Nota
“Se conseguirmos fazer Deus sangrar, então o povo não vai mais acreditar nele. E haverá sangue na água, e os tubarões virão. Na verdade, eu só tenho que ficar aqui sentado vendo o mundo consumir você.”
Seis meses após revelar sua identidade ao mundo, o gênio bilionário, Tony Stark (Robert Downey Jr.), colhe os frutos do seu sucesso. Vestindo a armadura vermelha, ela assume um manto de super estrela, construindo uma paz soberana pela ameaça que seu traje pode causar. Mas, como nem tudo são flores, o filantropo passa a sofrer uma pressão imediata para compartilhar sua nova tecnologia com as forças amadas, pressão essa que ele resiste com medo que tais informações possam ser usadas de uma forma inapropriada.
Mesmo a armadura sendo sua maior vitórias ela cobra um preço alto a seu criador. O núcleo de paládio no reator arc, que impede sua morte e dá forças a armadura, o esta envenenando lentamente, levando seu corpo a um total colapso, que nem mesmo Stark consegue impedir. Desanimado e cada vez mais imprudente, ele escolhe não contar a ninguém sobre sua morte iminente, escondendo esse segredo até dos seus companheiros mais próximos.
Enquanto isso, na Rússia, Ivan Vanko (Mickey Rourke) tenta recriar o reator miniatura que manteve Stark vivo. Motivado pela morte do seu pai, o físico usa seu reator para causar um embate com o herói, danificando sua armadura e mostrando ao mundo que o Homem de Ferro não é invencível. Agora, um clima de instabilidade toma conta do globo, trazendo ainda mais pressão sobre a cabeça de Stark e do quanto todos se perguntam se ele ainda é suficiente para protege-los do caos.
Continuações sempre foram um grande problema em Hollywood. Não é de se estranhar que, com o sucesso dos originais, as suas continuações ganhem uma proporção mais épica e grandiosa, tentando manter seu público cativo e entregando verdadeiras bombas intragáveis que não agradam nem aos fãs da franquia nem aos críticos que assistem. Mas, felizmente, esse não é o caso aqui.
Dirigido por Jon Favreau e roteirizado por Justin Theroux, Homem de Ferro 2 segue os passos do longa original, focando naquilo que tem de melhor: o carisma e desenvolvimento de seus personagens. Ampliando seus horizontes, o longa curiosamente volta seu foco para a construção falha de seu protagonista, trazendo as consequências de seus atos egocêntricos em uma sociedade que não é mais a mesma desde sua transformação. As boas idéias, trazidas no longa original, ganham uma nova maturidade e colhendo os frutos preparados pela equipe, que sabe bem o terreno em que está pisando.
São inúmeros os easter eggs que aparecem no longa e o tempo de tela, muito bem balanceados, nos permite desfrutar de momentos icônico e divertidos. Somos presenteados com um novo desenvolvimento de personagens que estavam apagados no longa anterior, além de termos tempo para apreciar o esqueleto da maior junção do universo que estava por vir. É ótimo ver o cuidado que a equipe criativa teve com a historia que queria contar, amarrando as pontas e trazendo um background maravilhoso para seus personagens. São dilemas antigos refletidos no presente e feridas passadas que insistem em não se fechar, além de uma constante lembrança que, embora Tony seja o protagonista, ele está longe de ser o centro do universo. Acredite, existe muita coisa acontecendo ao redor.
O sempre soberbo e narcisista protagonista precisa encarar sua vida finita. Vivenciar esse novo dilema pessoal, que contrasta diretamente com seu crescente sucesso, traz uma nova vertente ao personagem. Tony se mostra mais frágil e humano, com todos seus defeitos e muros que constrói em volta de si para que ninguém descubra sobre seus medos e fracassos. Sua espiral autodestrutiva da espaço para que Pepper (Gwynethy Paltrow) e James Rhodes (Don Cheadle) consigam se desenvolver sem depender diretamente do protagonista. Os dois ganham seus próprios arcos e, embora esteja conectados com as desventuras de Stark, tem seu próprio peso na narrativa.
A trama ainda nos apresenta Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), que rouba cada uma das cenas em que aparece. A moça nos é introduzida como a secretaria perfeita, mas desde o início sentimos uma fagulha escondida que não conseguimos explicar. Parece que um estranho magnetismo envolve a personagem, algo que só cresceria com o decorrer do filme. O longa ainda conta com a participação de Nick Furry (Samuel L. Jackson) e Happy Morgan (Jon Favreau), que trazem ótimas interações e parecem se divertir com seus personagens.
Aprofundando ainda mais a construção para o universo compartilhado, Homem de Ferro 2 se mostra uma continuação contida e divertida, que progride bem o que o original começou. Embora tenha sim efeitos brilhantes e explosões chamativas, o longa vence naquilo que sempre fez de melhor: nos conectar com seus personagens, por mais irritantes que eles possam ser. Não é de surpreender que essa tenha sido a base para a construção daquilo que estava por vir.
Phael Pablo
Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...