Crítica | Mama

Nota
4

“Mama…”

Jeffrey Desange perdeu tudo durante a crise financeira de 2008, e isso fez com que o homem matasse seus parceiros de negócios e sua ex-mulher, depois fugisse de carro com suas filhas, Victoria, de três anos de idade, e Lilly, de dois anos. Durante a fuga, Jeff acaba sofrendo um acidente que o força a se abrigar com as filhas em uma cabana abandonada, onde tenta finalizar o plano assassinando-as para cometer suicídio em seguida, mas algo o impede: uma figura sombria que o arrasta para longe, suspendendo-o no ar e estrangulando-o.

Cinco anos depois as garotinhas são encontradas na floresta por dois caçadores, e agora precisam ser criadas por Lucas (Nikolaj Coster-Waldau), tio das garotas, e Annabel (Jessica Chastain), a esposa de Lucas, mas eles não esperavam que as meninas trariam companhia para a casa, o ser maligno, que elas chamam de Mama, desafiando o casal a lidar com essa presença ao mesmo tempo que tentam compreender o que está acontecendo, que tentam conquistar as garotas e que tentam ensinar a elas como se encaixar na civilização.

O longa chega para mostrar que o Guillermo del Toro da duologia Hellboy e do preciso O Labirinto do Fauno ainda existe, e que ele ainda é capaz de pegar elementos tão fantásticos quanto sombrios e levar ao ponto de termos medo ao mesmo tempo que somos encantados. Mama é um longa inspirado no curta de Andy Muschietti, que como curta e, nas mãos de Andy, foi promovido a um filme excepcional, que exibe poucas falhas considerando uma base tão inexperiente e a direção de Andy, que assumiu a direção de um longa metragem pela primeira vez nessa produção, talvez até tenha chegado tão longe por conta da produção de del Toro, que deu uma aula a Muschietti de como chegar ao panteão que já é habitado por ele e James Wan.

Seguindo num ritmo maravilhoso, Mama consegue assustar os espectadores ao manejar magistralmente a iluminação e a paleta de cores, garantindo uma fotografia envolvente a cada ato, e apesar de ser repleto de jumps scares bem clichês, ele consegue manter nossa atenção na antagonista ao mesmo tempo que expõe os efeitos da convivência das irmãs com ela. Vemos todo o lado materno de Mama se contrapondo com a maternidade que surge em Annabel, garantindo uma evolução exemplar para Jessica Chastain.

A atuação de Nicolaj Coster-Waldau é outro destaque, infelizmente suprimido pelo seu pouco tempo de tela e o roteiro que torna seu personagem tão dispensável na maior parte do longa. As meninas, vividas por Megan Charpentler e a Isabelle Nélisse, são uma surpresa e tanto para o longa, e toda a interação que elas possuem com a entidade vivida por Javier Botet fica graciosamente inocente, vemos em seus atos que elas não veem o mal que a Mama possui, elas apenas enxergam aquela que salvou suas vidas e que cuidou das garotas durante os cinco anos de isolamento.

Se por um lado a atuação de Botet é incrível, o excesso de CGI em sua personagem acaba deixando um gosto amargo de quem assiste. É, temos um homem vivendo a antagonista, mas será que realmente precisa de tanto CGI para criar a entidade feminina ou tudo não poderia ser resolvido com bastante maquiagem combinada a atuação esplendida e o corgo curiosamente compatível do ator? Depois de um desenvolvimento fantástico, o longa vai para sua finalização, onde vemos toda a influencia de del Toro jorrar na tela, com muita fantasia e magia no ar mas, infelizmente, sentimos o peso de um roteiro mal finalizado, deixando perguntas de sobra, soluções mal feitas e muita rebarba digital ao fazer uma cena espetacular não ter emoção quase nenhuma por conta de um simples desejo de assustar.

 

Sonhador nato desde pequeno, Designer Gráfico por formação e sempre empenhado em salvar o reino de Hyrule. Produtor de Eventos e CEO da Host Geek, vem lutando ano após ano para trazer a sua terra toda a experiência geek que ela merece.

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