Crítica | King’s Man: A Origem (The King’s Man)

Nota
2.5

“Proteja nosso filho. Proteja-o desse mundo. Não o deixe ver a guerra nunca mais.”

Em meados de 1902, durante uma missão à África do Sul da Cruz Vermelha, o Duque Orlando Oxford presenciou uma ataque que levou ao assassinato de sua esposa, Emily, e o juramente de nunca permitir que Conrad, filho do casal, se envolvesse numa guerra. Doze anos se passaram e o Duque sempre fez tudo que pôde para garantir que Conrad nunca pudesse se envolver com conflitos entre países, proibindo-o de entrar para o exercito e usando toda a sua influencia para garantir isso, tudo com a ajuda de seu braço direito, Shola, que sempre treinou Conrad para ser um guerreiro nato, e de sua governanta, Polly, que educou o garoto para ser o mais inteligente da sociedade londrina. Mas novos movimentos começam a surgir secretamente, principalmente quando o Pastor cria seu próprio grupo conspiratório, peças fundamentais para controlar a politica mundial e reascender velhas rixas do primos George V (Rei do Reino Unido), Wilhelm II (Kaiser da Alemanha) e Nicholas II (Czar da Rússia).

Com estreia marcada para o dia 6 de janeiro de 2022, o terceiro filme da franquia Kingsman, que é dirigida e co-roteirizada por Matthew Vaughn, volta no tempo, para antes da existência da agência que serve à rainha da Inglaterra, para nos mostra a série de eventos que levou o Orlando a ser nomeado o primeiro Arthur. Mas devo desde já alertar que se você deseja ver a criação da milenar agencia, esqueça completamente, a agencia não é o foco do longa em momento nenhum, muito além da agencia em si, o longa nos mostra todo o processo que originou as motivações para seu surgimento, brincando com o publico desde a primeira cena, quando o jovem Conrad fala que o Orlando é Arthur, que Emily é Guinevere, que Shola é Merlin e ele é Lancelot, e nos criando uma expectativa que, para nossa ansiedade, nunca é realmente saciada. A grande sacada do roteiro de Karl Gajdusek é justamente essa espera, ele não quer nos contar uma novidade, todos sabemos o que é a Kingsman, assim como todos conhecemos a história da Primeira Guerra Mundial, mas o roteirista brinca com as lacunas, colocando Orlando e seu filho envolvido nos eventos reais relevantes, como o marcante dia que o arquiduque austríaco Francisco Fernando quase foi vítima de um atentado de Nedeljko Čabrinović e foi assassinado por Gavrilo Princip.

Nos cativando rapidamente em cena está Harris Dickinson e seu Conrad, o jovem filho do Duque Oxford é o reflexo perfeito da valentia de sua mãe e da determinação de seu pai, o que contrasta ferozmente com as limitações que o homem vive colocando, sua situação faz um paralelo suave com a rebeldia velada do jovem Oxford, sua fome por lutar por seu país e sua vontade de cooperar com a honra de seu sobrenome são fatores que projetam a trama. Ao lado de Conrad, temos seu influente pai Orlando, interpretado por Ralph Fiennes, que consegue ter voz perante o exercito e ter respeito para aconselhar o rei, e isso só aumenta o poder que um Oxford pode ter no Reino Unido, assim como aumenta a quantidade de pessoas poderosas desejando garantir que o pedido de Emily seja cumprido, é no colo dessa dupla que está a tarefa de guiar a trama, principalmente depois da grande derrocada do enredo. No elenco de apoio ainda temos nomes poderosos, como é o caso de Tom Hollander que, com apoio de uma equipe de maquiagem genial, consegue viver os três primos monarcas com uma construção notável, dando personalidades e aparências distintas para cada um dos líderes. A Polly de Gemma Arterton e o Shola de Djimon Hounsou são os guerreiros que apoiam mais ativamente na missão por findar a conspiração por trás da guerra, são eles quem melhor representam a premissa que gera a Kingsman.

Confuso e envolvente, King’s Man: A Origem tinha tudo para ser o resgate perfeito para o espirito da franquia, deixando de lado os problemas do passado e nos presenteando com uma história de origem que poderia ter sido genial se não fosse por uma triste escolha do roteiro, que pode até tentar adicionar um peso dramático para o enredo, mas acaba deixando um gosto amargo no resto do filme e um desejo por um fim imediato, como se a graça do filme desaparecesse instantaneamente. É impossível não notar as grandes nuances na atuação de seu elenco, assim como é impossível não ser marcado pela maravilhosa participação de Rhys Ifans como Grigori Rasputin ou pelas referencias à saga, mas o roteiro, que respeita inesperadamente a história ao crescer usando suas lacunas, comete vários erros além de abrir mão de uma de suas peças fundamentais cedo demais. Mesmo ganhando pontos ao introduzir personagens reais da Primeira Guerra Mundial, como Erik Jan Hanussen, Lenin e Herbert Kitchener, o longa não consegue compensar sua produção caótica ou seu tom bagunçado. O longa pode até ter algumas boas cenas de ação, mas nada que possa empolgar verdadeiramente seus espectadores.

 

“Longa vida à Kingsman.”

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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