Crítica | Kung Fu Panda 2

Nota
5

Há muito tempo, Gongmen City, na China, era governada pelo herdeiro do clã pavão, Lorde Shen. Mas quando Lorde Shen se fascinou pelo poder dos fogos de artifício, decidindo usa-los como arma para governar toda a China, acabou recebendo de Fala Macia, a cabra vidente, uma profecia de que “um guerreiro preto e branco” o derrotaria um dia, o que o motivou a cometer um exterminio dos pandas gigantes, ser banido da cidade por seus pais e jurar retornar um dia para se vingar. Anos mais tarde, após derrotar Tai Lung, Po vive seu sonho como o Dragão Guerreiro, protegendo o Vale da Paz ao lado dos Cinco Furiosos, até que acaba cruzando com uma matilha de lobos bandidos que estão roubando metal do vale para Lorde Shen, um grupo que carrega um simbolo que destrava memórias do passado de Po e o faz tentar entender melhor suas origens, sobre como foi adotado pelo Sr. Ping.

Repetindo o filme anterior, o longa traz uma introdução com uma animação 2D mostrando a origem de Po, e tudo com muito vermelho, preto, e branco, simbolizando o sangue e o massacre do passado, o que impulsiona a busca de Po por suas origens enquanto tenta salvar toda a China do Lorde Shen e de sua ambição, sempre com muito kung fu. Agora já sabendo lutar, Po se tornou um herói aclamado e confiante, mas ao precisar enfrentar Lorde Shen, começa a questionar suas origens e traumas. Esse segundo filme traz um vilão marcante para formar uma boa história, Lorde Shen (dublado nos EUA por Gary Oldman e no Brasil por Márcio Simões, mesmo dublador do Hades em Hércules) é mais inteligente e hábil, possui motivações fortes e plausíveis, diferente de Tai Lung, já que, assim como Lord Voldemort em Harry Potter, ao receber uma profecia a faz acontecer por pura ganância e por não aceitar a iminente derrota.

Com bastante ação e um enredo com boas reviravoltas, a sequência traz mais movimento e motivação, deixando de ser apenas uma história infantil, mudança feita graças à chegada de Jennifer Yuh Nelson assumindo a direção, o que levou o longa até a ser indicado ao Oscar na categoria de Melhor Animação. Mostrando lições sobre frustração e traumas, e sobre o quão eles destroem pessoas, o quão doloroso é o processo de cura e o quão mal pode fazer o ódio que existe nesse processo, o longa faz seu protagonista entrar em uma jornada para encarar e se transformar em sua melhor versão. Há ainda um desenvolvimento de outros personagens, abordando temas como adoção, família, união, aceitação, amizade e, principalmente, o caminho para encontrar a paz interior. A força da amizade e da determinação, são as palavras certas para definir esse segundo filme, onde cicatrizes se curam e se debate a importância do agora, mesmo que em paralelo com temas que já foram trabalhados desde o primeiro filme.

Trabalhando a fundo o desenvolvimento de personagem, de trama, de relacionamento e de animação, com direito a mais lutas com 3D, melhores efeitos, maiores produções e maior vilão, definitivamente a franquia cresce em todos os aspectos. Os cenários estão grandiosos, as várias armas de Lorde Shen (seus exercitos, seus navíos e seu palácio), tudo mostra a opulência da China e seu poderio militar, o que só engrandece com o estilo do vilão, um pavão com armas de pratas e um kimono digno de um lorde, usado com habilidade nas diversas lutas, sempre empregando o contraste do amarelo e vermelho com o escuro e azulado, o contraste do branco de Po com o de Shen nas diversas lutas. Vale o destaque para a luta na fabrica de armas, que remonta a uma forte referência a MulanAvatar: The Last Airbender durante a queda da torre do Palácio de Gongmen City. Kung Fu Panda 2 traz, além da perspectiva de crescimento, uma maior representatividade cultural chinesa e abre a oportunidade de se fincar como uma franquia amada pelo público, rendendo diversos outros projetos.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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