Crítica | Golpe de Sorte em Paris (Coup de chance)

Nota
3

Golpe de Sorte em Paris, novo longa dirigido por Woody Allen, apresenta a história de Fanny (Lou de Laâge) e Jean (Melvil Poupaud), dois parceiros que têm tudo o que um casal ideal parecem ter: são realizados na vida profissional, vivem em um apartamento que seria o sonho de qualquer pessoa, em um dos melhores bairros de Paris e parecem estar completamente apaixonados e felizes como se todos os dias fossem o primeiro dia juntos. No entanto, um dia Fanny têm os seus caminhos cruzados, pelo acaso, com Alain (Niels Schneider), um antigo amigo de colégio e que agora é escritor, ela é imediatamente rebatida ao encantamento. Eles se reencontram muito rapidamente e aos poucos vão se conhecendo cada vez mais, levando Fanny a entender que ela está vivendo uma vida da qual não gostaria, abrindo margem aos conflitos entre o controle e a imprevisibilidade.

A premissa do filme é interessante, o que é importante principalmente partindo do ponto que é um filme inteiramente feito em língua não-inglesa, parabéns ao Woody Allen por fugir do padrão Holywood. Apesar disso, nada impede de um protagonista cometer erros e levar a uma série de eventos em cadeia, é o caso de Fanny, a protagonista dessa história. O filme começa mostrando como é o dia a dia dela, e seu relacionamento, depois de apresenta-la ao público juntamente da bela Paris, Fanny se encontra em uma vida perfeita, tinha absolutamente tudo que desejava, coisa que ela não havia encontrado no seu primeiro casamento, um relacionamento com um drogado e infeliz. Conhecemos também Camille (Valérie Lemercier), a mãe de Fanny, personagem que ganha importância com o decorrer do filme, e mais a fundo sobre Jean, o esposo da Fanny, que é um marido cuidadoso e atencioso, e também deixa claro que pode ser possessivo se provocado.

A partir de um certo momento, nossa bela donzela encontra seu amigo de infância, da época do colégio, o escritor Alain, e facilmente cai em suas graças, aceitando seu convite para fazer lanches no parque. É nesse ponto que nasce o problema da trama: entre vários encontros, Fanny faz o previsivel e acaba traindo Jean, na busca de viver aquela paixão antiga e cansada dos amigos de Jean, que conversam sobre coisas caras e restaurantes conceituados. Vivendo o amor com Alain, a protagonista deseja esclarecer tudo ao mesmo tempo que Jean começa a desconfiar que há algo errado com sua esposa, o que o leva contratar um investigador particular para segui-la. Quando Jean acaba descobrindo tudo, o empresário coloca sua mangas de fora, e o tom de romance com pitadas de drama do filme se transforma em um filme investigativo.

A partir do momento que a mãe de Fanny entra na narrativa de forma mais profunda e acontece a mudança de tom do filme, tudo começa a ficar complicado. A direção de Allen até dá um desfecho interessante no terceiro ato da produção, mas é um final agridoce e que não é satisfatorio, é uma escolha errada de como contar a história. O roteiro de Allen e as atuações pareceram convincentes, mas talvez falte a cereja do bolo de Golpe de Sorte em Paris, talvez até o enredo caia bem para os amantes de um bom livro, mas é um pouco divisivo, trazendo um pouco da identidade autoral do cineasta.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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