Crítica | Kung Fu Panda

Nota
4

Po é um panda que trabalha na venda de macarrão do seu pai, o ganso Sr. Ping, mas que passa a vida sonhando ser um mestre do kung-fu, sabendo a história de todos eles, e brincando com seus bonecos. Um dia, é anunciado que vai acontecer um torneio entre os Cinco FuriososTigresa, Macaco, Garça, Víbora e Louva-a-Deus – para identificar qual deles é o Dragão Guerreiro, o único mestre de kung-fu digno de receber o Pergaminho do Dragão, e Po decide a todo custo ver o espetáculo, até que, inesperadamente, um incidente acaba o colocando no meio da arena, em frente a grão-mestre Oogway, que proclama Po como o grande escolhido. Agora cabe ao mestre Shifu treinar Po, contra a sua vontade, para se tornar o grande destinado a enfrentar Tai Lung, o ex-aluno e filho adotivo de Shifu.

Seguindo a receita da Jornada do Herói com muita comédia, Kung Fu Panda começa sua trama com uma animação 2D que investe bastante em tons de vermelho, alaranjados, amarelo e pretos, cores que representam a cultura chinesa, numa introduçao historica para o universo que estamos sendo colocados, para só depois transitar para o 3D, no quarto de Po. Dentro dessa jornada, é trabalhada a introdução à aventura, as dúvidas, o mentor, os primeiros desafios, e todos os passos padrões que levam até o clímax, a calmaria e, por fim, a abertura pra uma nova aventura, uma estrutura bem fechada e clichê, mas que é trabalhada exaltando o charme do protagonista e nos envolvendo nesse universo.

Dirigido por John Stevenson e Mark Osborne, o longa traz inúmeras referências à China, abordando um estudo sobre artes marciais e os animais representativos das técnicas e golpes, uma verdadeira aula sobre a cultura chinesa em forma de animação, sendo bastante respeitoso e aclamado pelo próprio país.
Cada cenário, seja nos pisos, telhados, props, paisagens ou nos personagens, representam o kung fu de maneira que aderisse a cultura às suas personalidades, agregando uma tematica de trabalho duro, relação sensei e aprendiz, originalidade e confiança, trabalho em equipe, tudo muito bem enraizado na cultura asiática, traduzida e trazida para o público infantil na animação. Po cai bem como protagonista, sendo um panda fofo e atrapalhado, mas determinado como um guerreiro, ou o Dragão Guerreiro dessa história.

O vilão como um antigo aprendiz que se rebelou com o seu mestre por querer ser o melhor a todo o custo, funciona perfeitamente, e a ira ao não ser reconhecido, como já vimos ser abordado em tantas outras obras cinematográficas de artes marciais, casa com a aparência do tigre, que traz aquele mesmo ódio nos olhos que marca o Shan Yu de Mulan. Tai Lung serve bem ao enredo, dando espaço na trama para nos apaixonarmos pelo Po atrapalhado e torcermos pelo Po dedicado, ajudando a construir um enredo de um mestre que perde a paixão por ensinar, até que entende que cada aluno tem um processo e volta a amar sua profissão.

São inúmeras as cenas de aprendizado, que se fortalecem pela boa coreografia empregada nas lutas, trazendo cenas que são quase como uma HQ, mas que também trabalham bem nos improvisos, bebendo da fonte dos diversos filmes de Jackie Chan e Bruce Lee, trazendo até uma grande referência a Bruce Lee por meio do soco de uma polegada. A trilha sonora de Hans Zimmer, que visitou a China para estudar toda cultura e a orquestra nacional, se une à dublagem incrivel dos personagens por Angelina Jolie (Tigresa), Jack Black (Po), Jackie Chan (Macaco) e David Cross (Garça), ou ainda as fortes dublagens brasileiras de Po por Lúcio Mauro Filho e Tigresa por Juliana Paes. Não bastando o elenco principal chamativo, com personagens que possuem, cada um, seu charme, vale destacar ainda a presença de alguns coadjuvantes fortes, como o Sr. Ping e o grão-mestre Oogway, que envolvem o publico com bastante facilidade.

Recebido bem pelo Festival de Cannes, primeiro lugar em bilheteria nos EUA e segundo maior público do Brasil, Kung Fu Panda é sucesso em vários lugares do mundo, em várias famílias e com grande aprovação no rotten tomatoes. O longa mostra a que veio com uma boa animação, alma e muito humor, se tornando um grande sucesso da DreamWorks Animation, que atende bem a proposta da jornada de herói, compensando o fato de não surpreender em enredo com a forma como a história é trazida para o espectador.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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