Nota
Em 1978, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.
O consagrado diretor Spike Lee chega nos cinemas brasileiros na próxima quinta feira (22) com o longa Infiltrado no Klan. A produção conta a história verídica de dois policiais, um negro e um judeu, que conseguem de forma quase inusitada, se infiltrarem no meio de uma organização da Ku Klux Klan. No meio de uma das épocas mais violentas da história dos Estados Unidos, os dois policiais precisam manter toda a paciência para não estragar a investigação, apesar de terem de ver e ouvir muitas situações que tirariam qualquer um da linha.
Spike Lee consegue contar essa história de uma maneira divertida, porém, sem em nenhum momento perder toda a seriedade ao tratar de um assunto tão pesado. Com isso, mesmo com momentos de verdadeira angústia, o filme não deixa de ser um entretenimento para o público, que irá se divertir e ao mesmo tempo terá muitos momentos de reflexão dentro das salas de cinema.
Lee consegue muito bem mostrar os dois lados da mesma moeda nessa história. E talvez um dos momentos mais impactantes é quando assistimos a maneira de como os membros da Ku Klux Klan contam fatos a partir dos seus pontos de vista, e os membros do Poder Negro contam os mesmos fatos a partir de outro ponto de vista completamente diferente. Esse paralelo mostra exatamente como os dois grupos pensam e por que desse conflito gerar tanta violência durante muitas décadas.
Mais do que isso, o longa reflete muito bem, como esses problemas atingem a sociedade até hoje. E com um ato final que dará um verdadeiro nó no estômago de muitos dentro das salas de cinema, a mensagem final do filme é muito forte e clara, mostrando para ao espectador como ainda vivemos num mundo cheio de racismo e ódio que são escondidos através de discursos com palavras enfeitadas.