álbum de maior sucesso, “Back to Black”. E assim, trazendo uma trajetória da vida da talentosíssima cantora Amy Winehouse, que a diretora Sam Taylor-Johnson traz o filme Back to Black.

Mais conhecida por dirigir Cinquenta Tons de Cinza (2015), a diretora Sam Taylor-Johnson volta depois de 6 anos longe das telonas para dirigir e produzir um filme biográfico da cantora britânica Amy Winehouse. A diretora, sem muitos filmes memoráveis em seu currículo, resolveu voltar com uma temática que está bastante “na moda”. Em 2021 tivemos Spencer, retratando a princesa Diana de Gales, em 2022 tivemos Blonde, retratando a atriz Marilyn Monroe, e em 2023 tivemos Priscilla, retratando a ex-esposa do astro Elvis Presley, e todos os filmes citados tem uma certa fórmula em comum de retratar a sua personagem principal em grande sofrimento, garantindo inclusive indicações de Melhor Atriz para dois dos três filmes. Isso indica muito mais uma pretensão de aparecer em premiações no ano que vem do que realmente retratar com seriedade a história da Amy Winehouse, apelando para muitos rumores e perpetuando o abuso midiático ao redor do vício em drogas da cantora.

Amy Winehouse era de fato uma personalidade única, com uma voz e aparência que se destacavam de qualquer um, por isso achar uma pessoa que se assemelhe minimamente com a cantora, seja física ou vocalmente, é uma tarefa dificílima. É um fato que a Marisa Abela tem uma performance boa para o material que lhe foi cedido, visto que ela consegue atingir o sotaque da Amy com precisão em boa parte do filme, embora não seja um sotaque consistente em todo o longa. Mas o grande problema dessa escolha de elenco é, sem dúvida, a voz da Marisa Abela. Amy Winehouse tinha uma voz rouca desde a adolescência, o que é uma característica que sobressai em suas músicas, enquanto Marisa Abela tem uma voz muito distinta por ser uma voz muito doce e muito mais aguda que a da Amy, o que já cria muita diferença apenas pela voz falada. Mas, com certeza, o maior erro de Back to Black foi de fazer a Marisa Abela, que tem uma voz completamente diferente da Amy, cantar suas músicas. A maioria das músicas, principalmente as do início do filme, parece uma imitação caricata da Amy e que não soa nem perto do estilo da cantora e, apesar de cantar muito bem, os produtores do filme deveriam ter optado por Marisa apenas dublar as músicas originais.

Back to Black também foca bastante no seu relacionamento com Blake Fielder-Civil, que serviu muito de inspiração para o seu álbum mais famoso e premiado. Seguindo novamente o exemplo de Priscilla (2023), com a desculpa de “seguir a visão de Amy dos fatos”, o relacionamento entre Amy e Blake é retratado de forma extremamente romantizada ao ponto de sairmos do filme com mais aspectos da personalidade do próprio Blake do que da Amy, além de promover rumores que se contradizem com outras mídias sobre a vida da cantora. Outro personagem recorrente que tem uma visão romantizada é o seu pai, Mitch Winehouse, que no último ato do filme mostra-se como um maior apoiador da filha com relação a sua reabilitação, o que também é extremamente contraditório com outras mídias. E porventura, seu produtor Nick Shymansky, que tinha uma presença enorme na vida de Amy, pouco aparece sendo representado dessa forma. Mas um dos poucos pontos positivos do filme é como é retratado a relação da cantora com sua avó, Cynthia Winehouse, que serviu de inspiração para sua carreira e é uma das poucas relações da vida de Amy que não teve tantas repercussões na mídia. 

Back to Black tenta seguir a tendência de filmes biográficos, mas cai em inúmeros clichês e fórmulas prontas para entregar um filme raso e sem alma. A diretora Sam Taylor-Johnson consegue errar em diversos pontos que poderiam tornar o filme não só mais agradável ao público como também mais respeitoso à própria Amy Winehouse e sua família. Além de ser um filme que não foi feito para agradar os fãs da cantora, não foi feito para agradar os fãs de música e jazz e nem foi feito para agradar os fãs de cinema, fica nítido a intenção de se utilizar do nome da cantora para fazer números em bilheteria, para assim conseguir uma relevância em algumas premiações. Outrora, a atriz Marisa Abela faz um bom trabalho com o material que lhe foi dado apesar das diferenças gigantes entre ela e a Amy, o que pode lhe dar um destaque no Oscar ou Globo de Ouro de 2025.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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