Crítica | Host

Nota
3.5

“A vela será nosso foco orientador e incentivará o espírito.
Será um sinal luminoso para que se aproxime.”

Em meio ao tédio da quarentena, um grupo de seis amigos resolve se distrair com uma reunião pelo Zoom e convidar uma sensitiva, na busca por fazer uma sessão espírita por vídeo-chamada. Mas o que começa como uma tentativa de contato com entes mortos, aos poucos se torna uma piada e logo depois se revela um verdadeiro erro, principalmente depois que um espirito gosta da brincadeira deles e resolve brincar da sua forma, extremamente violenta, com cada um deles.

Depois da revolução trazida pela franquia Atividade Paranormal ficou claro que o terror subliminar unido ao clima de found footage é sempre uma aposta que vai dar certo, e a pandemia trouxe um novo cenário cheio de potencial: o Zoom. Com a moda das frequentes reuniões online, que se tornaram rotineiras em nosso dia-a-dia pandêmico, não seria de se estranhar uma sessão espirita nessa plataforma, assim como não é de se espantar que a sensitiva encontre problemas com internet e sua chamada caia no momento mais assustador dos eventos. O grupo de amigos também é bem característico, o que nos ajuda a nos divertir com o background de cada um e a se sentir envolvido quando os eventos realmente se intensificam, tudo sem muito jumpscare e regado a muitas interações violentas e a um terror bem discreto.

Nós somos como um oitavo participante, em nossa casa assistindo toda a caçada de ‘Jack’, que foi criado por Jemma para brincar com Seylan mas que acaba tendo sua história assumida por um espirito traiçoeiro, assumindo a forma do adolescente que se enforcou e quer punir todos que brincam com ele. Jemma é a cética do grupo, ela entra na reunião achando que não vai acontecer realmente uma interação, tanto que ela acaba brincando e criando o mal que atinge o grupo. Emma é a conectada do grupo, ela gosta explorar bastante efeitos de vídeos, uma característica que nos arrasta até uma cena bastante marcante do longa, que brinca com alguns vídeos de fantasma que viralizaram no TikTokHaley é a medrosa do grupo, ela é quem conecta Seylan ao grupo e é quem leva mais a sério a sessão, sendo também a primeira a receber a visita de ‘Jack’.

Caroline está neutra em toda a situação, ela resolve se envolver em tudo mas sem adicionar muito à trama, apesar de protagonizar uma das cenas marcantes da produção. Radina é a que amadureceu rápido na quarentena, ela passou a morar com seu namorado e agora está aprisionada a um ‘casamento’ cansativo, cheio de brigas e que a faz ser a mais séria do grupo, mesmo que ainda brinque um pouco, vendo seu grupo como a libertação para a vida de casal. O grupo se completa com Teddy, que apesar de ter pouco tempo de tela adiciona alguns pontos relevantes na narrativa, é ele quem começa as piadas com a sessão espirita, e é ele quem acaba caindo de cabeça no caos de ‘Jack’. Seylan aparece rapidamente no filme, ela apenas inicia a sessão espirita e dá o alerta final sobre o ser que foi chamado, ela serve unicamente para iniciar o terror do longa, não sendo uma participante do desenvolvimento e nem sofrendo as consequências do enredo.

O fato de Host se passar inteiramente dentro da chamada do Zoom enriquece muito a trama, criando uma imersão enorme que impulsiona ainda mais o terror, principalmente durante essa época de distanciamento social. Talvez o grande erro do longa seja o de mostrar ‘Jack’, o que tira toda a atmosfera subliminar do longa, algo que parece fugir bastante do padrão cuidadoso de Rob Savage, que mostra sua marca ao encher o filme de referencias a grandes cenas da história do terror e a grandes repercussões da internet relacionada aos virais vídeos de fantasma.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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