Crítica | Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger)

Nota
3

Na Segunda Guerra Mundial, o jovem franzino Steve Rogers (Chris Evans) aceita ser voluntário em uma série de experiências que visam criar o supersoldado americano. Os militares conseguem transformá-lo em uma arma humana, mas logo percebem que o supersoldado é valioso demais para pôr em risco na luta contra os nazistas. Desta forma, Rogers é usado como uma celebridade do exército, marcando presença em paradas realizadas pela Europa no intuito de levantar a estima dos combatentes. Para tanto passa a usar uma vestimenta com as cores da bandeira dos Estados Unidos, azul, branca e vermelha. Só que quando a organização científica nazista, a HYDRA, planeja alterar o curso da guerra, Rogers entra em ação e assume a alcunha de Capitão América, usando seus dons para combatê-los em plenas trincheiras.

Quando se trata de cinema pipoca, ou entretenimento de verão digno de sucesso, “Capitão América: O Primeiro Vingador” acerta em cheio sendo, deveras, um longa-metragem cujo intuito, além de apresentar o famoso super-herói originado na Segunda Guerra Mundial e inseri-lo no Universo Cinematográfico Marvel, é dar ao público o máximo de diversão que o filme, ao melhor modo antigo de fazer aventura, pôde proporcionar.

E o que faz do longa do Primeiro Vingador ser considerado uma “aventura a moda antiga”? Primeiramente, a escolha de diretor, uma vez que Joe Johnston abraça o saudosismo clássico, como em “Mar de Fogo” (2004) e “O Lobisomem” (2010), e preza pela caracterização estilo Sessão da Tarde nos seus filmes, como nos icônicos “Jumanji” (1995), “Querida, Encolhi as Crianças” (1989) e “Rocketeer” (1991). Segundo, as situações presentes no longa, como, principalmente, a luta do bem contra o mal, a caracterização de personagens (o herói, seu fiel companheiro, a mocinha, o doutor e o vilão horrendo) e as típicas lições, entre elas a de que pessoas pequenas são capazes de realizar grandes feitos. Por último, mas não menos importante, a própria ambientação do filme, na década de 40, que permite um uso maior da nostalgia ao mesclar as aventuras de filmes de guerra/espionagem de antigamente com a ação dos dias de hoje (afinal, o intuito dos filmes da Marvel é agradar todo tipo de público, seja ele mais fissurado pelo cinema clássico ou por filme de ação atuais).

Porém, a escolha de transformar o filme de origem do Capitão América em uma aventura das antigas também gerou consequências menos positivas do que se esperava. O ritmo do filme acelera a um ponto em que ele se torna simples ou até mesmo bobo para os espectadores mais rígidos, arranjando na trama problemas e situações rápidas que logo são resolvidas. Talvez, a ideia de acelerar o filme a ponto de torna-lo um tanto curto tenha ocorrido devido aos planos de contar, sem muitas delongas, o histórico do Capitão até chegar ao ponto de partida para o primeiro filme dos Vingadores. Escolha essa que subestimou um vilão de extremo potencial, consequentemente. O Caveira Vermelha de Hugo Weaving era tão amedrontador quanto um fascista e psicopata como um qual, além de estar perfeitamente caracterizado e com objetivos claros; mas, seu tempo em tela não foi o suficiente para causar um impacto maior, apesar de sua apresentação ter aberto as portas para um maior desenvolvimento do Dr. Arnim Zola (Toby Jones) e da HYDRA em “Capitão América: O Soldado Invernal”.

Quanto ao seu protagonista, Chris Evans de fato nasceu para interpretar um excelente Steve Rogers e compensar o fiasco que fora seu Tocha Humana nos dois filmes de “Quarteto Fantástico” em 2005 e 2007. O ator sabe ser carismático, triste, reflexivo e heroico nos momentos certos, além de quebrar a personalidade careta/certinha do herói e deixa-la mais racional e corajosa. A Peggy Carter da simpática e expressiva Hayley Atwell está lá para provar que o poder feminino nas guerras jamais deve ser deixado de lado. O Bucky Barnes de Sebastian Stan prova que o personagem está muito além de ser um “Menino Prodígio” e, apesar de também não contar com muitos momentos na tela, assim como o antagonista, consegue ter uma boa relação com Steve e, dessa forma, ganhar carinho do público.

Cenas de ação que optam por planos mais fechados e um certo exagero de slow-motion também são características de uma aventura saudosista, mais puxando pelo épico, que combinam perfeitamente com a ideia do longa-metragem. A fotografia ora preza pela opacidade, para caracterizar um certo terror da guerra, e ora destaca bastante as cores da bandeira norte-americana que estão no uniforme do herói (figurino este que também está maravilhoso).

Entre erros que não comprometem o filme e acertos que agradam, mas dão aquele gostinho de “quero mais”, Capitão América: O Primeiro Vingador consegue ser sutilmente épico. Mas, poderia ter sido um filme ainda mais grandioso se prezasse por uma metragem maior, além de conflitos e ameaças maiores. Ter acelerado o filme foi bom para desenvolver logo o longa dos Vingadores, mas a vontade de ver mais aventuras do Capitão na Segunda Guerra Mundial torna-se maior.

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

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