Crítica | Como Treinar o Seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: The Hidden World)

Nota
5

“Existia dragões quando eu era um menino. Para onde eles foram, poucos sabem. Nossa história mudou o mundo para sempre.”

Um ano após a grande batalha que levou a vida do seu pai, Stoico, Soluço finalmente concluiu seu grande sonho: construiu uma sociedade utópica onde humanos e dragões vivem pacificamente e em harmonia. Mas o pobre garoto ainda encontra problemas em empenhar seu papel como líder da cidade de Berk, encarando a enorme sombra deixada pelo seu pai e toda a insegurança que o acompanhou durante sua longa jornada.

Enquanto isso, Banguela encontra o inimaginável: uma Fúria da Luz, a fêmea de sua espécie que todos acreditaram estar extinta. Enquanto Soluço tenta encontrar uma solução para seus problemas e Banguela precisa entrar em contato com seu lado esquecido, um novo inimigo surge para destroçar a amizade dos dois e acabar de vez com os Fúrias da Noite. Um inimigo tão brutal e perspicaz que coloca todo o ensinamento e genialidade de Soluço a prova, encurralado o garoto. Tomado pelo medo, ele procura finalizar o sonho do pai e encontrar o berço de todos os dragões, o Mundo Perdido, onde poderá manter seus amigos em segurança de uma vez por todas. Mas, para isso, ele precisará fazer algo que jamais imaginou. Ele precisará aprender a crescer sozinho.

Como Treinar o seu Dragão 3 marca o fim do ciclo das novas animações da Dreamworks. De cara, é importante salientar que a excelência da animação e a competência de seu roteiro e enredo, que é algo sublime quando visto em conjunto. Se os anteriores passaram o ensinamento de tolerância e união, o terceiro longa da franquia pega o caminho inverso e nos apresenta algo tão maduro e doloroso que mexe com nosso emocional de forma profunda e digna, entregando-nos um brilhante final para a trilogia. Acompanhamos o desenvolvimento de Soluço e crescemos com ele, mas é sempre é difícil dizer adeus a algo que amamos e criamos um forte laço. É exatamente nisso que o filme foca.

O longa apresenta claras referências ao primeiro volume, despertando-nos a nostalgia e o encanto que nos conquistou com tanto impacto. A animação deu um salto esplendoroso, fazendo o espectador acreditar realmente que os cenários são reais e que estamos presentes com os personagens. O pelo respingo de água, ou ao cuidado com a movimentação que a areia faz ao ser pisada ou movida, esses detalhes garantem que a imersão seja completa. A movimentação de câmera, meio tremida em alguns momentos, como se realmente estivéssemos montados em um Dragão encarando um buraco no fim do mundo enquanto tomamos a decisão mais difícil de nossas vidas, mostra a genialidade do Dean DeBlois e o cuidado e amor que ele procurou ter em relação à trilogia.

O Mundo Escondido é um show à parte. Montado com cristais e neon, as cenas construídas no local faz com que o espectador fique deslumbrado e traz uma vontade imensa de aplaudir o filme de pé. A trilha se encaixa de uma forma tão perfeita que eleva nosso espírito nos momentos certos e encolhe nossos corações onde é preciso. Mas nada disso seria possível sem os personagens que aprendemos a amar ao longo desses nove anos.

Soluço sempre se sentiu inseguro sobre si e seu papel na sociedade. Ele sempre teve ciência de que o pai era grandioso e não sabia como encontrar a força suficiente para suprir o vácuo deixado pela sua ausência. Suas inseguranças são ainda mais acentuadas quando ele percebe que todo seu desenvolvimento teve como base a junção com seu fiel amigo, e que ele não é grande coisa sem seu Dragão. É interessante acompanhar o crescimento final do personagem, percebendo que ele precisa soltar as amarras e aprender a crescer sozinho, sem a ajuda do Banguela.

Valka sente os dilemas passados por seu filho e tem um toque delicado para lidar com o garoto, sempre atenta em quem pode conversar e acolher sua cria, mostrando uma atenção genuína que Stoico nunca pareceu desenvolver, principalmente por ele ter um jeito mais bruto. Astrid está lá para apoiar Soluço e mostrar que ele não esta sozinho, que ele já fez tanto e não deve ter medo de ser quem é, o menino que ela acreditou.

Banguela é encantador como sempre. É engraçado acompanhar suas tentativas fracassadas de flerte (entendemos você, amigão) e a diferença entre ele e a belíssima Fúria da Luz. Enquanto Banguela parece um bichinho de estimação fofo e atrapalhado, sua versão feminina é feroz e imponente, como uma pantera pronta para atacar. É interessante ver o Fúria da Noite assumindo o manto que lhe foi deixado no filme anterior e entrando em contato com seu lado mais selvagem enquanto prova uma nova liberdade e um novo crescimento pessoal.

Grimmel é outro show à parte. Todos os outros vilões da saga focavam na força física para conseguir seus objetivos, mas não é o caso deste vilão. Ele representa o que soluço teria se tornado se seguisse os passos que o pai desejava no primeiro filme. É esplêndido acompanhar o jogo de xadrez mental entre eles, um sempre estando um passo a frente do outro ou tentando adivinhar o que o outro faria. Um vilão sem defeitos para o final da saga.

Repleto de nostalgia e respeitando tudo o que foi construído até aqui, Como Treinar o seu Dragão 3 encerra com chave de ouro uma trilogia magnífica que encantou milhares de pessoas no mundo, chegando a ser considerada a uma das melhores sagas de todo o tempo e nos ensinando uma das mais preciosas lições que podem ser passadas: que o amor às vezes é deixar ir e que, embora doa, cortar laços é a maior prova de amor, pois deixamos nossos sonhos de lado para construir um futuro melhor tanto para si quanto para quem se ama. E isso não te torna fraco ou inapto; pelo contrário, apenas mostra o quão grandioso você é.

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

1 Response

  1. O filme é realmente muito bom, mas, já sabíamos o que ia acontecer, os trailers mostraram as partes mais importantes do filme e no cinema só nos impressionamos com o novo apenas no final. Digno de indicação ao Oscar com certeza, mas, infelizmente não vai ser o vencedor.

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