Crítica | Detona Ralph (Wreck-it Ralph)

Nota
5

“Eu sou mau e isso é bom. Nunca serei bom e isso não é mau. Não há ninguém que eu queria ser além de mim.”

Detona Ralph sempre teve o mesmo emprego durante 30 anos. Ele destrói um prédio e o seu rival, o Conserta Félix Jr., reconstrói tudo, terminando com Ralph sendo jogado do prédio. Cansado de nunca ser recompensado pelo seu trabalho, o Ralph parte em busca da coisa que mais almeja, uma medalha de herói, para poder provar a todos que ele não é uma pessoa ruim, que todos imaginam que seja.

Determinado, ele faz a única coisa proibida no mundo dos jogos: salta para um outro videogame em busca da tão aguardada medalha. Porém, ao chegar lá, percebe que Hero Duty é mais perigoso do que ele imaginou e, quando um personagem morre fora de seu jogo, ele desaparece para sempre. Com medo de morrer, ele atrapalha o jogador, fazendo-o perder. Enquanto isso, seu jogo original entra em colapso pela falta do vilão, sendo posto em manutenção e com o risco de ser totalmente desligado.

Após a derrota do jogador, todas as criaturas do jogo em que estava foram destruídas por uma luz misteriosa, assim ele pode subir o prédio sem muitos problemas e conseguir sua medalha. Os problemas começam quando ele tropeça em um ovo do monstro, que é aberto e dá vida a um inseto maligno, que logo ataca Ralph, fazendo com que ele ative mais e mais ovos. Sem perceber, o grandalhão entra numa cápsula de fuga levando consigo a criatura asquerosa. Félix, desesperado, vai atrás dele, também invadindo o jogo, e é atacado pela Sargento Calhoun e se apaixona a primeira vista, enquanto Ralph passa por ele na cápsula de fuga indo sem controle até outro jogo, o Sugar Rush.

Ao entrar nesse novo jogo, a nave os ejeta. No processo, Ralph perde a medalha e a criatura desaparece. Na tentativa de recuperar seu bem mais precioso, ele acaba encontrando uma garotinha chamada Vanelope, que rouba a medalha para poder participar da corrida de seu jogo. Detona Ralph é o 52° longa de animação dos estúdios Disney e partiu por um caminho nunca explorado pelos estúdios, o mundo dos videogames.

A Disney decidiu ir na contramão de suas famosas obras e contar o ponto de vista não explorado ate o momento: o do seu antagonista. O roteiro brinca várias vezes com esse conceito, mostrando bem o outro lado da história. Com inúmeras participações especiais e referências a jogos reais, uma das cenas mais divertidas de se ver é quando Ralph está numa sala em uma sessão de autoajuda junto com Zangief, Bowser, Dr. Eggman, Neff entre outros vilões, onde eles se aceitam como são. Além dos vilões, vemos famosos personagens de jogos, como a Chun Lee, a Princesa Peach, PAC man, Q*bert e muitos outros, além de referências a alguns personagens, como, por exemplo, a Lara Croft e o Mário.

A animação é deslumbrante, durante o dia, quando o fliperama está aberto, são respeitados os gráficos de cada um dos jogos, Fix it Felix Jr. são representadoa em 8 bits, enquanto Hero Duty em 3D. Durante a noite, os personagens são todos em 3D, o que ajuda na imersão do espectador durante o filme. Durante o processo de pré-produção do longa, Thomas Newman foi contratado para produção da trilha sonora, porém foi substituído por Henry Jackman. Contando com músicas famosas como Shut Up and Drive, de Rihanna, e Bug Hunt de Skrillex (que fez uma pequena aparição no filme), a trilha sonora acrescenta ainda mais na imersão durante o longa.

Ralph se sente humilhado e excluído, como uma parte mal encaixada de seu próprio jogo, principalmente depois da humilhação que passou ao não ser convidado para a festa de 30 anos do próprio jogo. Após esse acontecimento, ele sente que precisa se provar e ser algo mais do que todos pensam que ele é. É empolgante ver o outro lado de um “vilão”, lidando com todos os seus dilemas e questionamentos enquanto aprende mais sobre si e seu papel no mundo. Semelhante ao grandalhão, Vanelope também é excluída de seu próprio jogo, caçada e perseguida pelo Rei Doce, além de humilhada e maltratada pelas corredoras.

Sua vida muda quando Ralph aparece, a relação dos dois fica mais forte no momento em que ele a ajuda a se defender e descobrir todo o seu potencial, após isso eles se tornam amigos inseparáveis. É engraçado analisar as semelhanças e peculiaridades dos dois personagens e a notável química que faz o público se emocionar, torcer e se apegar a improvável dupla.

Repleto de easter eggs, é com uma tocante nostalgia que Detona Ralph nos traz de volta a nossa infância e expande nossos horizontes, convidando o espectador a analisar o outro lado da história e a nos aceitar do jeito que somos. Afinal, se aquela menininha gosta dele, como ele pode ser mau?

Graduado em Biológicas, antenado no mundo geek, talvez um pouco louco mas somos todos aqui!

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