Crítica | Golpe Duplo (Focus)

Nota
3

“No final das contas, esse é um jogo de foco”

Nicky Spurgeon é um trapaceiro profissional que acaba cruzando seu caminho com Jess Barrett, uma linda e sedutora batedora de carteiras que não é sempre tão bem sucedida. Vendo um potencial na moça, Nicky resolve transformar Jess em sua aprendiz, a treinando para ser a melhor golpista possivel ao mesmo tempo que acaba se apaixonando pela mulher, se envolvendo cada vez mais até perceber que está ficando mole demais. Depois de uma intensa temporada de roubos, golpes e assaltos em Nova Orleans, com um saldo de 2 milhões de dólares para dividir com a equipe, Nicky percebe que o treinamento de Jess acabou e, num último ato de proteção, o homem acaba a abandonando em um aeroporto para seguir caminhos distintos, para garantir que nenhum dos dois possa perder o foco.

Três anos se passaram desde Nova Orleans, Nicky agora está em Buenos Aires, onde é contratado por Garriga, um jovem bilionário dono de uma empresa de carros que comanda uma equipe de automobilismo, para dar um golpe em seu rival, McEwen, e garantir que ele não tenha chance na próxima corrida, como um reforço que, ao lado do inovador EXR (um surpreendente algoritmo de queima de combustível que faz os carros da equipe de Garriga ficarem mais rápidos) irá garantir a vitória do jovem e a derrota de McEwen. Nicky tinha um plano perfeito, pronto para ser executado da melhor forma possivel, mas tudo saiu dos trilhos no momento em que o homem percebe que Jess também está na cidade, fazendo todo aquele sentimento voltar imediatamente, e tudo piora quando ele percebe que Jess é a namorada de Garriga. Agora cabe ao homem rever seus valores, redefinir seus limites e tentar executar o plano sem falhas ao mesmo tempo que tentar reconquistar o amor de sua vida.

Com direção e roteiro de Glenn Ficarra e John RequaGolpe Duplo vai fundo ao unir romance, aventura e o mundo dos golpistas, sendo capaz de nos fascinar com as técnicas e truques ensinadas por Nicky em cada golpe, cada golpe tem sua explicação, cada golpe é minimamente planejado, e todo esse detalhamento é o que nos prende na trama, tudo graças a Apollo Robbins, um famoso “ladrão de cavalheiros” especialista em iludir pessoas usando a rapidez e a agilidade das mãos, que serviu como um consultor, orquestrando cada truque mostrado no filme, coreografando as cenas para ser o mais fiel possivel às suas manobras originais de truque-de-mão. Tudo fica ainda mais eficiente graças às excelentes atuações de Will SmithMargot RobbieRodrigo Santoro, que polarizam todo o longa e constroem uma caçada empolgante. Smith vive o extremamente confiante Nicky, ele é o maior golpista do seu território e comanda, perfeitamente, sua equipe para garantir o melhor resultado, Nicky era imbatível, impenetrável e inabalável, até que Jess chegou e abriu uma brecha que ele havia fechado a muito tempo. Robbie vai fundo na sedutora Jess, ela atinge seus alvos através de sua beleza, se aproximando dos homens e limpando seus bolsos enquanto eles estão distraídos, quando conhece Nicky ela enxerga uma chance de crescer, mas encontra um calcanhar de Aquiles, algo que volta com toda a força quando eles se reencontram em Buenos Aires, quando Jess percebe que sua vida de crimes está prestes a vir engolir seu novo mundo. Santoro é o galanteador Garriga, que acaba ficando no centro de toda essa confusão de passados, ele se torna o alvo da raiva de Nicky ao mesmo tempo que o homem está preciso ao serviço para o qual foi contratado, ele se torna o porto seguro de Jess ao mesmo tempo que a loira começa a se distanciar quando volta a se apaixonar pelo golpista, ele acaba sendo arrastado pela confusão do amor dos criminosos ao mesmo tempo que é o centro de um golpe poderoso.

Além do trio protagonista, outro ator que rouba a cena na produção é Adrián Martínez que, como Farhad, assume o posto de alivio cômico da produção com uma personalidade completamente sem filtro, capaz de nos divertir e deixar àqueles ao seu redor desconfortável, quebrando a tensão da grande aventura e, rapidamente, nos envolvendo com sua aura amigável. O resultado acaba sendo uma produção em duas partes que se inicia, de forma completamente despretensiosa, com uma malandragem sofisticada, uma palpável química entre os atores, uma trilha sonora envolvente, que inclui até Sympathy For The Devil do The Rolling Stones, e uma trama que brinca com o conceito do “Grande Golpe”, popularizado pela franquia protagonizada por Danny Ocean, mas que logo passa para seu ‘segundo ato’ redundante, que foge completamente do brio inicial e começa a se repetir na trama, nos deixando perdidos e investindo em viradas roteirísticas que, pouco a pouco, vão se tornando tediosas, nos fazendo questionar se o filme precisava mesmo dessa segunda parte para existir.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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