Crítica | Inuyasha – O Filme 2: O Castelo das Ilusões Através do Espelho (InuYasha: Kagami no Naka no Mugenjou)

Nota
5

“De que me serve a imortalidade agora que nunca mais podemos nos ver?”

Após uma acirrada batalha, Inuyasha e seus amigos conseguem derrotar o temível Naraku, aparentemente causando à morte do vilão. Sem maiores motivos para permanecerem juntos, o grupo se separa, seguindo seus objetivos particulares e encarando sua nova vida. Miroku, agora sem sua tenebrosa maldição, retorna ao mosteiro onde foi criado à procura de um tesouro da família, Sango parte em busca do seu irmão Koraku, que não esta mais nos domínios do yokai, e Kagome, Inuyasha e Shippou continuam sua busca pelos fragmentos da Jóia de Quatro Almas.

O que ninguém esperava é que Kagura e Kanna sobrevivessem à morte de seu criador. Procurando a real liberdade que tanto deseja, Kagura se vê conduzida por sua irmã mais velha para um misterioso espelho, no centro de um dos lagos sagrados do Japão, onde uma poderosa criatura permanece aprisionada. A entidade promete conceder os desejos do coração das yokais, caso elas consigam reunir cinco tesouros lendários e os colocar nos cinco lagos sagrados.

O despertar do novo inimigo causa uma eterna lua cheia, criando uma seria inquietude naqueles que estão por perto. Enquanto tentam entender o misterioso evento, Inuyasha, Kagome, Sango, Miroku, Shippou e Kirara precisam unir mais uma vez suas forças, antes que seja tarde demais…

Após o grande incomodo causado pelo primeiro longa da franquia, a equipe criativa precisava de uma nova maneira de chamar seu público, trazendo-os de volta sem comprometer o andamento do anime que tanto trabalhavam. Mas, como atrair o público e não repetir o fracasso anterior? Seguindo a deixa de alguns de seus episódios, o longa levanta uma boa problemática que mudaria o jogo de uma vez por todas: e se eliminarmos o nosso maior vilão nos minutos iniciais dessa nova aventura cinematográfica?

Dirigido por Toshiya Shinohara, e lançado no dínamo de 2002, Inuyasha – O Filme 2: O Castelo das Ilusões Através do Espelho se mostra uma obra muito superior à sua antecessora. Misturando as lendas da mitologia japonesa com a obra que já nos fora apresentada na franquia, o longa consegue produzir um efeito magnético, que prende nossa atenção e costura com maestria a grande aventura que está disposto a nos contar.

A qualidade do roteiro é um dos maiores avanços, se comparado ao longa anterior. Tudo está mais coeso e interessante, digno de um longa e não de um episódio estendido, como foi no filme anterior. A historia ganha uma nova sustância, com uma desenvoltura impressionante, que merece ser contada e ter seu próprio espaço para isso. A animação deu um salto, se tornando mais fluida e melhor trabalhada, trazendo um jogo de câmera elegante, que sabe onde colocar seu expectador e nos tirar o fôlego com todas suas cenas de ação, somadas às belezas dos seus inúmeros cenários. Tudo foi friamente pensado, trazendo uma construção divina, que enche os olhos do público e remetem claramente à obra original.

Mas, se a história já nos fisgava a todo o custo, os personagens dão o golpe final. É imensurável a genialidade de afastar nossos protagonista, pondo fim à sua jornada e desenvolvendo suas peculiaridades individuais. Com o fim do objetivo geral, cada um teve um tempo apropriado em sua construção, mostrando aquela duvida que sempre rondou a mente dos fãs da franquia: o que acontece se eles cumprirem sua missão?

Tirar seu maior objetivo e os fazer encarar essa nova realidade foi uma sacada de mestre pois, assim como eles, tivemos que nos readaptar a essa nova realidade. Acompanhamos então os traumas de cada um, analisando suas incertezas e como eles lidam com aquilo que achavam que iria consumir toda sua vida. Ver que mesmo a mais cruel das maldições pode fazer falta no dia-a-dia, nos tirando do nosso lugar comum, traz um vazio avassalador, que nem o mais forte dos buracos do vento é capaz de produzir. Quando a trama volta a construir seus eventos sobrenaturais, é quase com um alivio que eles se jogam de volta à sua caçada, como se necessitassem disso e não conseguissem lidar com a aparente paz que conseguiram… Quase como se soubessem que era bom demais para ser real.

Inuyasha e Kagome começam a indagar o que farão no futuro, quando completarem sua missão. A escolha de cada um e seus sentimentos velados são amplamente explorados, trazendo a tona toda a química latente que os protagonistas possuem. Suas cenas são encantadoras e repletas de uma doçura imensurável, principalmente quando não existe nada mais a esconder.

Sango tenta recuperar o tempo perdido com seu irmão, tentando mostrar aos poucos o que lhe foi tirado de uma maneira dócil e cuidadosa. O trauma passado por ambos, e o desejo de não perderem mais nada, é tão doloroso que sentimos sua força do outro lado da tela. É impossível não se emocionar com os irmãos tentando reconstruir suas vidas devastadas, apenas para verem sua tênue paz roubada mais uma vez. Miroku não consegue lidar com uma vida sem maldição. Mesmo livre daquilo que poderia causar sua morte, o monge sente como se uma parte sua fosse arrancada, a ponto de sentir incomodo ao olhar sua mão vazia. Tendo de lidar com sua nova realidade e entender que sua vida não corre mais perigo, ele tenta fazer o seu melhor, mas algo continua o incomodando e maculando seu avanço.

Além de aprofundar os tão conhecidos personagens, a trama nos apresenta duas novas personas que se misturam com maestria à obra. Akitori Houjou é um antepassado de um colega de classe de Kagome. Tendo uma missão sagrada passada por sua família, o rapaz cruza seu caminho com o dos protagonistas, somando sua personalidade marcante à deles. O novato possui uma veia cômica impagável, e faz uma ótima dupla com Shippou, servindo como alivio nas horas mais tensas.

Kaguya é uma princesa lendária, que vê na derrota de Naraku sua oportunidade de atenção. Selada em um poderoso espelho, ela precisa manipular a todos ao seu redor para conquistar seu objetivo: trazer a noite eterna ao mundo mortal. Desde seu primeiro momento, a princesa prende nossa atenção, mostrando todo seu potencial em ser um perigo constante. Baseada em uma lenda real, a antagonista cria o laço entre o presente e o passado enquanto mostra o desejo mais profundo do coração de seus inimigos… Sempre os utilizando a seu favor. Em cada uma de suas cenas, nos sentimos mais hipnotizados por sua presença e carisma, mostrando toda desenvoltura que a vilã tem.

Com um visual impecável e uma das melhores historias dos longas da franquia, Inuyasha – O Filme 2: O Castelo das Ilusões Através do Espelho nos mostra algo inimaginável ao conduzir sua história ao ‘depois do fim’. Repleto de momentos memoráveis, e de tirar o fôlego, o longa traz tudo o que é necessário para reacender nosso interesse, enquanto aproveita sua mitologia para construir algo simplesmente grandioso, como todo bom fã merece.

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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