Crítica | Como Seria Se…? (Look Both Ways)

Nota
3.5

“Seu futuro vai ser maravilhoso, Nat!”

Natalie Bennett é uma garota determinada, ela roteirizou toda a sua vida dentro de um plano de cinco anos que começa com a sua formatura na faculdade, segue com sua viagem para Los Angeles com sua amiga Cara e termina com ela se tornando uma grande animadora de filmes. Mas e se toda a sua vida pudesse ser determinada por apenas um momento? Uma noite, sem pretensão nenhuma, Nat acaba fazendo sexo com seu amigo Gabe, isso abre duas realidades em sua vida, uma em que Nat consegue seguir com seu plano de cinco anos e uma onde ela acaba descobrindo que está grávida de Gabe e precisa abrir mão do seu plano para se dedicar a sua gravidez não planejada.

Com direção de Wanuri Kahiu e roteiro de April Prosser, o longa pode ser um pouco complexo a primeira vista, mas logo vai conquistando sua identidade e deixando claro o que acontece em cada uma das realidades, construindo duas tramas diferentes, vividas por duas Nat diferentes, mas que acabam tendo o mesmo desafio e jornadas muito parecidas, a busca pelo amor, pela identidade e pela autorrealização. O sonho de fazer parte da Tall Story Animation se mostra como um objetivo preto e branco em seu caminho, e o longa mostra das diversas formas (exploradas nas duas realidades) que nem tudo acontece exatamente da forma como imaginamos, o que importa no longa não é a vontade de saber o final da jornada de Nat, mas sim conhecer todo o percurso que ela percorre até chegar no lugar que é seu de direito, seja através de um trabalho que se mostra diferente de como ela imaginava ou através da chegada de Rosie e dos desafios da maternidade.

Carregando o filme nas costas, Lili Reinhart dá um show de atuação ao expressar todo o sentimento de desilusão, estresse ou angustia que surge a cada tombo que a vida de Nat sofre, ela mostra que é capaz de assumir a responsabilidade de conduzir o filme e carrega sua personagens com tantos elementos emocionais que só engrandece ainda mais sua Nat. A forma como a atriz constrói uma personagem que luta para se adaptar à maternidade e para suprir suas próprias expectativas como profissional é gratificante, e tudo só fica ainda melhor pela forma perspicaz como a direção de arte do longa trabalha, brincando com a diferença na paleta de cores para separar as realidades ou ao utilizar o fato de Natalie ser desenhista para colocar ilustrações e cartoons indicando a passagem de tempo.

Nos incentivando a entender os dois lados, Como Seria Se… foca no amadurecimento de sua protagonista acima de tudo, se metamorfoseando em um drama cheio de conflitos complexos e realistas a medida que vai abandonando os clichês de comédia romântica. Wanuri se prova extremamente sensível, deixando clara as dores e arrependimentos da personagem em ambas as realidades, fazendo questão de mostrar que não existe uma evolução melhor, que estamos encarando um multiverso de felicidades cheio de altos e baixos, assim como a vida real. Apesar de possuir um elenco bem desempenhado, talvez um dos grandes problemas do filme seja justamente o de não aproveitar bem o elenco que possui, a trama inteira é sobre Nat, mas deixar todo o enredo funcionando unicamente focado nela torna a trama cansativa. O roteiro tinha tudo para ser perfeito, principalmente pela forma como ele segue de forma independente e mesmo assim consegue culminar em estágios paralelos, como se os altos e baixos de cada realidade se alinhasse para ocorrer simultaneamente, sem usar clichês melodramáticos para se desenvolver.

“Você tá bem.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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