Crítica | Maria Madalena (Mary Magdalene) [2018]

Nota
4

Inconformada com sua posição dentro de uma sociedade rígida e machista, Maria (Rooney Mara) sente a necessidade de trilhar seu próprio caminho. Contrariando seu pai e sua família, Maria segue com Jesus (Joaqui Phoenix) e seus apóstolos, acompanhando o messias cristão até seus últimos dias e além deles. Ser a única mulher a caminhar entre os apóstolos é um privilégio cheio de dificuldades, uma vez que mesmo no meio deles é possível identificar resistência a sua presença, sobretudo na figura de Pedro (Chiwetel Ejiofor). Um filme dirigido por Garth Davis.

Em uma narrativa livre dos clichês de outros filmes que tratam da mesma história, Maria Madalena tem por foco a vida dessa mulher tão polêmica dentro do cristianismo, sendo vista por muitos como uma adultera, ou até mesmo prostituta, um viés que é completamente descartado dentro da proposta de Garth Davis.

Maria é uma seguidora fiel, responsável por auxiliar no batismo das mulheres e influenciar o interesse das mesmas pela palavra de Cristo. Com uma bela fotografia e escolhas corajosas para retratar cenas já tão vivas no imaginário coletivo, o longa acerta em vários aspectos, proporcionando momentos de contemplação prazerosa, ou mesmo de lágrimas empáticas.

Rooney Mara está excelente em seu papel, conseguindo externar emoções através de suas expressões, muitas vezes antes de proferir qualquer palavra é possível ao espectador entender o que a personagem está sentindo. A relação de Maria com seu irmão Daniel (Denis Ménochet), assim como seus momentos a sós com Jesus, são pontos altos dentro do longa. Joaquin Phoenix dá vida a um Jesus cativante, conseguindo, assim como Rooney Mara, se expressar muito bem através de entrelinhas expressivas, indo do peso sempre presente de sua missão na Terra, para a ternura de um sorriso memorável. Dentre os apóstolos, destacam-se Pedro, interpretado por Chiwetel Ejiofor, e Judas, vivido por Tahar Rahim, que por sua vez tem um dos melhores arcos de desenvolvimento dentro do filme, um personagem interessante no início ao trágico fim, contrariando outras obras, podemos entender os motivos que levam Judas ao ato que desencadeia a morte de Jesus.

É muito provável que Maria Madalena cause uma série de comentários maldosos, embasados por um pensamento retrogrado, algo muito comum quando um diretor tenta contar uma história que tem um nível de influência cultural e religiosa tão grande. Mas o próprio filme deixa claro a ideia de contar a trajetória de Maria Madalena como uma evangelista, algo que em 2016 foi reconhecido pelo Vaticano.

Ou seja, se pretende ir ao cinema para ver a história de Jesus Cristo, te aconselho a ler os Evangelhos, mas se uma excelente obra ficcional te chama a atenção, Maria Madalena estreia dia 15 de março nos cinemas.

 

Estudante de Museologia na UFPE, Cavaleiro Jedi, viciado em cinema, HQs, e coleções. Já gastou mais tempo de vida vendo séries que dormindo.

Resposta de 1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *