Crítica | Maestro

Nota
4.5

Filme cinebiográfico dirigido por Bradley Cooper (Se Beber, Não Case!, Nasce Uma Estrela) para a NetflixMaestro conta a história real da vida e carreira do compositor, músico e pianista Leonard Bernstein (interpretado por Cooper), responsável pela composição da trilha sonora de musicais aclamados da Broadway, como West Side Story, Peter Pan e Candide. Natural da cidade de Lawrence, Massachusetts, nos Estados Unidos, Bernstein ocupou o cargo de principal condutor da Orquestra Filarmônica de Nova York durante 18 anos, e se consagrou como um dos músicos mais importantes dos Estados Unidos. A produção também mostra sua complexa relação com a atriz de TV e teatro Felicia Montealegre, que se iniciou quando os dois se conheceram em uma festa, em 1946, passando pelo primeiro noivado do casal – que foi desmanchado – até chegar ao seu casamento de, ao todo, vinte e cinco anos de duração, que trouxe três filhos ao casal.

A estética inicial do longa trabalha o preto e branco, com uma atmosfera semelhante da que Nolan usa em Oppenheimer, um estilo de direção que mescla o noir com a coloração em tela, trazendo a brincadeira saudável de mudar o estilo da paleta de cores no decorrer de um filme. A trama logo te situa que se passa em 1943, com o visual da época explicito em roupas, em paisagem e tecnologias da época, provando que existe um cuidado da direção, por se tratar de uma biografia, em mostrar os detalhes de cada época que se passa. No início, é um pouco sutil a existência de um relacionamento homoafetivo entre o protagonista, Leonard, e David Oppenheim (Matt Bomer), até que o enredo avança para o ponto em que Leonard conhece Felicia, interpretada pela brilhante Carey Mulligan, que está um espetáculo nesse longa.

Carey consegue tomar conta das cenas que está presente, e a história nos mostra que a Felicia acaba sendo o ponto de equilíbrio na vida de Leonard, é ela quem organiza sua vida, mentalmente e estruturalmente falando. Bradley Cooper, principalmente quando tem um close-up só para ele, consegue entregar uma atuação magistral, provavelmente a melhor do ano, mesmo que seja quase certo que o Oscar de Melhor Ator deva ser dado ao excelente Robert Downey Jr. por Oppenheimer. Bradley consegue segurar no drama, na leveza e na raiva, fazendo uma explosão quando é preciso, ele é o faz tudo, dirige, atua e roteiriza. É interessante notar a presença de Martin Scorsese como produtor do filme, o que mostra claramente que há um foco para premiações. Todo o desenvolvimento de Felicia e Leonard no filme é bem escrito e executado, a partir do ponto que eles se casam e possuem três filhos, começamos a ver as “necessidades” de Leonard vindo à tona, a atração por homens que faz ele cometer puladas de cerca, com o consentimento de sua esposa, ao mesmo tempo que não se assume e vive na calada do esconderijo, num período onde a bissexualidade ainda era tratada com repudio pela sociedade.

Em certo ponto, o conflito surge quando Felicia começa a se sentir incomodada com o andamento das coisas, quando a maquiagem para a sociedade começa a tirar o foco do gênio da música, como se suas necessidades ofuscassem seu talento e dom natural, e a trama prossegue acompanhando o crescimento de seus filhos com o decorrer da história e a idade avançando, levando a um terceiro ato que perde chance ideal para se finalizar e se alonga por alguns minutos de diálogos. Dinâmico, Maestro é um acerto da Netflix, dando vida à história de uma lenda da música, e sua vida conturbada, com a maestria que merecia.

 

Jornalista, torcedor do Santa Cruz e do Milan, Marvete, ouvinte de um bom Rock, uma boa leitura acalma este ser pacífico.

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