Nota
“Mulheres estão sendo mortas pelas ruas como animais selvagens…”
Numa Gotham vitoriana, A Hera [Venenosa], uma dançarina noturna que tinha acabado de largar, acaba cruzando com um misterioso criminoso. Perto dali, um justiceiro vestido de morcego surge para salvar um casal que está sendo assaltado pelos Passarinhos, um trio de crianças delinquentes formado por Dick [Grayson], Jason [Todd] e Tim [Drake], quando escuta um grito feminino e ruma para salvar a jovem dançarina, encontrando apenas seu corpo morto, o corpo de mais uma vítima de Jack, O Estripador.
Seguindo uma realidade alternativa da Gotham que tanto conhecemos, Sam Liu dirige e produz o trigésimo filme animado da DC Comics, a partir do roteiro escrito por James Krieg, que por sua vez se inspirou no conto criado por Brian Augustyn e Mike Mignola. A produção leva todo o universo do homem-morcego de volta no tempo, os encaixando em 1889 e garantindo a presença de todo um elenco de vilões, transformados nos cidadãos comuns de Gotham, nos levando a ver Bruce Wayne cruzando com a famosa cantora Selina Kyle, com uma gangue de trombadinhas formada pelos seus três primeiros Robin, com a dançarina exótica Pamela Isley, com uma freira chamada Leslie [Thompkins] ou com seu melhor amigo, o procurador Harvey Dent. Um novo mundo tão interessante onde vemos Batman e o Comissário James Gordon se unirem em busca do habilidoso açougueiro que surge em Gotham, e que põe em risco a vida de todas as mulheres que ali residem, pondo uma grande interrogação ao nos forçar a tentar descobrir quem é a pessoa por trás do codinome Jack, o Estripador.
A forma como, mesmo numa realidade alternativa, conseguimos ver as relações entre os personagens tomando o rumo que deveriam ter é surpreendente. A forma como Bruce acaba se aproximando de Selina ou de como os Passarinhos acabam sendo salvos pelo Batman e se tornam ajudantes do Alfred, tudo parece mostrar o quanto o fluxo sempre tende a ser o mesmo, quanto à identidade do Jack, temos a grande melhoria do longa. Enquanto a HQ leva toda a trama deixando um mistério para no final revelar que o assassino é Jacob Parker, o personagem nem é colocado no longa, o que deixa aqueles que já leram a HQ sem noção de quem pode ser o vilão, e, para melhorar a experiência, o roteiro muda para fazer com que diversos personagens pareçam ser o Jack, uma ótima escolha que torna todo o longa muito mais interessante.
O melhor em assistir Gotham City 1889: Um Conto de Batman é a forma como o filme se desapega quase que completamente de toda a mitologia do Batman para criar uma história única, e ainda consegue se desapegar completamente dos outros 29 filmes lançados pela Warner Bros Animation, tendo o feito até de se desapegar do roteiro original da HQ, criando uma experiência completamente nova que pode agradar desde os que não acompanharam os outros filmes ou leram a HQ até aos que já viram todos os longas e já leram a HQ, criando uma produção que agrade a todos e não depende de nenhuma outra mídia em momento nenhum.
Outra grata surpresa é ver a forma como os famosos vilões de Gotham consegue se encaixar tão bem dentro desse novo universo, criando camadas e facetas que nunca poderíamos presenciar no universo original, dando um empoderamento peculiar até à subjugada Selina Kyle, que mostra que seu chicote é seu melhor amigo em qualquer universo e não vai permitir que nenhum homem a coloque pra baixo. Infelizmente um filme permite uma quantidade muito limitada de tempo, o que impede o longa de atar todas as pontas soltas que forçosamente ficaram no final.
Icaro Augusto
Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.