Crítica | Flamin’ Hot: O Sabor Que Mudou a História (Flamin’ Hot)

Nota
2

Quem poderia imaginar que um zelador poderia chegar no topo de uma empresa gigante e além disso criar um salgadinho que ficou popular em todo o mundo? Essa é a história de Richard Montañez (Jesse Garcia), que fez o improvável de convencer o dono da marca Frito-Lay a não só implementar um sabor novo, como um sabor picante que ninguém imaginaria que ficaria tão popular não apenas com o público latino, mas também com o público geral.

Relatando a vida de imigrantes mexicanos, desde a infância Richard se mostrou incomodado com a forma que os estadunidenses lhe tratavam, principalmente quando achavam as suas comidas típicas estranhas e nojentas. Isso numa época muito antes de um Chipotle ou Taco Bell, redes de comida mexicanas populares nos EUA, Richard viu aí uma oportunidade de negócio. Ao invés de continuar ouvindo o bullying diário, ele decidiu vender na escola burritos e fez um maior sucesso. Foi nessa época que ele conheceu sua esposa, Judy Montañez (Annie Gonzalez), e os dois crescendo, acabaram tendo que ir para uma vida de delitos. Mas quando Judy engravidou dos seus filhos, Richard se viu sem saída senão largar o crime e arrumar um emprego normal para sustentar sua família e não acabar deixando-os sozinhos sem apoio. Mas isso não tirou seus sonhos, ele se manteve sonhador mesmo sem tempo para isso numa rotina louca de uma grande fábrica.

Tendo uma notoriedade em premiações locais estadunidenses, Flamin’ Hot conseguiu uma indicação ao Oscar pela música original “The Fire Inside”, tocada nos créditos do filme, composta por Diane Warren, que soma indicações por música original no Oscar por 7 anos consecutivos. A cantora de origem mexicana Becky G foi a escolhida para interpretar a música tema do filme, e os fãs da cantora podem esperar uma performance na cerimônia, que vai acontecer neste dia 10 de março de 2024.

Apesar de ser uma bela história de superação, o grande problema desse filme se deve ao Richard Montañez da vida real, porque o próprio Richard diz que o filme é baseado em uma história real, que o mesmo ganhou a vida em contar em diversas palestras motivacionais pelos EUA. Mas mesmo que o filme e o próprio Richard clamem a veracidade dos fatos, a história contada pela empresa Frito-Lay é outra, tendo se pronunciado numa entrevista ao The Times que “Nenhum dos nossos registros mostram que Richard estava envolvido em nenhuma capacidade nos testes de mercado do Flamin’ Hot… Os fatos não apoiam a dita lenda urbana”.

Mas sendo uma grande fanfic ou não, o filme em si também tem alguns problemas na sua concepção, mesmo sendo um filme divertido e que entretém. Flamin’ Hot em suas cenas iniciais afirma que não pretende explorar estereótipos etnico-raciais, típicos quando se retratam personagens latinos, mas isso não acontece. O filme se apoia do começo ao fim em estereótipos do cinema com personagens latinos, o que não chega a ser 100% ofensivo, mas é com certeza um tipo de construção extremamente preguiçosa. Flamin’ Hot, que disputa melhor música original no Oscar, segue uma narrativa preguiçosa e estereotipada baseada numa suposta “história real”. Baseado ou não, o filme, que está disponível na Disney+, está longe de ser um favorito na premiação, mesmo tendo uma compositora renomada no comando da canção. Ainda assim, o filme pode ser um programa de divertimento certeiro para os mais velhos, com uma pegada bem “Sessão da Tarde”, mas com um enredo tão preguiçoso que talvez não agrade nem os menos exigentes.

 

Ilustradora, Designer de Moda, Criadora de conteúdo e Drag Queen.

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