Crítica | King Richard: Criando Campeãs (King Richard)

Nota
4

“Venus e Serena vão sacudir o mundo”

Quando Richard Williams conheceu o tênis, ele decidiu que suas futuras filhas seriam tenistas profissionais, escreveu um plano de 85 páginas e iniciou um treinamento intensivo com elas assim que fizeram 4 anos. Essa história pode até parecer loucura, presunção e ilusão, seria impossível acreditar que um homem pobre, negro e residente do gueto da Florida seria capaz de criar tenistas profissionais, mas o fato de Venus Williams e Serena Williams serem duas das maiores lendas do tênis mundial é a maior prova de que ele conseguiu esse feito. King Richard: Criando Campeãs é a história de superação de um pai que tinha um sonho e lutou com todas as suas forças até alcança-lo.

Lançado em 2 de setembro de 2021, durante o Telluride Film Festival, o longa estrelado e produzido por Will Smith é mais uma daquelas superproduções dramáticas do ator, que já deu um show parecido com Em Busca da Felicidade e até com Beleza Oculta, sempre nos dando uma lição de vida com suas histórias e exaltando exemplos que são capazes de marejar nossos olhos. No filme roteirizado por Zach Baylin e dirigido por Reinaldo Marcus Green toda essa essência está presente, apesar de a expectativa principal ser ver a ascensão de Venus e Serena até as lendas do tênis que são hoje, o filme nos decepciona, de uma forma positiva, ao jogar as tenistas para o papel coadjuvante, aqui não é uma daquelas fórmulas biográficas do mundo dos esporte comum, não é um filme para mostrar a vida de um atleta mas sim da pessoa que esteve por trás das irmãs. A produção transcende nossas expectativas e nos presenteia com uma narrativa revigorante e cheia de nuances emotivas, que só emolduram ainda mais o desempenho impressionante de Will Smith.

Smith vive uma fusão completa de ator e personagem, Richard não é uma interpretação do pai de Serena e Venus e nem é um ator vivendo um personagem, ele é uma figura palpável, vemos claramente Smith deixando de ser aquela estrela que tanto conhecemos e se tornando um homem subestimado do subúrbio, um homem que trabalha a noite e passa o dia treinando as filhas, um homem que se matou de trabalhar, junto com sua esposa, para conseguir criar cinco filhas exemplares, que nunca se envolveram com crime ou drogas, num bairro onde todas as crianças estavam predestinadas a esse futuro. Ao lado dele, três nomes podem facilmente ser citados como suportes necessários para o desenrolar do filme: Aunjanue EllisTony Goldwyn Jon Bernthal. Ellis vive Oracene Price, a mãe das garotas, maior aliada de Richard na busca por seus sonhos e treinadora das garotas, ela vive uma mulher de família, que está disposta a tudo para proteger suas filhas e até bater de frente do marido, como uma leoa, para garantir que ele não exagere demais em certos momentos. Goldwyn vive Paul Cohen, o primeiro treinador que acreditou em Venus e começou a treina-la e prepara-la para entrar nos primeiros torneios, para ter um nome o suficiente para ser reconhecida como um prodígio do tênis. Por fim temos Bernthal vivendo Rick Macci, o treinador que finalmente deixou Venus e Serena prontas para se lançarem como tenistas profissionais.

Completando o elenco protagonista, temos Saniyya Sidney Demi Singleton, que vivem, respectivamente, o papel de Venus e Serena, garotas que, mesmo sem muito destaque na tela, são as grandes catalisadoras da trama. Sidney vive, com Venus, uma jovem cheia de potencial que precisa encarar, na figura de seu pai, seu maior obstáculo, o pai super protetor, é seu maior desafio, com o qual ela luta o tempo todo. Já Singleton, como Serena, vive aquela que precisa lutar para sair da sombra de sua irmã, todos enxergam sempre Serena e seu potencial, e acabam deixando menos espaço para Serena realmente desenvolver suas habilidades, mas a garota luta com toda a garra para aproveitar todas as oportunidades, se tornando tão boa quanto sua irmã. King Richard: Criando Campeãs é um filme brilhante, que mostra que Richard, mesmo com suas falhas, faz o que faz em nome das jovens negras que está criando, um amor comovente que ultrapassa a tela e se transforma em uma das melhores performances da carreira de Smith, que lhe garantiu o Prêmio Espírito Pioneiro no Heartland International Film Festival. O longa é, claramente, um drama familiar envolvente que mostra todo o amor necessário para sobrepor as esferas dominadoras da raça, classe, esportes e fama.

“Ninguém teve respeito por Richard Williams, mas vão respeitar vocês. O mundo vai respeitar vocês.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *