Nota
Dirigido por Mimi Cave e escrito por Lauryn Kahn, nós conhecemos a protagonista Noa, vivida por Daisy Edgar-Jones, que está se prepara para um encontro que tem tudo para dar errado, suas expectativas não são boas, mas sua melhor amiga, Molly (interpretada por Jojo T. Gibbs), não perde a fé com o seu bom humor e a incentiva a dar uma chance ao homem que a esperava em um restaurante japonês, mas minutos depois o desastre acontece. O seu “date” em questão é um mau educado que faz qualquer mulher perder as esperanças no amor, mas logo ela cruza o seu caminho com um rapaz, bonito e charmoso no meio do supermercado. Steve Kemp, interpretado pelo talentosíssimo Sebastian Stan, chega conquistando corações com seu sorriso tímido e suas piadas dignas de personagem tirado de uma comédia romântica, e esse encontro inesperado no meio da sessão de hortifruti foi o bastante para que eles trocassem números e se interessassem um pelo outro.
No primeiro encontro, tudo parece perfeito, os dois tem muita coisa em comum, são dois solteirões que odeiam as complicações implícitas em um “namoro” como encontros forçados, mentiras para agradar o parceiros e fingimentos que degradam qualquer relacionamento, e essa sinceridade e transparência leva os dois a entrarem em um romance intenso, onde duas pessoas estão perdidamente apaixonadas. Mas a atmosfera do filme muda completamente quando temos o vislumbre da verdadeira face de Steve, que não é um homem tão perfeito assim e, em poucos minutos, seu jeito fofo e meigo desaparece dando forma a um homem sombrio, maldoso e cruel.
A estreante na direção Mimi Cave, transforma Fresh em um ousado thriller que nos faz questionar até onde uma mulher iria para tentar suprir o vazio imposto pela sociedade, que diz que as mulheres só são completas se estiverem em um relacionamento com alguém, e o filme segue fielmente essa linha, porem com cuidado para não ultrapassar nenhum limite, utilizando de cenas focada no rosto dos personagens, em especial na boca, durante as refeições, e isso tudo para que o publico se sentisse tão desconfortável quanto a personagem que estava vivendo todo aquele horror. Por outro lado o roteiro pecou em alguns pontos cruciais, como durante a introdução de uma sociedade secreta de ricaços com gostos peculiares para logo depois ignorar sua importância durante o filme deixando o publico com um gostinho de quero mais, ou até mesmo reduzindo a importância da personagem Ann, interpretada por Charlotte Le Bon, que teve seu papel resumido a uma dona de casa submissa ao marido, mas que esconde um passado sombrio.
Fresh é um filme deliciosamente ousado, com atuações excepcionais e que te deixa com um gostinho de quero mais. A trilha sonora é com toda certeza um dos pontos positivos do filme, com músicas chicletes que faz você se envolver com as cenas, seja uma dança na cozinha ao som de Obsession do Animotion a uma cena romântica digna de trend viral no tik tok ao som de Endless Summer Nights. A atuação do Sebastian Stan é sempre excepcional, conseguindo interpretar duas versões do mesmo personagens, um amoroso e atenciosos conquistador e um ambicioso e cruel empresário. Mas o ponto alto daqui é a Daisy Edgar-Jones, que nos entrega uma personagem que pode até ser sem graça no inicio e uma típica final girl mas que se desenvolve a ponto de se tornar uma sobrevivente com sede de justiça. As vezes duas pessoas estão destinadas a se encontrarem, mas as vezes o destino é só um cara que gosta de uva algodão doce e que vai te fazer questionar se viver um romance é mesmo tão fácil como a maioria das pessoas pensa.
Luanna Cavalcanti
Médica Veterinária que ama cinema e adora tudo envolvendo a cultura pop.