Crítica | Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It)

Nota
4

“Eu acho que eu machuquei alguém…”

Em 1981, os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, foram chamados pela família Glatzel para o exorcismo de seu caçula, David Glatzel, um processo demorado que se findou no momento em que Arne Johnson, o namorado da irmã de David, coagiu um dos demônios a possuí-lo. Alguns meses depois, Arne acaba assassinando Bruno Sauls com 22 facadas, durante uma tarde de bebedeira, em um canil em Brookfield, com sua namorada, Debbie Glatzel, como testemunha. O caso de Arne chama a atenção dos Warren, que precisam voltar para corrigir o erro que cometeram e provar que Arne não é culpado do assassinato, que tudo aconteceu enquanto ele estava sendo controlado por um demônio.

Baseado no famoso caso real do Julgamento de Arne Cheyenne Johnson, popularmente chamado de “Caso O Diabo Me Fez Fazer“, o terceiro filme da saga The Conjuring e oitavo do The Conjuring Universe, a produção dirigida por Michael Chaves (que deu um show em A Maldição da Chorona) e roteirizada por David Leslie, e que marca ao ser o primeiro longa da franquia principal que não é dirigido por James Wan, vai fundo na mudança de ares ao deixar de lado o padrão de filmes de casa mal-assombrada e nos levar diretamente a um caso judicial muito mais público e midiático do que os outros. Enquanto os outros filmes nos mostraram uma adaptação dos relatos dos envolvidos, completamente baseado em relatos, o novo longa pega toda uma trama que foi acompanhada abertamente pela mídia e adiciona diversas nuances que só potencializam a história por trás do caso.

Na busca por fugir da mesmice do caso real, que não tem muita base para expandir, e de evitar ficar preso unicamente a um relato do tribunal, o enredo de Leslie vai inventando um plano de fundo roteiristico, que começa no momento que os Warren encontram um totem satânico embaixo da casa de Glatzel e passa pela história do caso fictício do assassinato de Louise Strong por Katie Lincoln, eventos que fortalecem uma conexão direta dos eventos do longa com a mitologia desenvolvida em Annabelle Annabelle 2, conectando a origem do caso com a seita dOs Discipulos do Carneiro, e se desenvolvendo através da apresentação do Padre Kastner e da mulher misteriosa, que assume o papel de vilã do longa. Enquanto o caso real não teve muita expansão, o que possibilitaria desenvolver melhor a narrativa, o longa aproveita todas as suas brechas para preencher com uma expansão mitológica ao universo, aperfeiçoando a saga como um todo, arredondando diversas arestas do passado e dando ao filme um clima muito mais assustador do que caso fosse resumido apenas às burocracias do tribunal, dando uma jornada épica ao casal Warren, que precisa encontrar a origem da possessão de David e provas de que Arne esteve possuído ao cometer o crime.

Com um enredo muito mais complicado e um desenrolar inesperado, Invocação do Mal 3 pode facilmente ser classificado como o filme menos assustador da franquia, mas nem por isso se torna o pior deles. O longa, que se baseia em fatos reais, brilha pela fidelidade de sua adaptação e se fortalece pela criatividade de sua expansão, mostrando novamente todo o brilhantismo da atuação de Vera Farmiga e Patrick Wilson, que incorporam seus personagens de uma forma impecável e nos guia pelas cenas de suspense e tensão num ritmo acelerado, trazendo aquela pequena e momentânea sensação de desespero que aperfeiçoa a evolução da trama. Como se não bastasse seus protagonistas, temos em Eugenie Bondurant um potencial avassalador, Isla foge do padrão da franquia, mas nem por isso se torna menos poderosa quanto o espírito de uma bruxa ou um demônio travestido de freira, nos abrindo diversas portas para spin-offs ou sequencias tão envolventes quanto todas as outras do The Conjuring Universe. Apesar de ser baseado em uma história que já foi contada várias vezes e ter como base ser um filme de exorcismo, a produção é totalmente imprevisível, com cenas de encher os olhos e com direito aos créditos exibindo fotos, gravações e vídeos do caso real, o que legitimam ainda mais o roteiro de Leslie.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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