Crítica | Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire)

Nota
3.5

“See you later, Alligator!”

Depois de salvar o mundo do despertar de Gozer, a família Spengler passa a viver no icônico quartel de Nova York, onde os Caça-Fantasmas originais atuaram em seus anos de glória, trabalhando como uma nova formação dos Caça-Fantasmas financiados por Winston Zeddemore. Mas com as operações causando danos à cidade, eles dão razões para Walter Peck, um velho inimigo dos Caça-Fantasmas e agora prefeito de Nova York, podar as permissões e ações do grupo, impedindo Phoebe, que ainda é menor de idade, a participar das operações e fazendo de tudo para fechar o quartel. Enquanto todos esses problemas surgem, Nadeem Razmaadi procura a loja de antiquidades sobrenaturais de Ray Stantz para vender um velho artefato encontrada na casa de sua avó, sem saber que está retirando a perigosa Esfera de Garraka de uma area de contenção e abrindo as portas para Garraka, um antigo deus raivoso, se libertar e retomar a destruição mundial através do gelo.

Depois do sucesso de Ghostbusters: Afterlife, em novembro de 2021, Dan Aykroyd demonstrou interesse em participar de, pelo menos, mais três filme reunindo o elenco original da fraquia. A decisão de desenvolver Frozen Empire foi oficializada quase um ano depois, com o retorno de Gil Kenan e Jason Reitman como roteiristas e a troca da direção (Reitman, diretor de Afterlife, cede a cadeira para Kenan), além do retorno do elenco, que une a formação nova e antiga dos Caça-Fantasmas, e de novos e antigos personagens, nos agraciando com a manutenção dos Mini-Pufts e o retorno de Geleia, que muitos sentiram falta em Afterlife. Mas se a nostalgia é uma das grandes apostas dessa nova leva de filmes, o enredo pode facilmente ser considerado o ponto fraco. O filme tem muitas metas para cumprir e acaba não sendo capaz de evoluir todas de forma gratificante, ele tenta desenvolver tramas paralelas para todos os personagens, mas com o excesso de nomes no elenco, falta tempo para dar espaço de tela a todos eles.

A trama de Mckenna Grace, que precisa enfrentar o dilema de ser escanteada por conta da sua idade, parece ser importante para os rumos que a franquia quer tomar, mas se a atuação da atriz e de Emily Alyn Lind, que como Melody parece ter potencial para a história, se destaca, a plot envolvendo elas se torna fraco e comodo demais. Phoebe entra numa birra intensa, que não parece combinar com a personagem construida até então, e da personagem mais inteligente da equipe, ela se torna ingênua o suficiente para não desconfiar da aproximação de Melody, além de o roteiro insinuar uma situação que não se concretiza, frustando a expectativa que cultiva em alguns espectadores. Já a trama de Garraka é muito menos interessante, trazendo na performance de Kumail Nanjiani o ponto alto do plot, e o tornando o principal alivio cômico da obra. A proposta de levar os Caça-Fantasmas niveis acima é necessário, principalmente considerando os avanços tecnologicos e a riqueza que Zeddemore alcançou, mas essa evolução do grupo acaba trazendo muito mais personagens para o roteiro, sem espaço realmente relevante para eles.

Com um material sublime e um roteiro incomodo, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo resgata a essencia dos Caça-Fantasmas mas não a coloca num roteiro interessante, o que faz com que o elenco icônico seja um desperdicio em meio a uma trama previsível e pouco cativante. Com bastante fanservice, o longa resgata memórias marcantes que estão gravadas na mente dos fãs mais antigos da franquia, mas ao mesmo tempo esquece de aprofundar verdadeiramente os personagens e justificar suas presenças na trama. Cheia de clichês, os dilemas são resolvidos de forma conveniente demais, que não demandam de nenhum planejamento previo e acabam resultando em soluções rasas. O desfecho do personagem de Kumail Nanjiani é onde o roteiro mostra uma das conveniencias mais gritantes, transformando um cético em um Mestre do Fogo de forma inexplicavelmente rápida, para depois encenar praticamente um episódio perdido de Avatar: O Último Mestre do Ar em um momento que isso soa muito mais incomodo e decepcionante do que animador.

“Your world will shatter — bones and ice. My empire will rise. “

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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