Crítica | Homem de Ferro 3 (Iron Man 3)

Nota
2

“Um homem famoso uma vez disse: “Nós criamos nossos próprios demônios.” Quem disse isso? O que isso quer dizer? Não faz diferença. Eu disse porque ele disse. É isso ai, ele era famoso… e agora foi dito por dois caras famosos. Eu não… eu vou começar de novo. Vamos pegar do início.”

No réveillon de 99, Tony Stark (Robert Downey Jr.) conhece a bióloga Maya Hansen (Rebeca Hall), criadora do Extremis: um método de regeneração através da reescrita genética, com quem passa a noite. A caminho do quarto, a dupla encontra Aldrich Killian (Guy Pearce) que almeja conseguir patrocínio para a I.M.A. mas é ignorado pelo genial playboy.

Catorze ano depois, o mundo ainda está se recuperando da batalha em Nova York e nenhuma pessoa se encontra mais abalada que Stark. Após enfrentar o exército alienígena e sair com vida do buraco de minhoca, o herói enlatado mergulha de cabeça na construção de suas armaduras, dormindo pouco e evitando a todo custo pensar no que viveu.

Enquanto Tony se mostra cada vez mais obcecado com seu trabalho, um terrorista, denominado O Mandarim (Ben Kingsley), toma os créditos por uma série de ataques ao redor do globo. Quando um desses ataques atinge Happy Hogan (Jon Favreau), o deixando hospitalizado, Stark compra uma verdadeira briga com o vilão. Com um ato impensado, o herói revela o endereço de sua mansão em Malibu, colocando sua vida e a de sua namorada, Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), em risco.

Após o poderoso ataque, Tony vê sua vida desmoronar diante dos seus olhos. Isolado em uma pequena cidade no Tennessee, onde ele conhece o jovem Harley (Ty Simpkins) que o ajuda a solucionar grande parte dos mistérios sobre os atentados. Agora, Stark precisa se reerguer e lutar por aquilo que ama, enquanto tenta vencer o seu maior medo: O do fracasso iminente.

Em 2008, os fãs dos quadrinhos foram às salas de cinema para acompanhar aquilo que se mostraria o inicio do Universo Marvel no cinema, trazendo um filme bem balanceado que mistura sua ação com um humor bem colocado, e é cheio de personagens carismáticos e  envolventes. Seis anos depois do sucesso estrondoso, esses e novos fãs lotariam a sala para acompanhar a ultima parte da trilogia que deu início a esse universo, cheios de expectativas após o apoteótico Vingadores.

Mas, dessa vez algo diferente parecia ser construído, deixando de lado boa parte do que conhecemos e focando nas consequências da grandiosa batalha de Nova York. Os alarmes começaram a disparar quando Jon Fravreau não se encontrava na posse da direção, mas ainda apareceria no projeto com seu personagem. Restando a outro diretor a árdua tarefa de concluir o arco solo de herói enlatado.

Dirigido por e co-roteirizado por Shane Black, Homem de Ferro 3 dava início a segunda fase da Marvel Studios. Alimentado pelo sucesso estrondoso da franquia, o longa se fez prometer em vários quesitos, trazendo um vilão icônico, consequências latentes e um novo passo para o universo cinematográfico, mas, como todos que sonham voar muito próximo ao sol, apenas conseguiram derreter suas asas e entregar algo… bem, decepcionante.

O roteiro de Shane tenta reutilizar os acontecimentos marcantes do filme original misturando-os com momentos grandiosos e explosões chamativas, mas acaba parecendo uma copia mal feita e sem criatividade, esquecendo aquilo que sempre chamou atenção na franquia: seus personagens. Em meio a toda megalomania dos novos eventos, a trama se torna rasa e sem vida, naquela que deveria ser a conclusão e renovação dos votos do protagonista com o publico. Não me entenda mal, ainda existem momentos divertidos no longa mas eles soam ocos quando comparados aos anteriores, desbotando em sua magnificência e trazendo um sabor amargo a boca.

As facilitações de roteiro são frequente, chegando a ter momentos bizarros. Algumas leis, criadas no próprio filme, são simplesmente ignoradas no decorrer da trama, sempre que lhe é conveniente. Os clichês são frequentes, inclusive em momentos que não deveriam, enfraquecendo a trama onde ela deveria se tornar mais forte, inclusive com o uso excessivo de Deus Ex Machina, que logo é descartado quando perde sua utilidade. O plot final é verdadeiramente vergonhoso, chegando a causar revolta nos fãs do herói e trazendo o pior da franquia a tona.

Visualmente, o filme mostra uma qualidade imensa, trazendo ideias promissoras que brilham como ouro. Mas, essas mesmas ideias se desgastam pelo mal uso de ação, que se mostram confusas e nos deixam atordoados sem sabermos o que realmente está acontecendo. A construção de personagens ao longo do filme parece ter sido esquecida, trazendo um retrocesso para aquilo que acalentava nossos corações.

Pepper é um belo exemplo disso. Não vemos nada daquela mulher forte e determinada que nos conquistou ao longo da franquia, aqui a personagem é tratada como a mocinha em perigo, que precisa ser salva ou usada como troféu para o vilão. O longa diminui sua força para forçar uma importância nos minutos finais da trama, quase como se dissesse: olha o que fizemos, vocês gostaram?

A construção do Mandarim é um dos momentos mais frustrantes de toda a franquia, trazendo um dos piores e mais ridículos vilões para a historia da Marvel. Sua encarnação se mostra um profundo desrespeito com o poderoso vilão, transformando-o em uma verdadeira piada que ninguém quer lembrar.

Nem mesmo o carisma seu protagonista consegue manter o filme. Robert se esforça mais o roteiro não ajuda. Tony tem um arco relativamente interessante, trazendo toda drama e consequências do embate, explorando a ruptura psicológica depois do ocorrido. Ele se mostra mais frágil e cheio de falhas, mas seus atos impensáveis nunca fariam parte da personalidade do herói. Quem, em sã consciência, daria seu endereço para o antagonista e não se encontraria preparado para isso? Principalmente quando esse alguém é Tony Stark.

Cheios de problemas e vergonhosas, Homem de Ferro 3 se mostra uma verdadeira decepção. Prometendo muito e não entregando quase nada, o longa cai na velha armadilha de ‘quanto maior melhor’ esquecendo o coração dos filmes e do que tornou sua jornada interessante. Uma pena, mas que se mostraria necessário para aprender com os erros no futuro que o estúdio estava trilhando.

“Eles podem levar minha casa, meus truques e brinquedos, mas uma coisa eles não podem levar de mim… Eu sou o Homem de Ferro.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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