Nota
“- Espera! Talvez vocês me conheçam por outro nome… Senhor das Estrelas!
– Quem?
– Senhor das Estrelas, o lendário fora da lei… alguém? Esquece.”
Em 1986, o jovem Peter Quill sofreu uma perda inimaginável. Sua mãe morreu de uma doença devastadora, deixando o pobre garoto desolado com o último presente em mãos. Desesperado, Peter correu sem direção, tentando se afastar ao máximo do hospital, apenas para ser raptado por um grupo de piratas alienígenas liderados por Yondu Udonta (Michael Rooker).
Vinte seis anos depois, Peter se tornou um mercenário experiente, autointitulado Senhor das Estrelas (Chris Pratt), que rouba uma misteriosa esfera metálica no planeta Morag, apenas para ser interceptado por Korath (Djimon Hounson), um subordinado de um dos mais conhecidos terroristas da raça Kree, Ronan (Lee Pace). Fugindo do grupo alienígena, Quill decide vender o artefato por conta própria, ignorando os avisos de Yondu, que coloca um preço por sua cabeça no mercado de caçadores. Enquanto isso Ronan envia Gamora (Zoe Saldana), filha do Titã louco Thanos (Josh Brolin), para resgatar o orbe.
Após enfrentar uma batalha de vida ou morte com a mortal Gamora, o caçador de recompensa Rocket Racoon (Bradley Cooper) e a árvore humanoide Groot (Vin Diesel), Peter é aprisionado com os demais pela Tropa Nova e jogado na prisão de segurança máxima em Kyln, onde o grupo conhece Drax o Destruidor (Dave Batista), que deseja a todo custo matar Ronan com as próprias mãos. Descobrindo de fato o que a esfera é, Peter se junta com os outros para entregar o artefato a mãos seguras antes que algo ainda mais desastroso possa acontecer. Mas, seria um grupo de desajustados interplanetários capazes de proteger um objeto tão poderoso capaz de destruir mundos? Ou o futuro de toda galáxia estaria por um fio?
Juntar uma equipe de desajustados nunca é uma tarefa fácil, mas já tinha se mostrado um acerto no universo cinematográfico construído até aqui, trazendo personalidades tão distintas que destoavam entre si em uma mistura poderosa que conquistou uma verdadeira legião de fãs. Mas, Os Vingadores já eram conhecidos do grande público, através de seus filmes solos e suas aventuras nos quadrinhos, tornando mais fácil essa aceitação. O problema se encontrava em construir o mesmo sucesso com uma equipe quase desconhecida e esquecida no meio do seu poderoso leque de heróis.
Coube a James Gunn e a brilhante roteirista Nicole Perlman (primeira mulher a escrever um filme dos estúdios) realizarem a tarefa hercúlea de dar vida à nova equipe de heróis, conquistar o publico e iniciar um novo avanço no MCU. Guardiões da Galáxia aumenta sua capacidade em 1000%, trazendo um liberdade criativa que ultrapassa qualquer barreira criada pelos estúdios até então. O tom cômico, somado às cores vibrantes e as batalhas grandiosas, constroem um visual chamativo e empolgante que prende o espectador desde os primeiros minutos do longa. Tudo é inserido na dosagem certa, trazendo um balanceamento insano que nos envolve e conquista, além de nos proporcionar uma das melhores aventuras da Marvel até então.
A criação de universo é outro achado magnífico, mostrando toda a liberdade que Gunn e Perlman tiveram com a produção. Repleta de arquiteturas irreais e efeitos especiais extremamente competentes, o longa constrói cenários magníficos com uma das melhores fotografias dos estúdios que sabe como transitar entre seus diferentes ambientes. A ambientação se torna ainda mais completa com a poderosa trilha sonora, que casa com maestria na espiritualidade oitentista da obra. As músicas são tão poderosas que se tornaram sinônimos do longa, e se torna impossível não pensar em um momento marcante do mesmo sem lembrar da música que o acompanha.
Seus personagens são tão chamativos quanto o filme em si, marcando sua presença em cada uma das cenas e nos conquistando com maestria. A união da equipe acontece quase que por acaso, trazendo uma química poderosa e fluida que funciona bem na proposta apresentada. Os protagonistas estão longe de ser os heróis que conhecemos, são desonestos, aproveitadores e repletos de problemas, mas é exatamente isso que chama nossa atenção.
Peter Quill é carismático e malandro. Repleto de uma desenvoltura pateta, o anti-herói é o único humano em tela, servindo como âncora entre nosso mundo e o aqui apresentado. É nele que reside o humor fora de hora, as danças vergonhosas e a citação de filmes das décadas passadas, assim como é com ele que o grupo toma forma e cresce perante nossos olhos. Gamora é poderosa e ameaçadora. Criada pelo titã louco para ser sua sucessora natural, a moça traz um balanceamento maravilhoso com Quill, sendo a contraparte perfeita para a equipe, mas se ilude quem acha que é apenas isso que ela tem a oferecer. A alienígena tem seu próprio arco e seu próprio contexto dentro da narrativo, nos aproximando ainda mais do universo compartilhado do que qualquer outro fator no filme. Além de trazer uma das personagens mais interessantes do longa, que está em busca de uma redenção solitária a ponto de desafiar a criatura mais forte do universo no caminho.
Rocket é um guaxinim modificado que captura os outros como sustento. Além de seu orgulho característico e seu humor ácido, que atinge a todos ao seu redor, é através de sua mente aguçada que surge os planos mais improváveis de toda a galáxia. Rocket tem seus próprios traumas, que conquistam o espectador e nos submetem a um turbilhão de emoções. O mesmo pode ser associado ao Groot de Vin Diesel que, com apenas três palavras repetidas na mesma ordem com entonações diferentes, conquistou nosso coração. O humanoide se mostra uma das mais sensíveis e doces criaturas do universo, trazendo ótimos momentos e arrancando risadas e lágrimas em momentos chave da trama. Drax é o brutamontes do grupo. Servindo como manivela narrativa, o grandão consegue ganhar seu espaço com sua ingenuidade latente e sua falta de tato social, a ponto de não entender ironias e metáforas. Acredite, ele merece cada crédito que lhe é debitado.
Ronan serve como antagonista, se mostrando implacável e impiedoso, mas mesmo assim tendo uma força maior por trás de suas ações. Nebulosa (Karen Gillian) é a irmã adotiva de Gamora, por quem nutre um sério rancor por nunca ser a primeira escolha quando a filha perfeita está por perto. Modificada tantas vezes, e tratada como lixo por seu pai, a ciborgue tenta a todo custo se provar e receber o reconhecimento que merece, mesmo que pra isso ela precise destruir galáxias inteiras. É também nesse filme que temos um conhecimento maior sobre as Jóias do Infinito e sobre o poder avassalador delas, assim como um contato real com Thanos, que vem se mostrando uma ameaça crescente no MCU, mas nunca teve espaço para ter sua personalidade explorada ao longo dos filmes.
Cheio de carisma e simplesmente inesquecível, Guardiões da Galáxia abre um novo universo dentro do MCU. Repleto de cores brilhantes, músicas empolgantes e personagens memoráveis, o longa consegue construir uma personalidade única, repleta de humor ácido, que conquistou os fãs e a critica, e se mostrou um dos maiores acertos do estúdio. E, acredite, isso não é pouca coisa quando falamos de um monstro de Hollywood.
“Eu sou o Groot”
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...
