Nota
“São as surpresas que fazem valer a pena viver a vida.”
Depois que tiveram suas vidas mudadas ao ousar no clube do livro, Diane, Vivian, Sharon e Carol acabaram precisando enfrentar a rotina e a distancia infligida pela pandemia, além de (no caso de Carol e Sharon) a chegada da aposentadoria. Mas com o fim do distanciamento social e a constatação do quanto a vida é preciosa, o quarteto decide aproveitar que Vivian acabou de noivar e realizar o sonho de adolescencia de fazer uma viagem à Itália, elas só não esperavam que a divertida viagem de garotas rapidamente sairia dos trilhos e se transformaria numa aventura de cross-country única, cheia de revelações chocantes e com o ressurgimento de dilemas do passado.
Em 2018, Bill Holderman dirigiu o longa escrito por ele e Erin Simms, uma produção focada em mulheres de 60 anos que estavam descobrindo sobre a possibilidade de sentir desejo e exercer a sexualidade na terceira idade, uma trama que não nos surpreendeu, mas que parecia trazer a formula Sex and the City para uma abordagem da terceira idade, algo que deu bastante certo. Agora, cinco anos depois, o quarteto, que agora está na casa dos 70, volta com novas visões, mostrando o impacto que a aposentadoria e a pandemia teve nas suas vidas, apostando tudo na amizade entre as protagonistas e o desejo por viver a vida depois de meses trancadas em suas casas, tudo isso sem deixar de lado as tiradas picantes que fizeram tanto sucesso em seu antecessor. A produção, mesmo que se mostre bem mais leve, não perde em nada no quesito humor, charme, empoderamento, e atratividade.
Diane Keaton vive uma Diane em processo de renovação, ela passou tanto tempo encarando seus pertences que começou a enxergar que precisa mudar seu ambiente para voltar a se sentir bem, e isso inclui dar um desfecho para Harry, seu ex-marido cujas cinzas ela mantém guardadas. Jane Fonda mostra que Vivian não só continua ao lado de Arthur, como resolveu encarar seus fantasmas e finalmente aceitar seu pedido de casamento, depois de 50 anos, quebrando completamente suas crenças. É justamente o pedido de casamento de Arthur quem faz as mulheres encontrarem o pretexto para uma viagem à Ítalia, uma viagem de despedida de casamento aliada a uma jornada de quatro amigas que ficaram separadas por tempo demais. Candice Bergen, que vive a ex-juiza Sharon, foi uma das que mais sentiu a perda de sua identidade durante a pandemia, a mulher se aposentou, se viu presa a celebrar casamentos e ainda não conseguiu encontrar um namorado nos sites de relacionamento, projetando toda a sua frustração em sua gata. Mary Steenburgen completa o quarteto com Carol, que acabou precisando fechar o restaurante como consequencia da pandemia e ainda foi atingida pelo infarto de seu marido Bruce, o que a fez mudar completamente sua vida, passando a limitar cada vez mais a vida dela e seu marido, claramente com medo da incidencia de um novo infarto.
Cheio de simpatia e boas piadas, Book Club 2 aproveita a excelente atuação de suas protagonistas para captar o expectador, sem papas o longa enfatiza a importancia de viver uma paixão, derrubar seus bloqueios, enxergar seus verdadeiros anseios e, principalmente, acreditar que a idade é só um numero que não impõe limites para nada. A química do quarteto central é profundamente palpavel, elas parecem encarnar perfeitamente as personagens e a amizade delas, transformando todo o resto do elenco em apoios da narrativa de cada uma ao mesmo tempo que as atrizes impulsionam as tramas uma das outras, apesar de a trama ser completamente guiada pelas páginas de O Alquimista, o roteiro torna isso sutil, assim como muitas das piadas que são construidas discretamente e nos puxam quando chegam ao apice. Galgada em cenas que poderiam fazer parte do cotidiano de toda pessoa, o longa não exagera ao criar as situações que as mulheres vivenciam, brincando com o encontro com pessoas do passado, vulnerabilidades de ser turista em outro pais e até desastres mecanicos que possam surgir quando se está longe de casa, tudo isso ao mesmo tempo que a projeção encanta a plateia com sua trilha pop e seus cenários majestosos.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.