Crítica | Divórcio

Nota
3

“Cês sabem qual é o pior tipo de casamento? Aquele que dura!

Na humilde Ribeirão Preto, Noeli, filha de um homem rico local, desiste de seu casamento arranjado para fugir com Júlio, escolhendo uma vida humilde e um casamento feliz. Com o tempo, eles acabam criando o molho de tomate Juno, com uma receita secreta criada pelo casal e que logo se torna um sucesso, os fazendo enriquecer. O tempo e a rotina faz com que o casal se distancie, o que os leva a se separar e, para defender seus patrimônios, iniciar uma guerra e a busca pelo melhor advogado para tirar tudo um do outro.

Dirigido por Pedro Amorim, o longa lançado em 21 de setembro de 2017 é uma daquelas produções honestas, bastante imperfeita, mas que entrega o que promete. A trama é uma daquelas comédias bem café com leite, que pode até ter atuações um pouco forçadas, mas, no final, funciona. Rasgando despretensiosamente os dilemas de um casamento falido, divagando sobre todas as maravilhas do início e nos levando até o divertido inferno do término, com personagens bem estereotipados e cheio de características marcantes. Apesar de suas imperfeições, o longa ainda conseguiu ser premiado pela Academia Brasileira de Cinema com o Grande Otelo de melhor longa-metragem de comédia em 2018.

Com um roteiro criado por Angélica Lopes, André Araújo, Paulo Cursino e LG Tubaldini Jr., o longa parece não ter medo de cair no ridículo, e isso fica ainda mais claro pela evolução dos protagonistas. Na batalha pelo divórcio, temos, de um lado, Murilo Benício como Júlio, um carioca bem decidido, que luta sem medo para conseguir seus objetivos, mas que acaba se acomodando na vida de casado de uma forma incomoda, sua risada marcante acaba sendo uma referencia frequente no texto e que adiciona uma graça maior em certas cenas, mas sua evolução dramática acaba sendo a grande guia para impulsionar o enredo. Do outro lado temos Camila Morgado e sua Noeli, uma mulher que pode até parecer fútil e acomodada, mas que guarda uma guerreira em seu interior, Noeli se torna a doce garota propaganda da Juno, se torna a primeira dama ideal, mas o divorcio a transforma de uma forma bruta, ela começa a sentir os riscos e precisa mostrar seu lado predador na hora de depenar Júlio, na hora de defender sua honra e de fazer o ex-marido sofrer psicologicamente.

Com um ‘caipirês’ que logo se torna cansativo, Divórcio pode até ser um filme para passar o tempo, mas dificilmente pode ser considerada como uma comédia nacional de referencia. Camila Morgado consegue manter bem as piadas e tudo fica ainda mais harmonioso quando vemos o quanto Murilo Benício se encaixa bem como o maridão caipira, o Dr. Lobão de André Mattos não rende bem, mas dá uma boa agitada na trama, impulsos leves como os de Luciana Paes, que interpreta a melhor amiga de Noeli. O longa nacional pode não chamar tanto a atenção, mas para quem busca uma comédia despretensiosa para fugir do tédio, é uma opção a se considerar.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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