Crítica | Descendentes 2 (Descendants 2)

Nota
4

“We got all the ways to be
W-I-C-K-E-D”

Seis meses após chegarem a Auradon e decidirem ser bons, os VKs parecem ter encontrado seu lugar e se ajustado a sua nova vida. Evie se transformou em uma das mais requisitadas estilistas do reino mágico, Carlos encontrou sua aptidão com a tecnologia e Jay encontrou seu espaço como capitão do time e agora é respeitado por sua liderança. Todos parecem ter se encaixado em seu devido papel… todos menos Mal.

Com seu novo status de futura rainha, Mal tenta se encaixar nos altos padrões que lhe são impostos. Tentando ser doce, gentil e compreensiva e reprimindo seu lado malvado e debochado. Mas a pressão exercida sobre ser a nova princesa cobra seu preço e ataques de pânicos são constantes na filha de Malévola. Após uma pesada discussão com Ben, ela decide abandonar de vez a corte e voltar ao único lugar onde ela pode ser ela mesma: A Ilha dos Perdidos.

Mas a ilha não é mais a mesma, Uma (filha da Úrsula) tomou conta do lugar e junto com seus capangas, Harry (filho do Capitão Gancho) e Gil (filho do Gaston), rege o espaço com punhos de ferro. Ressentidos por serem deixados para trás, Uma e seus companheiros tramam o dia em que conseguirão escapar da barreira mágica e se vingar de sua maior rival de uma vez por todas. Enquanto isso, em Auradon, Ben descobre sobre a fuga de Mal e, junto com os Vks, ele decide voltar a ilha e trazer sua amada de volta antes que seja tarde demais.

Depois do sucesso estrondoso do primeiro filme, não foi surpresa para ninguém que a Disney quisesse explorar ao máximo sua nova franquia. Foram brinquedos, roupas, livros e até mesmo uma web série explorando o cotidiano dos villains kids mais amados da emissora, e, é claro, uma sequência foi logo programada para dois anos depois do filme original. Dirigido pelo brilhante Kenny Ortega, Descendentes 2 amplia todos os acertos do primeiro longa e se mostra ainda mais magnífico.

Com coreografias mais bem preparadas e um cuidado maior com a trama, Kenny parece ter escutado as críticas dos fãs no primeiro longa e investiu naquilo que funcionou, trazendo um filme melhor que seu antecessor e ainda mais marcante. O primeiro acerto se mostrou em reduzir a participação dos adultos na trama. Os pais aparecem em cenas pontuais ou em Off Screem (como no caso da brilhante Whoppi Goldberg, que interpreta a Úrsula no filme). Tirar esse tempo de tela de ambições e problemáticas dos adultos (que serviam de bengala para o elenco mais jovem) e entregar de vez a seus protagonista foi um acerto e tanto. Os jovens decidem seu caminho e tomam seu destino entre as mãos, sem seguir planos mirabolantes dos seus progenitores ou tentando despertar o orgulho nos mesmos. Agora, são eles por eles e isso é magnífico.

Mal (Dove Cameron) se encontra perdida entre sua antiga e nova personalidade. Embora tente fingir que esta tudo bem o conflito interno a consome e a deixa a beira do colapso. A ex-vilã vê sua vida ser toda definida e sente falta de ter algum controle, trazendo uma dura crítica ao que desejam que sejamos e aquilo que realmente somos e como pode ser prejudicial esconder algo assim para agradar aos outros.

Ben (Mitchell Hope) se encontra soterrado com suas obrigações reais, mas é ao partir pra ilha que ele toma conhecimento do poder de suas ações. Conhecer o outro lado da moeda e ver como o seus decretos tem um poder maior do que ele presumia na vida de seu povo da um choque de realidade no rei e mostra que ele precisa ser melhor do que ele foi. Afinal, criar promessas e esquece-las por falta de tempo podem mudar a vida de pessoas de uma maneira inimaginável.

Evie (Sofia Carson) encontra seu outro lado ao buscar a amiga. Retornar a ilha tem um peso significativo para a personagem que, mesmo se adaptando a vida de Auradon, quer o melhor para o lugar que nasceu. Sofia brilha no papel e se sente tão confortável ao reviver a fabulosa estilista que transmite isso para a tela. O peso da personagem é multiplicado é o reconhecimento do bom trabalho é notado, com musicas mais potentes e um tempo de tela merecido.

Outro que recebeu sua devida atenção foi Carlos (Cameron Boyce), que tem sua própria subtrama e mostra um bom desenvolvimento no filme. O filho de Cruella sempre foi torturado e escravizado pela mãe (algo que fica claro na música de abertura) e agora ele se vê menosprezado pelos amigos. Sempre que algo grande acontece, as garotas se afastam para resolverem, esquecendo que eles são um grupo e que deviam apoiar uns aos outros. Acompanhar o menino tímido tomando sua vida nas mãos é muito bom e ver o desenvolvimento de um romance com Jane (Brenna D’Amico) é encantador.

Jay (Booboo Stewart) tem que lidar com as regras de ser Capitão de um time, embora não entenda como algo como o sexo da pessoa pode interferir na qualidade de um time, o antigo brutamontes aprende a seguir o que se é esperado de um líder e a usar sua cabeça para ser o mais justo que pode. Lonnie (Dianne Doan) tem uma participação maior no segundo longa e encanta com sua força e bravura, tão próxima da sua mãe, levantando questionamentos precisos e poderosos e dando camadas a trama.

Mas quem verdadeiramente rouba a cena são os novos vilões. Uma (China Anne McClain) foi humilhada e menosprezada por sua rival a ponto de ter que constantemente se provar e lembrar a todos o poder do seu nome. A sede de vingança da personagem se mistura com a insanidade de Harry (Thomas Doherty), trazendo uma química que ultrapassa as telas e nos deixa extremamente vidrados às suas atuações. China traz uma vilã carismática, debochada e cheia de atitude, conquistando o público logo em sua primeira cena e nos encantando com sua voz magnífica, como uma boa filha da bruxa do mar faria. Thomas nos entrega um jovem louco e extremamente sedutor, com seu sotaque britânico e seus olhos esbugalhados que transmitem toda sua loucura interior e parecem enxergar fundo em qualquer um e se divertir com o desconforto que provoca.

O filme ainda nos presenteia com a adorável Dizzy (Anna Cathcart). A encantadora filha de Drizella foi uma antiga aprendiz de Evie e vive sonhando em como seria viver em Auradon. Feliz por sua amiga ter conseguido crescer na vida, Dizzy vive arrumando o salão da avó e arranca pequenos apertos no coração com seu jeito doce e animado. Chad (Jedidiah Goodacre) e Gil (Dylan Playfair) são extremamente descartáveis na trama. Enquanto o filho da Cinderela se mostra irritante, introvertido e extremamente burro comparado ao filme anterior, o filho de Gaston é só burro, trazendo algumas das cenas mais vergonhosas do longa.

Ortega não estava brincando ao dizer que tudo nesse filme estava maior e melhor que o anterior, e isso nos é mostrado em seus números musicais poderosos que nos consomem de uma maneira única. É impossível escutar as músicas do longa e não sair cantarolando ou arriscando alguns passos da complicada coreografia. O longa começa com a grandiosa Ways To Be Wicked, que mostra o conflito enfrentado por Mal logo na primeira cena. E, embora seja uma música maravilhosa, a cena parece deslocada e feita apenas para competir de frente com a inesquecível Rotten To The Core. Logo em seguida, temos a poderosa What’s My Name, que apresenta com maestria Uma e seus companheiros, além de trazer uma base consolidada para as personalidades dos mesmos e como eles vão interferir na trama. Uma das melhores músicas de apresentação feita pelo Disney Channel em minha humilde opinião.

Seguimos para a empolgante Chillin’ Like a Villain, onde Sofia ganha finalmente sua voz principal e Ortega mostra todo seu poder e referências ao incluir pequenas homenagens a Michael Jackson enquanto nos ensina a agir como vilões. Chegamos a emocional Space Between que nos traz um dos melhores duetos já feitos pelo canal. A força da amizade mostrada nessa música é sublime e transborda da tela, nos trazendo todas as inseguranças é o conforto em poder confiar em alguém. Então, chegamos ao ápice denominada It’s Goin’ Down, onde o confronto de ideias é finalmente posto a prova por um poderoso e envolvente número musical que empolga e nos prende a cada movimento.

Embora tenha seus erros, Descendentes 2 consegue firmar sua franquia e empolgar ainda mais o público. Trazendo uma história poderosa sobre ser fiel a quem você é e a nunca negar suas origens, além de mostrar a importância dos nossos atos nas vidas alheias tudo mesclado à ótima e referências aos clássicos Disney e a magia aqui presente. Deixando pontas soltas para uma possível continuação e nos deixando ainda mais desejosos de ver onde essa história vai acabar… afinal, existem muitas maneiras de ser M-A-L-V-A-D-O!!!

“Long live havin’ some fun
We take what we want
There’s so many ways to be Wicked
With us evil lives on
The right side of wrong
There’s so many ways to be Wicked”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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