Crítica | De Volta à Ação (Back in Action)

Nota
3

Eles podem ser os melhores espiões da CIA, mas nenhum treinamento é suficiente para enfrentar o maior desafio da vida deles: ser pais. Emily e Matt eram ótimos no que faziam, se infiltrando e concluindo missões extremamente perigosas, mas quando Em descobre que está grávida, o casal resolve largar tudo e recomeçar do zero de forma anônima em meio a uma missão para roubar um artefato tecnólogico de uma organização criminosa, o que acaba sendo possivel quando, em meio a uma emboscada, todos acham que eles morreram. Quinze anos depois, o casal criou uma nova vida como civis e vivem discretamente sendo os pais de AliceLeo, mas quando a filha mais velha resolve ir escondida para uma rave, eles acabam se envolvendo em uma briga que vai parar no YouTube e faz com que seus inimigos voltem a persegui-los, o que os coloca em uma eletrizante jornada para conseguir o perdão da CIA e proteção para a familia.

Marcando o retorno de Cameron Diaz, depois de onze anos longe dos filmes, o longa dirigido por Seth Gordon para a Netflix é uma comédia de ação que, assim como tantas outras produções da Netflix no mesmo gênero, é de qualidade duvidosa se sustentando apenas pelo peso do nome de seu elenco. Cheio de clichês e de uma extrema falta de originalidade, De Volta à Ação nada mais é do que mais um desses títulos completamente esquecíveis que enchem o catalogo do streaming, e que infelizmente faz o retorno de Diaz ser com o pé esquerdo. Não se pode negar que o filme é de fato divertido, apesar de ele não reinventar a roda, ele segue fielmente a receita e entrega uma boa roda, mas é uma produção frustante a menos que você encare essa experiência sem expectativa nenhuma. O filme é basicamente aquela ação que envolve pai e ou mãe junto com os filhos em uma situação de aventura que obriga eles a sairem da zona de conforto e, no processo, reconstruir a relação familiar e suas crenças, algo que pode lembrar bastante Missão Pijamas (2020) ou O Último Mercenário (2021).

Cameron com certeza é o destaque do filme como Emily, ela consegue tomar as rédeas da narrativa de uma forma habilidosa, principalmente quando o filme começa a abordar suas relações mãe e filha, apesar de seu papel lembrar muito sua performance em Encontro Explosivo, outro filme que mistura comédia e espionagem. De um lado temos Em tentando controlar Alice, que está se tornando uma adolescente rebelde, o que dá espaço para Cameron e McKenna Roberts desenvolverem uma linha forte, porém completamente previsivel, já que sabemos que a descoberta dos segredos da mãe vai ser o elemento crucial para que a filha comece a enxergar os motivos para Em ser tão controladora. Do outro temos Cameron dividindo a tela com Glenn Close (no papel de Ginny), num plot onde Em assume o papel de filha e precisa encarar os problemas do passado com sua mãe, que é uma agente aposentada do MI6, e com todo o rancor de ter uma mãe ausente, que sempre estava ocupada demais com suas missões para dar atenção à filha. Apesar de ficar um pouco apagado, Jamie Foxx entrega bastante no filme, principalmente quando consideramos que o ator passou por uma experiência de quase morte quando, durante as filmagens, sofreu uma grave hemorragia cerebral seguido de um derrame, o que levou a produção a parar as gravações e só retomar quando o ator estava totalmente recuperado.

Com uma fórmula que já ficou batida, De Volta à Ação serve mais para mero entretenimento noturno do que realmente para capturar àqueles que buscam um bom filme, ele usa toda a dinâmica de tiros, piadas, beijos, dramas e boas atuações para equilibrar o roteiro morno e mal executado. A escolha de basear sua relevência na presença de grandes estrelas habituadas em comédias de ação bobas e feitas apenas para rir, acaba prendendo a Netflix ao seu típico modus operandi, que só vai agradar a quem estiver procurando uma diversão despretensiosa de final de semana, que vai capturar pela conexão fluída que surge entre Diaz, Foxx e Close, mesmo que as tramas não sejam suficientes para sustentar o filme inteiro, e ainda consegue ser ousado ao sugerir uma continuação, algo que é arriscado frente à mania de descontinuismo que se tornou padrão nas produções recentes da vermelhinha.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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