Crítica | Descendentes (Descendants)

Nota
4

“Long Live Evil”

Após um belo casamento, A Bela e a Fera decidiram unir seus reinos com os demais e formar os Estados Unidos de Auradon e banir todos os vilões e malfeitores para a Ilha dos Perdidos, um lugar afastado do reino e coberto com uma barreira mágica que impedia dos mesmos de usarem magia e tentar se libertar. Por vinte anos o reino viveu em paz, ate o Príncipe Ben (filho da Bela e da Fera) tornar público seu primeiro decreto real. Prestes a se tornar o próximo rei, Ben decidiu que as crianças da ilha mereciam a chance de viver no reino e estudar na mesma escola que os outros. Para isso ele escolheu quatro candidatos: Carlos (filho de Cruella), Evie (filha da Rainha Má), Jay (filho de Jafar) e Mal (filha da Malévola).

Malévola (Kristin Chenoweth) vê nisso uma oportunidade de ouro. Ao ver sua filha ser enviada a Escola Preparatória de Auradon, ela dá uma missão poderosa às quatro crianças: eles precisam se infiltrar no reino e roubar a varinha magica da Fada Madrinha para que, enfim, a barreira seja quebrada e os vilões possam dominar o mundo mais uma vez! Enquanto tentam se encaixar em sua nova realidade, os filhos dos vilões começam a indagar se isso é realmente o certo a se fazer. Mas seriam eles capazes de ir contra seus pais e sua natureza? Ou uma maçã podre nunca cai longe da árvore? Afinal, somos podres até a alma…

Depois do sucesso da trilogia de High School Musical, o Disney Channel não tinha criado nenhuma nova franquia que brilhasse tanto e encantasse o público, mas o estúdio parece ter uma mina de ouro em seu maior sucesso… os contos de fada. Você nunca se perguntou o que acontecia depois do famoso “E viveram felizes para sempre”? Descendentes, o mais novo queridinho dos filmes originais do Disney Channel procura responder isso para os mais curiosos. Dirigido e coreografado pelo brilhante Kenny Ortega (Abracadabra), o longa nos apresenta uma nova geração dos contos de fadas tão amados pelo público da Disney.

É interessante acompanhar a dualidade dos personagens. As cores extravagantes da ilha dos perdidos em contraste com as cores pasteis e tranquilas de Auradon refletindo bem a personalidade de seus personagens. E é ainda mais intrigante ver que não é por você ser filho de um mocinho que você é inteiramente bom, ou vice-versa. Uma jogada genial dos roteiristas Josie McGibbon e Sara Parriott. A trama tem várias referências aos clássicos que amamos e um enredo tranquilo e acolhedor, que faz com que nos importemos com cada um dos personagens e com os seus destinos. Por ser um filme para a tevê, o orçamento não é um dos melhores e isso fica visível nos efeitos especiais do longa, não que isso tire a magia que o filme quer passar, mas é notável que algumas coisas parecem mal encaixadas.

O elenco jovem trabalha bem e tem uma ótima presença de tela, o elenco adulto serve de suporte para os mais jovens e dá todo o alicerce para que eles conduzam e segurem a trama. Mal (Dove Cameron) traz uma protagonista que sempre teve como espelho o ápice da crueldade e se mostra a mais relutante em aceitar que as coisas que conhece possam ser erradas e que sua nova realidade possa trazer um novo lado de sua personalidade. Mal é a líder do grupo e a que vive relembrando aos outros a importância da execução perfeita do plano. Seu contraste com Ben (Mitchell Hope) é notável, Mal é dissimulada e debochada enquanto Ben representa toda a bondade do mundo. A química dos dois vai crescendo conforme a trama avança e traz uma nova mistura ao enredo.

Evie (Sofia Carson) é sedutora e magnífica. A filha da Rainha Má tenta esconder sua inteligência por trás de coisas supérfluas por achar que ela precisa apenas ser bela e adorável. A personagem é uma das que tem o maior crescimento durante a trama, conquistando nossos corações e, com a ajuda de Doug (Zachary Gibson), consegue encontrar todo seu potencial. Jay (Booboo Stewart) é o típico brutamontes sem cérebro, mas que passa a encontrar seu caminho e o verdadeiro sentido de trabalhar em equipe. Um dos meus personagens favoritos é o que menos recebe desenvolvimento durante a trama, Carlos (Cameron Boyce) parece o mais atormentado dos Villans Kids, tendo um medo extremo de cachorros e sendo empregado da sua mãe. O seu plot se resume a ele aprender que talvez o mundo não seja como foi lhe dito e fazer amizade com um dos seus piores medos. Apesar de ser um ótimo dançarino, o personagem é pouco explorado, e torcemos para que seja mais usado nos próximos filmes da franquia.

Audrey (Sarah Jeffery) é mesquinha e insuportável, a filha da Bela Adormecida é o extremo oposto de sua mãe. Chega a ser irritante cada uma das cenas em que ela aparece mostrando que nem todo herói tem filhos tão exemplares. Sinceramente, a antagonista está mais preocupada com seu status escolar e em continuar sendo a mais bela do que qualquer outra coisa. Chad (Jedidiah Goodacre) usa sua beleza para conseguir o que quer, sendo irritante e inconveniente além de despertar a raiva no telespectador. Jane (Brenna D’Amico) é insegura e morre de medo de se destacar, mas mostra q pode ser bem venenosa quando quer.

No elenco adulto temos a brilhante Kristin Chenoweth que rouba cada uma das cenas em que aparece. Embora sua Malévola seja mais leve do que estamos acostumados, ela parece estar se divertindo no seu papel e confortável em deixar seus colegas de cena tão entrosados quanto ela. Mas nem tudo são flores, Cruella (Wendy Raquel Robinson) e Jafar (Maz Jobrani) são caricatos e por vezes chegam a causar uma vergonha alheia a quem está assistindo. Longe dos temíveis vilões que amamos odiar, os atores entregam personagens desconfortáveis e, por vezes, desrespeitos ao legado sombrio dos mesmos.

O filme brilha em sua parte musical. Com coreografias bem ensaiadas e bem construídas, Ortega mostra a que veio e entrega uma trilha memorável. Começamos com a poderosa Rotten To The Core, que mostra bem a personalidade de cada um dos nossos protagonistas, além de ser marcante e divertida e ter uma das melhores coreografias do longa. Um começo poderoso e significativo. Seguimos para a espetacular Evil Like Me, que mostra a potencial vocal da Kristin e seu conforto no papel, além de levantar os questionamentos de Mal. Passamos pra divertida Did I Mention e pela emocionante If Oly, que demonstra a fragilidade de Mal e o quanto doí para ela fazer certas escolhas. Mas, como nem tudo são flores, chegamos a desconfortável Be Our Guest, que tenta recriar a icônica música apresentada em A Bela e a Fera com uma mixagem de rap, o que cria uma bagunça tremenda e insossa. Terminamos então com a grandiosa Set It Off, com todas suas cores e vibrações finalizando bem o longa.

Com uma boa ideia é uma execução razoável, Descendentes abre espaço para uma nova saga que parece ser o novo grande trunfo do canal televisivo do camundongo mais amado do mundo. Com atores bem cativantes e personalidade própria, o filme conquistou uma leva de fãs e nos fez questionar o que realmente acontece depois do fim, e será mesmo que podemos ser tão diferentes dos nossos pais? Ou seremos sempre podres até a alma? Afinal, você não achou que esse é o fim da história… achou?

“Mirror, mirror on the wall
Who’s the baddest of them all?
Welcome to my wicked world, wicked world
I’m Rotten to the core”

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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