Crítica | Kingsman: O Círculo Dourado (Kingsman The Golden Circle)

Nota
2

Na continuação do estrondoso sucesso “Kingsman: Serviço Secreto”, baseado nas HQs de Mark Millar e Dave Gibbons, um ataque de mísseis a mando da temível traficante Poppy (Julianne Moore) destrói parcialmente serviço de inteligência secreta britânica. Desesperados, Eggsy (Taron Egerton) e Merlin (Mark Strong) seguem pistas e partem para os EUA em busca da Statesman, a organização secreta americana, e com a ajuda dos agentes Tequila (Channing Tatum), Whiskey (Pedro Pascal), Champagne (Jeff Bridges) e Ginger (Halle Berry) unirão forças contra a grande responsável pelo ataque e impedir um genocídio em massa.

Em “Kingsman: Serviço Secreto” (2015), o cineasta Matthew Vaugh fez uma das melhores escolhas possíveis ao mesclar a elegância de filmes de espionagem, mais precisamente da era Sean Connery como 007, com o humor das cenas de ação eletrizantes que, de certa forma, conseguiram chamar atenção por não abusarem do slow motion e apostar no ritmo frenético e até mesmo na violência nua e crua. Sendo assim, o primeiro filme aproveitou antigos estereótipos dos clássicos de espionagem para misturar com uma originalidade própria diante de um mercado que apresenta filmes de ação tão repetitivos e sem autenticidade.

Em “O Círculo Dourado”, Vaugh tenta repetir a fórmula satisfatória do primeiro filme, mas falha ao cair nas graças da continuação hollywoodiana, o que acaba sendo entregue uma fórmula de ação esgotada, sem aprofundamentos na trama e excesso de personagens e motivações sem sentido.

Assim, a maior vantagem de Kingsman acabou se tornando seu grande problema nessa sequência arrastada e até consideravelmente desnecessária. Dessa vez, o foco não é na elegância na ação e descontração no humor sexista dos filmes de James Bond da fase Sean Connery, mas sim na ação frenética e situações absurdas da fase Roger Moore, o que teria casado bem com o filme se o conhecimento dos limites tivesse sido atribuído a produção.

Tudo demais é veneno, e “Kingsman: O Círculo Dourado” reflete bem esse velho ditado, uma vez que o filme peca demasiadamente pelo excesso de ação, situações sem sentido, personagens e piadas repetitivas. Quando a história começa a finalmente desenvolver um tom sério que remete a atualidade, sempre levado pela sátira, acontece algo que faz o filme repentinamente perder o foco e até o interesse por parte do público.

A inclusão dos novos personagens no filme, os agentes da Statesman, acontece de maneira satisfatória, apresentando-os para um futuro filme independente, ou um terceiro filme da série. Mas, nenhum deles é desenvolvido como a publicidade do longa prometia; enquanto alguns são jogados para o terceiro plano, como o caso de Tequila (muito bem na pele de Channing Tatum) e Ginger (de uma Halle Berry que sempre parece assustada diante da câmera, mas, ainda assim, simpática), outros apresentam reviravoltas sem sentido que contribuem em absolutamente nada com o roteiro, como a história de Whiskey (interpretado pelo carismático, porém desperdiçado, Pedro Pascal).

Não que o fato de terem “ressuscitado” Harry/Galahad (Colin Firth brilha e rouba a cena como nunca) tenha sido desnecessário, mas, com certeza, deixar o personagem morto pouparia o filme de mais uma sub-trama e daria espaço para os novos personagens. As únicas novidades que se destacam verdadeiramente no elenco são Julianne Moore, que interpreta a sádica e ameaçadora traficante Poppy, e ninguém menos que o Sir. Elton John, que tem ótimas participações.

Arrastado, exagerado, desgastante e, por vezes, bobo, “Kingsman: O Círculo Dourado”, porém, ainda contém elementos primordiais do primeiro filme, mesmo que não apesentem novidades, mas conseguem divertir.

A sequência está muito longe de se igualar ao antecessor, mas consegue atrair os fãs do cinema de ação/espionagem e apresenta um bom entretenimento. Apesar de ter sua conduta um tanto indefinida no segundo filme, um terceiro longa pode recuperar sua nobreza sendo superior a si mesmo.

 

Jornalista, crítico de cinema, fotógrafo amador e redator. Quando eu crescer, quero ser cineasta.

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