Crítica | Feel the Beat

Nota
4

“Enquanto eu viver, e ainda vou viver muitos anos,
vou garantir que você não seja chamada para nenhum
espetáculo na Broadway ou fora da Broadway”

April era uma popular dançarina da Broadway, até que, numa manhã chuvosa, roubou o táxi de uma mulher para não chegar atrasada numa audição, o que ela não sabia era que aquela mulher era a maravilhosa Ruth Zimmer, uma das mais influentes pessoas na Broadway, que a baniu completamente dos palcos, fazendo com que a garota precisasse fugir de Nova York para sua cidade natal, no Wisconsin. Voltando às suas origens, April começa a se sentir amada novamente e, por acidente, encontra num grupo de dançarinas desajeitadas a chance de voltar à Broadway.

Todo mundo conhece a tipica história da estrela que precisa dar uma pausa no glamour e acaba voltando para sua cidade natal, passando por um processo interno onde redescobre suas raízes, valores e o que realmente importa, e eu devo revelar que Feel the Beat é mais um desses filme, que já é um clichê nos filmes adolescentes. April saiu de sua cidade de uma forma desastrosa, ela abandonou todos e deixou marcas, principalmente em NickSarah. April e Nick eram namorados, até que a garota fugiu para a Broadway e enviou um sms acabando o namoro, algo que destruiu o garoto na época e abala as estruturas dos dois agora, quando se reencontram. Já com Sarah, a irmã caçula de Nick, o rancor é ainda maior. April saiu da cidade sem falar nada para Sarah, e a garota cresceu na sombra de April, sonhando em um dia se tornar a dançarina que April foi, ver a mulher a abandonar deixou ela cheia de feridas, e ver April voltar agora desperta toda a raiva e rancor que a menina guardou nos últimos anos, a tornando a mais cabeça dura do grupo, com a defesa sempre levantada, sem querer passar novamente pela mesma decepção. Quando April assume as aulas de Barb, que foi sua professora de balé no passado, ela se depara com garotas complemente sem jeito. Ver a transformação que as garotas vão passando, em paralelo com as mudanças internas de April, é o que nos prende ao longa.

Sofia Carson dá um show de atuação, carregando o filme nas costas quase o filme inteiro. April é odiosa em certos momentos, mas tem uma jornada cativante com sua constante busca pela perfeição e pelo destaque, se mostrando tão arrogante ao mesmo tempo que nos permite conhecer seu intimo, deixando claro que todo esse gênio é uma forma de se defender depois de seu duro passado. O filme agarra seu clichê, sem ter vergonha disso, e nos surpreende justamente por seus detalhes, que nos prende de uma maneira espetacular, mas erra ao deixar muitas questões em aberto. O longa não se aprofunda em nos contar o que aconteceu com a mãe de April ou nos aprofundar sobre seu relacionamento com Nick, criando menções que parecem justificar certas cenas mas não às dá profundidade suficiente para que elas tenham um verdadeiro valor roteirístico. Wolfgang Novogratz tem muito potencial na trama, ele tinha tanto a construir mas acabou sendo subaproveitado no enredo, sendo reduzido simplesmente ao interesse amoroso que surge, convenientemente, em rápidas cenas de romance água com açúcar, com tão pouco tempo de tela que não sentimos empatia nenhuma entre os atores, não vemos uma relação palpável apesar de sabermos que eles estão predestinados a ficar juntos.

Apesar de April e Nick ser claramente a escolha perfeita de protagonismo, o roteiro de Michael Armbruster e Shawn Ku optou em deixar o romance de lado e focar na jornada pessoal de April, o que nos deixa com aquele gostinho de quero mais nas cenas de Carson e  Novogratz, e um pouco decepcionados, mas é algo inteligente até certos pontos. A trama inteira prova que não precisamos ter um romance como centro das atenções, que podemos ter uma mulher independente tendo sua história independente, mas o roteiro erra justamente por criar uma trama fraca demais para se sustentar, não se aprofundando quase em nada no elenco de apoio e, descaradamente, usando a fofura de Justin Caruso Allan (Dicky) para nos conquistar com suas performances. Dirigido por Elissa Down, o longa pode não ser uma superprodução mega recomendada, mas é capaz de dar aquele calorzinho no coração, típico daqueles filmes ‘Sessão da Tarde’, e se emocionar. Feel the Beat é o típico clichê teen que vai te deixar apaixonado e querendo rever sempre que possivel.

“A gente vai conseguir. Só temos que ficar em terceiro.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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