Crítica | Jumanji

Nota
4

Em 1969, um garoto solitário chamado Alan Parrish encontra um misterioso tabuleiro com som de tambores e decide jogá-lo com sua melhor amiga, até que ele é sugado para dentro do jogo. Passados 26 anos, duas crianças reencontram o tabuleiro e recomeçam acidentalmente a partida iniciada por Alan além de libertarem o garoto, agora adulto, desencadeando uma série de acontecimentos que só terminaram quando um dos jogadores chegar até o fim do tabuleiro e pronunciar o nome “Jumanji”.

 O início da era de blockbusters repletos de efeitos visuais computadorizados fora marcado por produções cujas histórias dificilmente caiam nas graças dos avanços tecnológicos que, no final dos anos 80 e início da década de 90, foi a grande novidade que inovou a sétima arte. Naquela época, fomos prestigiados com a maestria de James Cameron e Steven Spielberg em “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” e “Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros”, respectivamente, além dos filmes considerados “pequenos” ou selados com padrão Sessão da Tarde, como o caso de “Jumanji”.

Dirigido por Joe Johnston, “Jumanji” tinha tudo para ser um mero longa-metragem padrão Sessão da Tarde, isto é, repleto de ação e efeitos visuais, personagens divertidos, trama simples e desprovida de qualquer reviravolta mirabolante. Mas, na produção de 1995 que encantou uma geração, conquistando uma legião de fãs, há muito mais do que possamos simplesmente ver.

“Jumanji” está longe de ser um simples longa-metragem de aventura e humor com toques sentimentais protagonizado pelo genial e saudoso Robin Williams, tal como “Hook – A Volta do Capitão Gancho” de Steven Spielberg, mas sim uma história repleta de temáticas importantes que, graças a sutileza e a inocência da produção (que se responsabiliza realmente em manter a qualidade do filme destinado para o público alvo, ou seja, jovens e crianças), são incluídas à trama com uma exímia naturalidade e harmonia com os eventos.

Primeiro, o filme não falha ao abordar a questão do medo e o que fazer para superá-lo quando você ainda é uma criança; em seguida, é abordado o fator da perda, elemento primordial na construção dos personagens do filme, afinal Alan Parrish (Robin Williams), sugado pelo jogo na infância, perdeu todas suas expectativas de vida e seus entes queridos, os irmãos Judy (Kristen Dunst) e Peter (Bradley Pierce) perderam os pais em um trágico acidente e a vida antiga que costumavam viver e Sarah Whittle (Bonnie Hunt) perdeu a confiança e respeito das pessoas após ser considerada louca por ter relatado o desaparecimento de Alan. Todos esses 4 personagens se encaixam graças as suas perdas, tornando “Jumanji” um filme que também preza pela união e coragem de seus protagonistas.

O tom aventuresco mesclado ao sentimentalismo e a temáticas reais e, mesmo que de forma sutil, suficientemente fortes para comover também o público adulto, faz com que “Jumanji” seja diferente de outros clássicos da Sessão da Tarde. Além das virtudes mencionadas, outro grande ponto positivo do filme foi reacender o interesse da juventude nos jogos de tabuleiro na década de 90 diante da expansão do entretenimento eletrônico. Que atire a primeira pedra aquele que nunca sonhou em jogar os dados de Jumanji e mover seu avatar magnético (ou computadorizado) para viver uma aventura, apesar do gigantesco perigo?

Quase 23 anos após o clássico de Joe Johnston, o famoso (e perigoso) jogo volta aos cinemas agora se adaptando às modernidades em “Jumanji: Bem-Vindo à Selva”. Só o tempo nos dirá se a continuação de um dos maiores ícones cinematográficos dos anos 90 será tão memorável quanto a aventura de Alan Parrish, e se Dwayne “The Rock” Johnson tocará nossos corações e nos proporcionará boas gargalhadas como Robin Williams.

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

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