Crítica | Maré Nostrum

Roberto e Mitsuo são dois desconhecidos que, após uma série de coincidências, voltam para o Brasil no mesmo dia, depois de um longo tempo no exterior. Eles se encontram devido a um terreno que foi negociado por seus pais décadas atrás e decidem tentar ganhar dinheiro em cima do local. No entanto, eles entram em conflito quando começam a achar que o lote possui poderes mágicos.

O diretor Ricardo Elias retorna as telonas depois de 12 anos desde seu último filme, intitulado Os 12 Trabalhos. Antes disso ele havia feito um ótimo trabalho em 2003 com o filme De Passagem, estrelado por Silvio Guindane. O ator e diretor se unem novamente numa história que se passa em 2011, contudo, se encaixaria muito bem no momento atual que o Brasil e que muitos dos jovens se encontram nesse momento.

Maré Nostrum conta a história de dois jovens que precisam voltar a morar com os pais por motivos financeiros. Enquanto um morava no Japão e perdeu tudo com a tsunami, o outro tentou viver como jornalista esportivo na Espanha, contudo, com a crise na Europa, teve que voltar para o Brasil e viver na casa da sua mãe. Essa situação se assemelha muito com o que temos no Brasil atualmente. Com a crise que assola o país, muitos jovens não estão encontrando empregos e com isso fazem o caminho reverso, tendo que voltar a morar com os pais. Nesse ponto, o filme consegue falar muito bem com o público, fazendo uma excelente crítica aos momentos atuais, e tendo aqui no primeiro ato da história, seu melhor momento.

Enquanto o primeiro ato serve como uma ótima crítica social, além de apresentar bem os personagens e seus devidos conflitos, o segundo ato da história perde um pouco da sua força ao tentar acrescentar um pouco de fantasia no seu enredo. Enquanto a história manteve seus dois pés no chão, com conflitos interessantes, a fantasia em torno de um terreno mágico acaba sendo um ponto fora da curva, contudo, para o bom resultado final do filme, esse arco da fantasia acaba sendo deixado de lado no belo ato final do filme.

Enquanto o longa tem um bom início, e acaba derrapando durante o segundo ato, podemos dizer sem sombras de dúvidas que o desfecho dessa história consegue salvar bem o produto final. As decisões tomadas pelos personagens mostram claramente o quanto eles evoluíram ao longo das suas jornadas e como eles estão preparados para começar um novo capítulo nas suas vidas.

Maré Nostrum é uma ótima crítica social, que tem incluso um bom drama e conflitos entre seus personagens, e que mesmo com algumas oscilações no meio do caminho, consegue entregar uma história com um excelente enredo, um bom desenvolvimento e um ótimo desfecho.

 

Nota
3

Formado em publicidade, crítico de cinema, radialista e cantor de karaokê

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