Crítica | Lilo & Stitch

Nota
5

“Ohana que dizer família. Família quer dizer nunca abandonar… ou esquecer.”

A Federação Galáctica se reuniu no planeta Turo para o julgamento do Doutor Jumba Jookiba (David Ogden Stiers), o antigo cientista chefe das industriais de defesa da galáxia que usou seu poder para fazer experiências genéticas ilegais, que ocasionaram em uma monstruosidade quase indestrutível denominada 626. A criatura tem resistência à tiros, fogo, visão noturna, move objetos com 300 vezes seu peso e consegue pensar mais rápido que um supercomputador, além, é claro, do desejo mortal de destruição em massa.

Temendo o risco que o monstro pode causar a Federação, a Grande Conselheira (Zoe Caldwell) condena o mesmo ao exílio na aridez de um asteroide, mas o experimento consegue escapar da força tarefa antes de ser transferido para seu último destino. Roubando uma nave patrulha, a criatura ativa o hiperespaço, rumando para o Quadrante 17, seção 005, área 51, em um planeta chamando Terra, onde dois terços da superfície é formado por água, sua maior fraqueza.

Lilo (Daveigh Chase) é uma garotinha de 5 anos que tenta se enturmar, mas é considera estranha pelas poucas garotas com quem tem contato na ensolarada ilha de Kauai, Havaí. Órfã desde cedo, a menina vive com sua irmã mais velha, Nami (Tia Carrere) que tenta a todo custo manter a guarda de sua irmã, mesmo com todos os infortúnios que as duas sofreram. Notando a solidão da irmãzinha, Nani decide levar a garota para adorar um cachorro no canil local. O que ela não esperava é que a garota fosse escolher o animal mais estranho do canil, que, momentos antes, aparentava estar morto.

Agora renomeado de Stitch (Chris Sanders), ele percebe que está sendo caçado pelo seu antigo criador. Decidindo usar a garota como escudo humano, o extraterrestre começa a notar que tem muito em comum com a menina esquisita e aprende o verdadeiro significado de uma coisa que até o momento ele desconhecia: Ohana.

Depois do fator Shrek e do desastroso empenho de Atlantis: O Reino Perdido nos cinemas, a Disney precisou repensar seu jeito de produzir animações. O filme já mostrava a que veio nos pequenos teaser de divulgação, satirizando momentos de antigos clássicos do estúdio. Afinal, se um outro estúdio pode rir de nosso conteúdo por que nós mesmo não fazemos isso?

Dirigido por Chris Sanders e Dean DeBlois, Lilo & Stitch é o 42° longa de animação produzido pela Disney. Experimentando novos gêneros e expandindo seus limites, o estúdio decidiu contar uma história original unindo humor, drama e ficção científica com o velho estilo Disney de ser. Dotado de um teor emocional latente, salpicado com piadas e referências, o longa retorna uma das velhas técnicas de animação: a esplêndida pintura aquarela que faz referencia aos velhos longas do estúdio.

Aliados com a computação gráfica, o filme apresenta um visual magnifico que enche os olhos com suas cores vivas, seus tons exuberantes e a riqueza nos detalhes. Tudo no filme beira a uma obra de arte, e sua trilha sonora (repleta de músicas de Elvis) conduzem com magnificência as diferentes emoções que o longa nos proporciona. É um casamento tão sublime que encanta profundamente os espectadores.

O enredo preciso e envolvente, se torna tão memorável que é impossível não recitar algumas das linhas ditas no longa. Tudo é bem construído, milimetricamente pensado para dar uma profundidade e construir personagens e relações tão humanos que ganham vida e fazem com que o publico se identifique com seus personagens. E por falar de personagens, que trabalho magnífico. Cada um possui uma série de camadas de aprofundamento que os transforma em algo tão palpável e real que encanta. Seja pelos erros e acertos, ou por não levar desaforos pra casa, todos eles parecem… humanos. Mesmo que alguns nem sejam de nossa espécie.

Stitch é cheio de defeitos. O monstrinho tem um jeito fofo e perturbador, que desperta nosso interesse desde o primeiro momento. Sua evolução durante a trama é algo tão sublime que nos acomoda e arranca pequenos sorrisos ou lágrimas, dependendo da ocasião. É gratificante acompanhar um protagonista que foge da regra perfeitinha da Disney, e ver seu arrependimento ao notar o qual problemática foi sua chegada na família.

Lilo já passou por poucas e boas. A solitária garotinha tem uma sinceridade cruel e adorável, digna de uma irmã mais nova e seu lado agressivo casa tão bem com o de Stitch que são quase como espelhos um do outro. Lilo morre de medo de ser abandonada, de perder mais uma pessoa importante na sua vida, e ela tenta tanto se enturmar que chega a partir nosso coração a ponto de querermos abraçar a pequena e dizer que tudo vai ficar bem.

Nami tem um relacionamento conflituoso com sua irmã. Ela tenta ao máximo manter a família unida, mas todo seu esforço beira ao desastroso. Sua relação com Lilo é um dos maiores acertos do longa. O laço entre elas é tão real que é impossível não se identificar com as birras e os pedidos de desculpas. Nami largou tudo para cuidar de Lilo e vive para proteger a irmã, quando algo sai errado choramos com elas mas quando algo da certo comemoramos, criando um laço forte entre espectador e personagem. Obrigado Disney, por construir uma personagem tão humana e magnífica.

Davis (Jason Scott Lee) foge do convencional “interesse amoroso” do estúdio. Ele é gentil, atencioso e sempre soube respeitar o espaço de Nami. Mesmo claramente apaixonado pela moça, ele nunca forçou nada e sempre tentou ajudar a garota a manter sua família nos eixos, seja arrumando um emprego ou apenas criando um passeio divertido quando tudo parecia destinado ao fracasso. Cobra Bubbles (Ving Rhames) é o rígido agente social que acompanha o caso da família Pelekai. Com cara de poucos amigos, o agente impõe respeito e faz uma ótima referência a uma grande franquia do universo pop.

Jumba é o típico gênio do mal. Com pensamentos distorcidos, o grandalhão precisaria de um contraponto de peso e é nesse espaço que entra o divertido Pleakley (Kevin McDonald). A química entre eles proporciona alguns dos momentos mais engraçado da trama. É esplêndido ver a relação sendo formada, com situações improváveis e hilárias que arrancam o riso mesmo sem que percebamos.

Encantador e emocionante, Lilo & Stitch conseguiu deixar sua própria marca e se mostrou um dos filmes mais originais do estúdio. Trazendo uma mensagem tão profunda, que pode unir até os mais afastados e nos fazer lembrar do que realmente é importante nessa vida: nossa Ohana. Aparecendo de várias maneiras, construídas ao longo do caminho, famílias não se limitam ao sangue, mas ao verdadeiro laço que criamos com aqueles que amamos… Mesmo que sejam extraterrestres. Afinal, família quer dizer nunca abandonar… ou esquecer!!!

“Essa é minha família. Eu achei, sozinho. Eu que achei. É pequena e incompleta, mas é boa… É, é boa.”

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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