Crítica | Divertida Mente 2 (Inside Out 2)

Nota
5

Após o aniversário de 13 anos de Riley, em sua sala de controle é acionado o botão da puberdade, e com ela vem novas emoções, novas didáticas e novas funções. Apesar de continuarmos com os cinco sentimentos principais (Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva), Riley cresceu, desenvolvendo novas habilidades, emoções, convicções e até uma personalidade mais formada, ela começa a despertar “o seu senso de si” ou “autoconsciencia” de quem é, porém esse amadurecimento também permite a chegada de novas emoções: a Ansiedade, a Inveja, a Tédio, o Vergonha e, chegando sorrateiramente, a Nostalgia.

A agitação começa no momento em que a Ansiedade chega, já mexendo nos controles, falando que planeja o futuro da Riley, em paralelo, na vida pessoal da garota, ela vê suas amigas do hockey indo para outra escola e ela vai para um acampamento de hockey, onde sua técnica vai fixar de olho em novos talentos. Esses três dias de acampamento mais a chegada da puberdade é tudo que a Ansiedade precisa para nos mostrar para que veio. Divertida Mente 2 se propõe a mostrar o que se passa na cabeça de uma adolescente, com grandes mudanças no seu futuro mas com um bom coração e bons princípios. Mas como as novas mudanças vão mexer com ela e suas ações? Como se forma uma convicção? Como a Ansiedade pode ser positiva e também negativa? E quanto ela pode causar alguns danos e dúvidas na nossa mente?

O roteiro nos mostra de forma bem concisa como o amadurecimento, as falhas, a vontade de pertencimento, as vergonhas e as oscilações de emoções podem afetar a vida de uma adolescente, e o quão exageradas e embaraçosas elas podem ser nessa fase da vida de todas as crianças irão passar, além de como os adultos vão enxergar suas crianças. O longa é uma animação de aprendizado mútuo para uma família. O design dos personagens é um ponto alto da produção, a Ansiedade é laranja, uma cor enérgica, não tem nariz, pois o que menos fazemos quando estamos ansiosos é respirar, e um cabelo louco e bagunçado, além ficar tomando energetico ou café, não parar de falar ou planejar, vemos até uma certa semelhança entre ela e o Medo, mas como a mesma explica, ela é proteção e planejamento sobre coisas que ainda não aconteceram no futuro, e o Medo, é a proteção de coisas que ela pode ver, que já passou ou a prevenção do agora. A Inveja se mostra como fofa, inocente e enorme olhos, atenta a tudo que acha bonito. Já o Vergonha, que é grande, sufoca e tenta se esconder de forma insuficiente. O Tédio é representado como um personagem antissocial, sem ânimo e que evita trabalho ao máximo, inclusive vemos até um uso de controle portátil. Cada emoção tem seu papel, mas todas querem o melhor para Riley, do seu jeito e da sua forma de agir.

A paleta de cores, que no filme anterior ficava apenas entre o azulado e amarelado, tem a adição de muito laranja, contrastando com azul e roxo. Além disso, temos alguns personagens em animação 2D, que fazem todo sucesso dentro do contexto em que são abordados, e vemos animações de partículas mais presentes nos closes nas emoções, como também na parte das convicções e ideias da Riley. O longa apresenta mais ação, como nas cenas da Riley jogando hockey e nas loucuras e movimentações em sua mente. É trabalhado ainda um desenvolvimento na relação da Alegria com a Tristeza, que agora são mais amigas, ao mesmo tempo que voltamos para a mesma problemática do primeiro filme: a Alegria com medo de perder o controle da Riley, dessa vez para as novas emoções. Desde o começo é notavél que ela até dá espaço para as novas emoções, entende que cada uma terá sua função, mas fica inconformada com as mudanças bruscas que a Riley sofre e com o efeito das novas emoções.

O filme conversa até sobre saúde mental, como a Ansiedade trabalha no filme em paralelo com a vida real. É perceptivel que houve um estudo bem profundo para transmitir esse conhecimento da psique humana, seja pelo lado psicologico, como neurológico e até psiquiátrico, sobre como funcionamos e como transpor essa informação abstrata para uma animação leve, um trabalho árduo do diretor, Kelsey Mann, e da roteirista, Meg LeFauve. A escolha de Tatá Werneck para dublar a Ansiedade é a cereja do bolo, ela entrega altos e baixos da personagem, bem como sua agilidade na fala, necessária para personagem. É interessante como as novas emoções combinam curiosamente com as antigas de diversas formas, tanto no design, como nas funções ou em suas interações. O longa ainda explora os cofres de segredos da Riley, com um segredo muito obscuro e um final aberto que deixa espaço para mais uma sequência, que pode ser um filme ou um curta. Com altas chances de levar o Oscar de Melhor Animação, Divertida Mente 2 conversa com diferentes públicos, da um upgrade na franquia, apresenta personagens memoráveis, nos faz nos conectarmos com a personagem e por vezes nos emocionar. A Pixar sabe atuar em um bom filme e sempre nos deixa com um gostinho de quero mais.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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