Crítica | Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain)

Nota
4

Em 1927, após ascender como uma grande estrela de filmes, o ex-dublê e agora astro do cinema mudo Don Lockwood (Gene Kelly), agora tenta migrar para a tão temida era do som de Hollywood. Sabendo dos diversos desafios que vai enfrentar, especialmente com sua parceira de cena Lina Lamont (Jean Hagen), que tem uma voz muito estridente e que não agrada ninguém. Em meio a tantos desafios, Don conhece Kathy (Debbie Reynolds), uma jovem sonhadora que é muito diferente de todas que ele já conheceu, e além de conquistar seu coração, vai ajudá-lo bastante nessa nova jornada nos estúdios. Dirigido por Stanley Donen e pelo próprio protagonista do filme Gene Kelly, Cantando na Chuva se tornou um clássico do cinema por sua cena icônica do Gene Kelly, mas o filme também é um marco por falar bastante sobre os bastidores dos estúdios de Hollywood, temática que estava bastante em alta durante a década de 50.

O segundo filme dirigido pelo astro Gene Kelly, e que se tornaria referência pela cena em que o ator canta na chuva, é de fato um clássico do cinema. No papel de Don Lockwood, Gene Kelly rouba a cena com seu carisma, o que era muito difícil para um ator dessa época de se destacar em meio a tantas personalidades parecidas nos filmes. Um ano antes, o ator participou de An American in Paris (1951), musical que levou o Oscar de melhor filme daquele ano, mas os filmes não compartilham apenas o seu ator principal, já que em Cantando na Chuva Gene Kelly não só encantou como também se mostra num trabalho excepcional na sua co-direção, especialmente sendo o coreógrafo das coreografias de ambos os filmes, onde ele consegue se superar em cada um dos trabalhos.

As semelhanças entre Cantando na Chuva e An American in Paris não acabam apenas nas atuações e nas coreografias, mas também na forma em que os sets foram ornamentados. O decorador de sets Edwin B. Willis, que tem um currículo incrível trabalhando em O Mágico de Oz (1939), deixa sua marca em todos os filmes com seus cenários pintados à mão, e em Cantando na Chuva podemos notar alguns fundos clássicos com céus aquarelados como em O Mágico de Oz e alguns que se assemelham muito aos cenários que simulam o 2D como visto em An American in Paris. Outro ponto altíssimo do filme são os figurinos que são extremamente fiéis ao glamour dos anos 20, mas que também mostram a opulência dos estúdios não só da época de 20 mas também os da época que o filme foi feito, nos anos 50.

Outros destaques em atuação são de Donald O’Connor, que faz o melhor amigo de Don, Cosmo Brown, e, claro, do par romântico feito por Debbie Reynolds. Donald tem o típico papel da época de alívio cômico do amigo desajeitado, e que consegue um bom destaque por isso especialmente por suas expressões faciais, que são bem engraçadas, mas ele não perde para o Gene Kelly em nada nas coreografias. Já Debbie Reynolds não tem tanto destaque assim, sendo na maior parte do filme apenas o par romântico, mas consegue entrar em muitas cenas importantes com sua voz feita para musicais da época. Com uma música tão popular no imaginário coletivo, Cantando na Chuva recebeu duas indicações ao Oscar, sendo uma delas em Melhor Trilha Sonora Original, que acabou não levando, embora sua música de maior destaque realmente seja bem única até para a época e que se destaca entre os outros números do próprio filme por ter uma sonoridade instrumental bem destoante do resto das tracks.

Cantando na Chuva é um clássico do cinema que ficou conhecido principalmente pela performance de Gene Kelly na chuva, que é referenciada até hoje e tem bons motivos para ainda ser relevante. Dirigido e coreografado pelo próprio ator, o filme tem performances e números musicais estonteantes que se referem ao próprio ato de fazer cinema, mas sem perder o romance característico da época e fechando sempre como um filme leve e divertido de assistir. Suas categorias técnicas são impecáveis, tendo coreografias, figurinos e trilha sonora que não decepciona e consegue ser um filme esteticamente relevante até para os dias de hoje e que sempre irá agradar os fãs de musicais clássicos.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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