Nota
“Long Live Evil”
Após um belo casamento, A Bela e a Fera decidiram unir seus reinos com os demais e formar os Estados Unidos de Auradon e banir todos os vilões e malfeitores para a Ilha dos Perdidos, um lugar afastado do reino e coberto com uma barreira mágica que impedia dos mesmos de usarem magia e tentar se libertar. Por vinte anos o reino viveu em paz, ate o Príncipe Ben (filho da Bela e da Fera) tornar público seu primeiro decreto real. Prestes a se tornar o próximo rei, Ben decidiu que as crianças da ilha mereciam a chance de viver no reino e estudar na mesma escola que os outros. Para isso ele escolheu quatro candidatos: Carlos (filho de Cruella), Evie (filha da Rainha Má), Jay (filho de Jafar) e Mal (filha da Malévola).
Malévola (Kristin Chenoweth) vê nisso uma oportunidade de ouro. Ao ver sua filha ser enviada a Escola Preparatória de Auradon, ela dá uma missão poderosa às quatro crianças: eles precisam se infiltrar no reino e roubar a varinha magica da Fada Madrinha para que, enfim, a barreira seja quebrada e os vilões possam dominar o mundo mais uma vez! Enquanto tentam se encaixar em sua nova realidade, os filhos dos vilões começam a indagar se isso é realmente o certo a se fazer. Mas seriam eles capazes de ir contra seus pais e sua natureza? Ou uma maçã podre nunca cai longe da árvore? Afinal, somos podres até a alma…
Depois do sucesso da trilogia de High School Musical, o Disney Channel não tinha criado nenhuma nova franquia que brilhasse tanto e encantasse o público, mas o estúdio parece ter uma mina de ouro em seu maior sucesso… os contos de fada. Você nunca se perguntou o que acontecia depois do famoso “E viveram felizes para sempre”? Descendentes, o mais novo queridinho dos filmes originais do Disney Channel procura responder isso para os mais curiosos. Dirigido e coreografado pelo brilhante Kenny Ortega (Abracadabra), o longa nos apresenta uma nova geração dos contos de fadas tão amados pelo público da Disney.
É interessante acompanhar a dualidade dos personagens. As cores extravagantes da ilha dos perdidos em contraste com as cores pasteis e tranquilas de Auradon refletindo bem a personalidade de seus personagens. E é ainda mais intrigante ver que não é por você ser filho de um mocinho que você é inteiramente bom, ou vice-versa. Uma jogada genial dos roteiristas Josie McGibbon e Sara Parriott. A trama tem várias referências aos clássicos que amamos e um enredo tranquilo e acolhedor, que faz com que nos importemos com cada um dos personagens e com os seus destinos. Por ser um filme para a tevê, o orçamento não é um dos melhores e isso fica visível nos efeitos especiais do longa, não que isso tire a magia que o filme quer passar, mas é notável que algumas coisas parecem mal encaixadas.
O elenco jovem trabalha bem e tem uma ótima presença de tela, o elenco adulto serve de suporte para os mais jovens e dá todo o alicerce para que eles conduzam e segurem a trama. Mal (Dove Cameron) traz uma protagonista que sempre teve como espelho o ápice da crueldade e se mostra a mais relutante em aceitar que as coisas que conhece possam ser erradas e que sua nova realidade possa trazer um novo lado de sua personalidade. Mal é a líder do grupo e a que vive relembrando aos outros a importância da execução perfeita do plano. Seu contraste com Ben (Mitchell Hope) é notável, Mal é dissimulada e debochada enquanto Ben representa toda a bondade do mundo. A química dos dois vai crescendo conforme a trama avança e traz uma nova mistura ao enredo.
Evie (Sofia Carson) é sedutora e magnífica. A filha da Rainha Má tenta esconder sua inteligência por trás de coisas supérfluas por achar que ela precisa apenas ser bela e adorável. A personagem é uma das que tem o maior crescimento durante a trama, conquistando nossos corações e, com a ajuda de Doug (Zachary Gibson), consegue encontrar todo seu potencial. Jay (Booboo Stewart) é o típico brutamontes sem cérebro, mas que passa a encontrar seu caminho e o verdadeiro sentido de trabalhar em equipe. Um dos meus personagens favoritos é o que menos recebe desenvolvimento durante a trama, Carlos (Cameron Boyce) parece o mais atormentado dos Villans Kids, tendo um medo extremo de cachorros e sendo empregado da sua mãe. O seu plot se resume a ele aprender que talvez o mundo não seja como foi lhe dito e fazer amizade com um dos seus piores medos. Apesar de ser um ótimo dançarino, o personagem é pouco explorado, e torcemos para que seja mais usado nos próximos filmes da franquia.
Audrey (Sarah Jeffery) é mesquinha e insuportável, a filha da Bela Adormecida é o extremo oposto de sua mãe. Chega a ser irritante cada uma das cenas em que ela aparece mostrando que nem todo herói tem filhos tão exemplares. Sinceramente, a antagonista está mais preocupada com seu status escolar e em continuar sendo a mais bela do que qualquer outra coisa. Chad (Jedidiah Goodacre) usa sua beleza para conseguir o que quer, sendo irritante e inconveniente além de despertar a raiva no telespectador. Jane (Brenna D’Amico) é insegura e morre de medo de se destacar, mas mostra q pode ser bem venenosa quando quer.
No elenco adulto temos a brilhante Kristin Chenoweth que rouba cada uma das cenas em que aparece. Embora sua Malévola seja mais leve do que estamos acostumados, ela parece estar se divertindo no seu papel e confortável em deixar seus colegas de cena tão entrosados quanto ela. Mas nem tudo são flores, Cruella (Wendy Raquel Robinson) e Jafar (Maz Jobrani) são caricatos e por vezes chegam a causar uma vergonha alheia a quem está assistindo. Longe dos temíveis vilões que amamos odiar, os atores entregam personagens desconfortáveis e, por vezes, desrespeitos ao legado sombrio dos mesmos.
O filme brilha em sua parte musical. Com coreografias bem ensaiadas e bem construídas, Ortega mostra a que veio e entrega uma trilha memorável. Começamos com a poderosa Rotten To The Core, que mostra bem a personalidade de cada um dos nossos protagonistas, além de ser marcante e divertida e ter uma das melhores coreografias do longa. Um começo poderoso e significativo. Seguimos para a espetacular Evil Like Me, que mostra a potencial vocal da Kristin e seu conforto no papel, além de levantar os questionamentos de Mal. Passamos pra divertida Did I Mention e pela emocionante If Oly, que demonstra a fragilidade de Mal e o quanto doí para ela fazer certas escolhas. Mas, como nem tudo são flores, chegamos a desconfortável Be Our Guest, que tenta recriar a icônica música apresentada em A Bela e a Fera com uma mixagem de rap, o que cria uma bagunça tremenda e insossa. Terminamos então com a grandiosa Set It Off, com todas suas cores e vibrações finalizando bem o longa.
Com uma boa ideia é uma execução razoável, Descendentes abre espaço para uma nova saga que parece ser o novo grande trunfo do canal televisivo do camundongo mais amado do mundo. Com atores bem cativantes e personalidade própria, o filme conquistou uma leva de fãs e nos fez questionar o que realmente acontece depois do fim, e será mesmo que podemos ser tão diferentes dos nossos pais? Ou seremos sempre podres até a alma? Afinal, você não achou que esse é o fim da história… achou?
“Mirror, mirror on the wall
Who’s the baddest of them all?
Welcome to my wicked world, wicked world
I’m Rotten to the core”
Phael Pablo
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Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...