Crítica | Mãe! (Mother!)

Nota
4.5

“Esta ouvindo isso? É o som da vida. O som da humanidade.”

Uma dedicada esposa (Jennifer Lawrence) cuida da casa, reformando-a e reestruturando depois de um grave incêndio enquanto seu marido, um renomado poeta (Javier Bardem), vive um bloqueio criativo que o impossibilita de fazer o que mais ama: criar novas histórias. A rotina do casal começa a ser abalada com as visitas inesperadas à sua afastada residência, trazendo dilemas profundos e despertando eventos bizarros que parecem se agravar a cada nova investida.

Desde sua estreia Mãe!, a nova obra do renomado diretor Darren Aronofsky, vem dividindo opiniões e ganhando o mesmo amor e ódio entre a crítica e o público. O longa abusa de seu ar desafiador, convidando o público a interpretar seus signos enquanto nos mergulha em uma viagem mítica e claustrofóbica, que pode permutar em nossos pensamentos.

Já em sua primeira cena, o longa demonstra seu poder irreal, nos fazendo questionar a cada momento o que nos é mostrado enquanto conta em cada entrelinha uma história única para o espectador. Cada passada do roteiro ganha uma nova camada, carregada de interpretações e metáforas que utilizam do conhecimento de cada um para construir o que nos é contado.

A direção e escrita de Aronofsky transborda ares complexos e dinâmicos, que vagueiam entre diferentes tons narrativos enquanto nos instiga e seduz com a mesma intensidade. O refinamento técnico e a dominação de cenas constroem situações exasperadas, que nos deixam sem ar desde o inicio do longa. São dramas intimistas, debates ritualísticos e construções sombrias e pessimistas sobre cada volta que o roteiro aborda na trama labiríntica e caótica.

São longos espaço abertos que entram em contraste com o constante close do diretor, nos informando que mesmo na imensidão da casa ainda estamos enclausurados em seus sentimentos. O constante uso do amarelo, somado com o vermelho ocasional, enfatizam o clima doentio que a personagem precisa passar a cada novo evento, trazendo uma aceleração agravante daquilo que nos é mostrado.

A complexa sonoplastia nos desnorteia e incapacita, transbordando toda a confusão de sua protagonista aos acontecimentos ao seu redor ao mesmo tempo que o uso de uma quase câmera subjetiva nos coloca, de fato, sobre seu ponto de vista. A filmagem crua e atordoante nos tira de nosso lugar comum e nos convida a reagir a cada ação bizarra que acontecerá durante o filme.

A atuação de Lawrence é impecável, trazendo com maestria toda confusão e impotência que a personagem sente ao longo da trama. Seu espaço pessoal é invadido, violado e manchado, trazendo uma revolta crescente não só em si como no público, o que transforma sua persona e transborda uma visceralidade magnifica. Lawrence consegue mostrar de forma cristalina todo seu sofrimento, servindo como voz da razão em um ambiente que está longe de seu controle.

Michelle Pfeiffer, por outro lado, entrega uma malícia desafiadora, que impõe sua presença mesmo no papel limitado que lhe foi proposto. Ela provoca, cutuca e desrespeita sua anfitriã, sempre a colocando em uma posição desconfortável e repleta de olhares venenosos que corroem a cada cena.

Javier Bardem constrói uma persona obcecada pela adoração. O poeta se mostra motivado apenas em sua própria criação, negligenciando sua esposa e permitindo os absurdos das situações em favor de sua criatividade. Ele é egoísta e egocêntrico, tomando tudo o que está a seu redor, e pouco se importante com as vontades de sua companheira… até que ela lhe seja necessária.

Instigante e repleto de alegorias, Mãe! É uma experiência única para cada um que explora seu universo. O longa está longe de agradar a todos, mas está determinado a nos fazer pensar e indagar, permanecendo conosco muito mais do que imaginávamos, e não é pra isso que a arte é feita? Para nos fazer refletir e repensar sobre tudo o que nos foi mostrado?

 

Preso em um espaço temporal, e determinado a conseguir o meu diploma no curso de Publicidade decidi interagir com o grande público e conseguir o máximo de informações para minhas pesquisas recentes além, é claro, de falar das coisas que mais gosto no mundo de uma maneira despreocupada e divertida. Ainda me pergunto se isso é a vida real ou apenas uma fantasia e como posso tomar meu destino nas minhas mãos antes que seja tarde demais...

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