Crítica | Megamente (Megamind)

Nota
5

Megamente é um extraterrestre azul que foi enviado para a terra após o ataque de meteoritos em seu planeta, ele chega ao planeta na cidade de Metro City, onde acaba sendo criado em uma prisão. Sua infância na terra acabou o transformando em um supervilão, o que o fez, anos depois, ganhar a fama de ser o supervilão mais brilhante e inteligente que a terra já conheceu. Megamente vive com seu parceiro e amigo de infância, Criado, e se dedica ao longo dos anos a conquistar Metro City em todos os sentidos imagináveis, sempre sendo atrapalhado pelo meta-humano Metro Man, um forte, galante e poderoso super-herói, também extraterrestre, que é seu maior inimigo de infância. Depois de tantas falhas, ele executa um de seus maiores planos mal-planejados, que acaba realmente funcionando e matando o Metro Man, o que deixa Metro City preocupada, principalmente a jornalista Rosane Rocha, e preenche o alienígena azul com um vazio e tristeza, percebendo que ele não tem nenhuma finalidade sozinho. Ele então decide se dedicar a recriar a história, criando um novo super herói para ser seu adversário.

Subvertendo o tema super herói e super vilão, ao mesmo tempo que humaniza os dois estereotipos, Megamente explora um anti-heroismo com fortes referências a Superman e Lex Luthor, adicionando o humor típico das produções da DreamWorks Animation. O filme começa pelo final, explorando as memórias sobre o que já aconteceu na vida dos adversários, mostrando que muitas vezes um vilão nasce do meio em que está inserido, um meio que pode ser discriminatório e transforma-lo numa vítima por ser diferente. Megamente é um gênio da tecnologia, e tem orgulho em ser ou parecer ser mau, mesmo que seja muito atrapalhado e carismático para nos espectadores. Lógico que tudo se torna ainda melhor com o elenco de dublagem bem escolhido, que traz o protagonista sendo dublado por Will Ferrell nos EUA e Cláudio Galvan no Brasil, Metro Man dublado por Brad Pitt nos EUA e Thiago Lacerda no Brasil e Rosane Rocha dublada por Tina Fey nos EUA e Mabel Cezar no Brasil, um elenco de peso para personagens bem fortes. Na trama, é preciso dar um destaque para importancia de Rosane Rocha, que assim como uma Gale Weathers na franquia Pânico, vai atrás de cada pista para garantir uma exclusiva com Megamente, sem medo dela e nem de Titã.

Megamente distorce completamente a famosa frase “Ou você morre herói, ou vive o bastante para se tornar o vilão”, que Harvey Dent declama em Batman: O Cavaleiro das Trevas, já que o protagonista mostra que é possivel ser um vilão e viver o suficiente para se tornar um herói. Além de um ótimo roteiro, o filme apresenta uma animação 3D boa, muito expressiva, com cenas aéreas incríveis e muito motion design, a trilha sonora é outro ponto alto, conseguindo render as cenas e guiar as sequências com ótimas escolhas, como “Crazy Train” (de Ozzy Osbourne), “Highway To Hell” (do AC/DC), “Welcome To The Jungle” (de Guns n Roses) e “Bad” (de Michael Jackson). A produção brinca com os esteriotipos de discursos de vilões, com as frases de efeito de heróis, até com as entradas triunfais, vôo, treino do herói, assim como a franquia Shrek brinca com os contos de fadas sempre com um texto bem desenvolvido. A paleta de cores abusa do azul e preto do Megamente em contraste com o alaranjado e amarelo usado para simbolizar  a cidade em contra ponto o sol e prédios.

A produção apresenta um vilão que brinca com o popular preceito “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, do Homem-Aranha, mostrando que grandes poderes também podem gerar grandes problemas quando eles, ao invés de estar nas mãos do herói esteja nas mãos do vilão. Uma proposta ousada que brinca com o anti-heroismo e pode ter sido a base para tantos outros anti-heróis de careter duvidoso em tantas outras animações posteriores, mostrando que o problema as vezes é só querer ser amado. O longa ainda usa as particulas dos seus robôs e da sua fumaça ao chegar, uma clara referência à Bruxa Má do Oeste, para brincar o 3D, trazendo roupas que lembram rock e robôs gigantes, tudo para construir um espectáculo para os olhos capaz de render grandes números em receita. Definitivamente, Megamente é uma animação que marcou sua época, com uma qualidade que sempre fez desejar uma continuação, porém nos deixando em dúvida se uma sequência seria capaz de entregar a mesma qualidade de roteiro e de animação.

 

Formado em cinema de animação, faço ilustrações, sou gamer, viciado em reality shows, cultura pop, séries e cinema, principalmente terror/horror

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