Nota
2012, numa Nova Iorque pós-apocalíptica, totalmente isolada do mundo e destruída por um virus mortal, Robert Neville (Will Smith), um biólogo, cientista e pesquisador, é o único humano imune ao virus na ilha, e está buscando a cura do virus que transformou as pessoas em monstros da noite, que são sensiveis a luz solar e bastante agressivos.
O filme começa com um shot mostrando a cidade completamente desolada, sem um único ser humano na rua, o sol passando pelas avenidas e entre os predios, criando uma fotografia linda, e só depois nos introduz Will Smith, em seu carro com o seu único parceiro canino, Sam. As regras desse mundo apocaliptico vão sendo introduzidas ao decorrer dos dias com o Robert, seja caçando comida, se trancando a noite, vendo jornais antigos, cuidando da casa, e mostrando seus flashbacks e seu diario de pesquisa.
O filme vai destrinchando o psicológico abalado do pesquisador, por estar há anos sozinho, quase sem esperanças de achar a cura, mas sem desistir, pois a raça humana depende dele. É em uma dessas caçadas que ele decide capturar um infectado para ser sua cobaia (Joanna Numata), uma forma de testar um possível soro, e percebe que o virus está evoluindo quando outro dos infectados (Dash Mihok), vai contra o extinto de sobrevivencia do virus e tenta entrar na luz do sol. Terceira adaptação do livro do Richard Matheson, Eu Sou a Lenda, o filme tem direção de Francis Lawrence, famoso por seu trabalho em Constantine e nos filmes da franquia Jogos Vorazes, e apresenta várias referências a filmes e jogos sobre apocalipse zumbi, como os da franquia Resident Evil. A direção de Lawrence é impecável, nos fazendo criar um interesse e envolvimento com cada personagem, até com o próprio Sam, através de uma cena bastante tocante, nos deixando intrigados sobre a inteligencia das criaturas e com o drama do Smith sendo essencial para o funcionamento do filme.
A fotografia traz a essência de um amanhecer num mundo desolado com uma atmosfera escura, fria, perigosa e que nos faz ficar atento. A cena da ponte do Brooklyn foi um enorme investimento, mas entrega uma maior dramaticidade à obra, principalmente para os americanos. O figurino aposta em roupas modernas, usadas, desgastadas, mas o destaque vai para a maquiagem e os efeitos especiais dos infectados, que possuem sua impressão própria, não são zumbis abobalhados, eles tem suas características próprias. Destaque para a atuação da brasileira Alice Braga, que é apresentada num momento bárbaro do filme e carrega sua personagem com uma mensagem de esperança incrível, e com um toque de direção para nos traduzir essa imagem de forma que se transforme na cereja do bolo.
Eu Sou a Lenda se mantém bastante atual ainda em 2023, ele envelheceu como vinho dado a tudo que enfrentamos com a Covid 19, podemos nos aproximar mais sobre as medidas tomadas pelo governo no filme, sobre o lockdown, sobre os cientistas buscando a cura, sobre toda a loucura de uma pandemia, tudo de forma mais clara e mais envolvente. Talvez antes não fosse possivel enxergar tanto a carga emocional da trama como hoje, agora parece muito mais fácil se entregar à ficção e ação de um mundo pós apocalíptico. O filme prova que dá para trazer drama numa ficção científica de forma primorosa, e que com um bom desenvolvimento de personagem um filme por ir longe. Um bônus é seu final alternativo, abrindo as portas para uma possivel sequência que deixa expectativas altas.
Lucas Vilanova
Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror