Crítica | Cine Holliúdy 2: A Chibata Sideral

Nota
3

Pacatuba, interior do Ceará, 1980. A popularização da TV obriga Francisgleydisson a fechar seu adorado Cine Holliúdy e ir morar na casa da sogra, ao lado da esposa Maria das Graças e do filho Francin . Após passar por uma experiência alienígena, na qual um amigo foi abduzido, ele tem a ideia de rodar um longa-metragem de ficção científica onde Lampião enfrenta os seres extra-terrestres. Para tanto, consegue o apoio do prefeito Olegário e de sua esposa Justina, candidata às próximas eleições.

Em agosto de 2013 estreava nos cinemas brasileiros o longa Cine Holliúdy. Dirigido pelo diretor cearense Halder Gomes, e estrelado por Edmilson Filho, podemos afirmar que a produção pegou todo mundo de surpresa.  Ambientado no interior do Ceará, na década de 70, o longa contava a história do dono de um pequeno cinema de uma cidadezinha, e que com a chegada dos aparelhos de televisão na região, precisava agora dar um jeito de fazer com que o cinema voltasse a ser o melhor modo de entretenimento da cidade.

O primeiro grande fator que chamou a atenção de todos em 2013, foi o linguajar utilizado durante todas as falas do roteiro. A produção fez uma aposta extremamente orgulhosa e corajosa em utilizar-se sem medo do linguajar costumeiro do povo cearense. Para isso, o filme teve a brilhante ideia de chegar aos cinemas nacionais com legendas, para aqueles que não tem o costume desse dialeto poderem entender melhor as falas dos personagens. A sacada foi tão certeira, que além de ser divertido perceber os jargões e gírias usadas pelo povo nordestino, a comédia acaba sendo uma homenagem ao cinema, especialmente nos seus primórdios, onde o cinema mudo conseguia passar suas mensagens e fazer o público entender o que estava se passando em cena.  O sucesso da produção foi tão grande, que antes mesmo da sua continuação estrear em 2019, tivemos o filme O Shaolin do Sertão, no ano de 2016.

Seis anos depois do primeiro Cine Holliúdy, a sequência volta para fazer homenagem ao gênero de ficção científica, e também a um dos grandes diretores de todos os tempos, Steven Spielberg. O diretor Halder Gomes mais uma vez consegue fazer um excelente trabalho de ambientação, principalmente na hora de conciliar todo o cenário do interior do Ceará dos anos 80,  com inúmeras referências ao clássico filme de 1977, Contatos Imediatos de Terceiro Grau. Fazer essa ponte entre dois elementos que parecem tão distantes e colocá-los em um só roteiro, com certeza é a grande qualidade desse segundo filme.

Mais uma vez, todo o elenco parece estar se divertindo a todo momento, e com isso, o tom de comédia leve e despretensioso, deixa tudo ainda mais engraçado pro público. E falando nesse público, outro fator também que faz a produção ser muito bem sucedida, é o fator do filme saber e conhecer muito bem com quem e pra quem ele quer se comunicar.

Cine Holliúdy não é uma comédia para todos. Porém, essa nunca foi a sua intenção. O longa sabe muito bem quem é seu público-alvo, e não tem vergonha disso em momento nenhum, muito pelo contrário, o filme consegue fazer com que seu público se sinta extremamente representado na sala de cinema. Se você gostou do primeiro longa, assim como a produção do Shaolin do Sertão, com certeza irá se divertir com a comédia que chega nos cinemas brasileiros na próxima quinta feira (21).

 

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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