Crítica | Corpo Fechado (Unbreakable)

Nota
4.5

Um espantoso e grande desastre de trem choca os Estados Unidos. Todos os passageiros morrem, com exceção de David Dunn, interpretado por Bruce Willis, que sai completamente ileso do acidente, para espanto dos médicos e de si mesmo. Buscando explicações sobre o ocorrido, ele encontra Elijah Price, que é vivido por Samuel L. Jackson, um estranho que apresenta uma explicação bizarra para o fato.

Digamos que hoje, em pleno 2023, qualquer projeto de M. Night Shyamalan chama a atenção, sua carreira é brilhante, mesmo que alguns questionem, não da pra negar os fatos. Após O Sexto Sentido, notoriamente criou-se uma expectativa de como seria seu próximo filme, e, pegando o público desprevenido, ele lançou Corpo Fechado, o início de uma trilogia de terror psicológico e suspense inspirado em super heróis, um excelente filme, que tem um ritmo bem mais devagare com sua trama inicial pautada em mistérios.

Bruce Willis, que já havia trabalhado com o diretor em O Sexto Sentido, vive em David um simples segurança cheio de lembranças do seu passado, um passado que está sempre vindo a tona, até que ele conhece Elijah, e logo fazem amizade. O personagem de Samuel L. Jackson sofre de uma doença que torna seus ossos extremamente frágeis e propensos a fraturas, como se seu corpo fosse completamente de vidro, já tendo quebrado os ossos centenas de vezes, com uma vida infeliz, vivendo isolado, mas com uma imensa inteligência. Um Lex Luthor? Tipo isso…

O filme brinca várias vezes com a sanidade mental de David, causando uma sensação de descrença em sua cabeça, como se ele estivesse em paranoia, o que impacta bastante visto que o filme se passa mais pela ótica de Dave. David tem ainda um filho, Joseph Dunn, vivido por  Spencer Treat Clark, o que permite explorar a relação pai e filho, como Dave é cabisbaixo, triste e se sente infeliz. Ao mesmo tempo, Shyamalan coloca, ao longo do filme, várias referências a personagens de quadrinhos.

Corpo Fechado possui um texto bem escrito e um suspense que permeia o filme, o que ajuda muito a deixar você dentro daquela história, ponto para a excelente direção em trazer um trabalho de câmeras interessantes. A mão do diretor impacta diretamente no resultado final do produto e, como ele também escreveu o roteiro, há muita coesão e coerência em toda narrativa. Claro que alguns podem não gostar devido ao ritmo lento do longa, o que o faz demorar para te pegar, mas é uma escolha ter essa construção lenta. Corpo Fechado é um filme de super herói próprio, criado dentro do universo próprio de Shyamalan, com personagens muito bem desenvolvidos, nuances e camadas complexas, bem e mal olhado por óticas diferentes, e julgamentos sociais, que determinam a jornada individualmente dos personagens, porém suas histórias se cruzam, fazendo uma teia de aranha tecida nos mínimos detalhes, com um design próprio. Por exemplo, Elijah é desenvolvido em tons de roxo, marcando seu personagem e direcionando sua trajetória futura. Corpo Fechado vale o seu tempo!

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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