Crítica | Festa no Céu (The Book of Life)

Nota
4

Na cidade de San Miguel, no México, Maria Posada, Manolo Sanchez e Joaquim Mondragon, três amigos de infância tem seus destinos e vidas envolvidos em uma aposta de outro mundo, entre Xibalba e La Muerte, que apostam como esse triângulo amoroso vai acabar e com quem Maria irá se casar. Quem ganhar assume a Terra dos Lembrados, quem perder fica com a Terra dos Esquecidos.

O diretor Jorge R. Gutiérrez, já famoso por outros filmes de animação focados na cultura latina, nos apresenta aqui um ambiente bastante importante na cultura mexicana: o día de los muertos e o respeito pelas tradições. Nos trazendo uma imersão nas lendas e na cultura, de forma que o público infantil se encante por suas origens e o público adulto fique feliz de ver sua infância, sua vivência, sua história passada para suas crianças, da mesma forma que aqueles que pertencem a outras culturas e crenças se interessem e possam se imergir nessa aventura. A direção de arte traz desde os toureiros às caveiras de día de los muertos, representando o ambiente familiar das famílias latinas e histórias de amor de novelas mexicanas.

Além da iluminação e da paleta de cores muito bem trabalhadas, seja na Terra dos Vivos, com tons alaranjados em contraste com o azul do céu, seja na grande iluminação da Terra dos Lembrados, com cada lanterna e vela acesa, ou no escuro e esverdeado da Terra dos Esquecidos. O design de personagens usando bonecos de madeira ou brinquedos fazem o filme entregar um apelo visual muito forte e único. As personalidades dos personagens são bem definidas, e evoluem com o decorrer da história passando por um bom desenvolvimento. Maria definitivamente é uma mulher forte, Manolo é construido como um verdadeiro romântico que vai se transformando em herói e Joaquim vai passando de um herói a um anti-herói. Além de tudo isso, o longa ainda consegue falar da problemática dos animais das touradas de uma forma muito leve e carismatica. La Muerte, Xibalba e o Homem de Cera possuem muitos elementos visuais chave, que respeitam profundamente suas próprias lendas, além de termos La Muerte e Xibalba complementares no círculo cromático, como um par romântico de pessoas com personalidades completamente diferentes.

Festa no Céu é um bom filme para apresentar a cultura Latina para o mundo afora e para as crianças, além de trabalhar muito bem questões atuais e dramas familiares. O filme realmente encantou a todos, além de concorrer ao Globo de Ouro de Melhor Animação em 2015. Suas canções, como “Creep” do Radiohead e “Can’t Help Falling In Love With You” do Elvis Presley, foi um deleite para a animação, além de “Si Puedes Perdonar” (ou “Touro Me Perdoe”), que ficou linda tanto para o momento como para educar o público sobre os animais. Cada música funcionou para cada momento e foram muito bem adaptadas na dublagem brasileira, sem perder o significado da letra original e sem ficar fora da rima músical. Destaque ainda para Marisa Orth dublando La Muerte, de forma bem sedutora, e Thiago Lacerda dublando o galante Joaquim aqui no Brasil tão quanto Channing Tatum fez nos EUA.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *