Crítica | Megatubarão (The Meg)

Nota
3

Quando um filme se chama “Megatubarão”, é 100% de certeza que, divertido ou não, se trata de uma grande bobagem. Esse percentual duplica com a presença de Jason Statham, ator inglês conhecido pelo trabalho com blockbusters de ação, como Carga Explosiva, Velozes e Furiosos e Os Mercenários. Assim como incontáveis outros filmes de monstro/catástrofe, este Megatubarão dirigido por Jon Turterltalb vem com a promessa de ser um entretenimento escapista cheio de efeitos visuais, adrenalina generosa e situações absurdas; deve-se admitir, portanto, que, dentro dessa proposta, ele se sai bem melhor do que poderia.

A premissa é bem básica, como deveria ser neste caso: numa instalação oceânica bilionária de estudos subaquáticos, cientistas e mergulhadores descobrem uma camada marinha a mais de 10 km de profundidade que nunca foi explorada. Numa expedição pra lá de perigosa, três pessoas ficam presas em um submarino após serem atingidas por uma criatura gigantesca desconhecida, (o tal megalodonte), o que faz a equipe responsável ir buscar um mergulhador especializado em resgates que, por sua vez, diz já ter sido atacado em uma de suas missões pela mesma espécie desconhecida.

Embora esteja longe de ser um grande diretor, Jon Turteltalb sem sobra de dúvida assistiu às aulas de Spielberg com atenção e fez a lição de casa: por maior que seja o tubarão, durante o primeiro ato inteiro (e boa parte do segundo), mal dá pra vê-lo. Esse primeiro momento se dedica ao crescendo da trilha (clichê, porém eficaz) e aos efeitos sonoros, estabelecendo com sucesso o senso de ameaça e terror que vai pouco a pouco dando lugar à ação desloucada. E o visual, ainda que não extraordinário, convence perfeitamente tanto em relação às profundezas do mar quanto ao famigerado megalodonte.

Já era de se esperar, contudo, que os personagens fossem os estereótipos de sempre: Jason Statham continua carismático no papel do herói que caiu em desgraça e retorna para mais uma missão; a inexpressiva Li Bingbing deveria ser a inclinação romântica do protagonista, se eles tivessem alguma química; Robin Wilson, canastra, cumpre o papel do bilionário covarde que só quer tirar proveito de todo o caos, e Page Kennedy, conhecido por seu trabalho em televisão, é onde o filme concentra sua maior quantidade de piadas – ainda que estas, surpreendentemente, não funcionem. É claro que tem mais um monte de gente aqui que existe em função de preencher a boca do monstro.

É uma pena que, dado o orçamento de 150 milhões de dólares, Megatubarão não possa investir na carnificina; quanto mais o ato final se aproxima e a eminência de escatologia na tela cresce, ironicamente o filme fica mais tímido e perde uma ótima oportunidade (sádica, claro) de “devorar” banhistas. É frustrante perceber, aliás, que a maior quantidade de sangue que derramado na projeção é muito mais de animais do que de pessoas.

De qualquer forma, deixando os problemas e limitações de lado, Megatubarão é uma bobagem muito decente que funciona tanto na linha “horror-monster movie” quanto no campo da grande estreia de ação da semana. Claro que Jason Statham não é nenhum Tom Cruise, mas convenhamos que ele nada com quase o mesmo empenho e velocidade que o astro de Missão Impossível corre em cima dos prédios de Paris.

 

De Recife (PE), Jornalista, leonino típico, cinéfilo doutrinador.

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